16.2.05

CONGRESSO ALENTEJO
Intervenção de Francisco Pândega em Montemor o Novo
CD.4---3º painel---5ª Faixa--
Desde sempre fui agricultor no Alentejo , com um intervalo, de um quarto de século , no outro hemisfério .

1--- De uma certa vivência agrorural com outros povos , resulta uma visão espacial mais abrangente , permitem-me concluir , face ao imenso desafio da globalização , que a solução dos nossos problemas passa por uma rápida institucionalização da nossa região assim como da detenção dos poderes que lhe estão implícitos . Aliás o motivo principal deste congresso

1/a---- A globalização( OCM) é, principalmente , a livre circulação dos produtos agrícolas . De grande alcance socio-económico, acabará por reduzir a fome , preservar o meio ambiente e favorecer um intercambio universal dos produtos agrícolas O resultado acabará por se concluir numa maior interdependência entre os povos ,logo melhor entendimento e paz É uma inevitabilidade da época , que só peca pela demora, não merecendo a pena rebelarmo-nos contra ela
.Obrigará ,porem , a proceder a rearranjos agro -regionais muito grandes , para os quais temos de conseguir meios

1/b----A regionalização , e neste caso a delimitação e manutenção do actual Alentejo politico administrativo ( os 47 e sete concelhos ) , é a forma de nos integrarmos nesse mundo globalizado. Sendo o Alentejo uma região natural, com uma especificidade própria , irrepetível em parte alguma , tem as condições necessárias e suficientes para se constituir numa região perfeitamente viável globalizada
Para o efeito , temos que arranjar coragem para tomar de imediato duas altitudes aproveitando a pouca força anímica que ainda nos resta :-- um reordenamento fundiário ,que possibilite o repovoamento e a humanização do meio , assim como um rápido e bem estruturado plano de culturas e sistemas agrícolas afim de produzir alimentos baratos e de qualidade ,única forma de subsistir nessa concorrência

2--- Como autóctones , que somos ,de uma região,(ocupada desde 1835 , aquando da venda a estranhos ,das terras do Alentejo , em hastas públicas fraudulentas ) , temos o direito de nos indignarmos pelo facto de forças poderosas aqui instaladas , nos terem tirada a vez e a voz de intervir directamente no nosso espaço , e de nos terem feito perder , a muitos de nós , a noção da necessidade de aceder á terra
Esta situação é uma aberração que tem quer ser corrigida Tudo o que façamos nesse sentido , desde que de forma moderada , tem o aplauso de toda a gente .Aplauso sim mas não apoio factual . Coisa que não necessitamos nem desejamos Perdemos a razão se essa movimentação sair dos estritos parâmetros de um povo ocupado que luta pela restauração da sua identidade e dignidade perdidas Identidade essa que passa pela usufruição do seu espaço tradicional . FRANCISCO PÂNDEGA

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