9.12.07

AlentejoAgroRural

DESAFIOS DE HOJE

1--- Comemoram-se dois séculos da formalização de uma coligação franco/ espanhola que antecedeu a invasão e partilha , entre si, o nosso pais .Porque “não há duas sem três” é nosso dever inalienável manter em boa ordem a nossa economia ,bem estar e satisfação social , assim como cultivar o orgulho de ser alentejano Essa é a forma de afastar novas tentações
Em boa verdade a nova invasão já começou , e em grande escala , sobre o espaço territorial alentejano ,que mais não é do que nova tentativa , ao longo da história repetida , de unificar a península ibérica sob a égide de Madrid. Os nossos " hermanos” assim, como que acometidos por uma súbita amizade, para connosco , que contrasta com séculos e séculos de agressividade , optaram por uma nova estratégia que passa por acordos transfronteiriços, tratados de amizade e cooperação ,parcerias com as mais diversas finalidades , com os quais , fazendo uso da sua pujante economia e aproveitando-se da nossa ocasional debilidade e baixa estima , entendem ter chegado a hora de nova tentativa na linha das que, com uma periodicidade bissecular , tem experimentado .

2--- È que , confirmado por sondagens , percebe-se que estamos numa encruzilhada da nossa existência, como nação , em que tudo pode acontecer .Debilitados económica e moralmente estamos prontos a claudicar sem resistência ; incapazes de perceber que a nossa debilidade resulta das nossas enquistadas estruturas fundiárias ,que impedem o desenvolvimento agrícola do Alentejo ; e que a continuar assim não somos capazes de nos integramos na novas ordem global pronta a tragar os que vacilam na defesa dos seus valores .

a)--- Evidentemente que a Espanha não está interessada no nosso pais ,por inteiro e de uma só vez .Pelo simples facto de termos os vícios consumistas dos países desenvolvidos sem a respectiva produção o que ,como se diz em termos de pecuária ,é demasiado o perigo da desmama .Preferem antes progredir nos espaços rurais contíguos as suas regiões . Estão nesse caso , e em estado mais avançado , a Extremadura /Alentejo e o Galiza /Minho Com uma diferença substancial :-- Enquanto que sobre o Minho não nutrem aspirações territoriais , já que os minhotos são donos do seu Minho e tal não permitiriam , conquanto que no Alentejo ,pertença de sociedades cujos donos são dificilmente identificáveis ,não tem a oposição ,sempre temida e desmoralizadora, da comunidade rural residente, pelo simples facto desta não ter nada de seu a defender
Foram muitas gerações de imposição de servidão e de desmesurada punição por parte da oligarquia cleptotárquica que ,desde 1835, domina o Alentejo

b--.Daí o nosso empobrecimento moral e económico e a perda de valores ,referencias e identidade , ao ponto de vermos , sem um gesto de inconformidade , adquirir um quinto do Alentejo sem um mínimo de interferência da autoridades politicas locais .O nosso empobrecimento , absolutamente injustificado ,resulta do Alentejo , não obstante ser 55% dos solos agrícolas do pais , por razões de má gestão do espaço fundiário , não comparticipar , como devia e podia , para a superação dos diversos problemas nacionais :--- produzir alimentos e com isso equilibrar a balança de pagamentos ; proceder ao povoamento harmónico do território e com isso a afirmação de que o Alentejo tem donos . É devido a essa má gestão que há uma debandada dos meios rurais e é essa a razão do aspecto desolador e desumanizado da região .Desse facto resulta uma grande brecha por onde penetram e se instalam os extemporâneos colonizadores do século XXI.Atónitos , se bem que concordem com a substituição dos grandes proprietários que alienam uma boa porção de região , não entendem como isso pode acontecer ignorando a comunidade rural autóctone que é a que tem o querer e saber fazer nos campos alentejanos , para alem de ter a legitimidade da sua posse e o direito de intervir nas regras do seu uso . Que dirão os muitos técnicos agrícolas, pecuários ou florestais que anualmente saem dos centros de ensino sabendo que , por incapacidade de aceder á terra , espera-os o trabalho por conta de um estrangeiro . Ou os nossos emigrantes que , ao regressar ao Alentejo ,sabem estar condenados a ser imigrantes na sua própria terra ? Resposta difícil que alguém terá que dar .

c)--- Nós , pelas razões atrás aduzidas , constituímos um excepção em termos de displicência rural .Senão façamos comparações e retiramos as respectivas ilações .Por força de globalização , a nossa época é caracterizada pelo reajustamento das populações as suas regiões naturais afim de viverem de acordos com as respectivas especificidades Assim se entende a luta dos bascos, catalães , galegos na demanda de maior autonomia no seio de Espanha ; os países do mar Baltico (Estónia Letónia e Lituânia ) ansiosos por se desagregarem da Federação russa e não obstante serem pequenos países ,aderirem ,individualmente , á Europa comunitária a qual pertencem por direito próprio ; as dificuldades , em viverem juntos , na Bélgica , os valões e flamengos ;na Inglaterra e depois da saída da Irlanda agora a contestação do Pais de Gales ; nos Balcãs a luta dos bósnios ,macedónios ,croatas , montenegrinos e agora os Kosovares , para a se libertarem da federação jugoslava e da hegemonia servia . São assim os povos de todos o mundo .A ânsia de uma vivência ao nível regional com os seus concidadãos ,que partilham da mesma identidade e mesmos valores ,de forma individualizada .Podendo federar-se num grande espaço aonde haja ,num patamar mais elevado , algum grau de afinidade ( democracia, religião, respeito pelas diferenças ,) como é o caso da União Europeia , do Brasil e dos Estados Unidos da América , aonde possam cultivar a sua especificidade regional È a essa luz que , surpreendentemente , nós , ao arrepio de qualquer sensatez e ao invés dos outros povos , como se estivéssemos cansados de ser livres e desonrando os nossos antepassados e a certeza dos desprezo das gerações seguinte ,claudicamos sem honra e sem glória .

3---Todos os povos , tal como nós ,estão empenhados na captação de investimentos estrangeiros , fazendo -o , porem , em todos os domínios menos na ocupação do espaço rústico . Nessa área , nós somos um caso único de abertura ao contrario de todos outros que , se bem que digam ter as portas abertas ,a verdade é que defendem o espaço territorial para uso exclusivo dos seus concidadãos .É assim :--- No Brasil aonde há sempre um capanga a reclamar direito sobre determinada terra ; em Africa há pilhagens e sabotagens e insegurança que desmobilizam quaisquer tentativas coloniais ; nos países de leste a terra é cedida em pequenas quantidades e de forma muito precária ; até a democrática França ,em constantes programas de emparcelamento , a propriedade rústica tem preços baixíssimos , visando os financiamento , mas só podendo ser adquirida por vizinhos que justifiquem a sua necessidade para redimensionamentos È assim em toda a parte inclusivamente na democrática França .Não é assim entre nós
A questão fundiária alentejana constitui uma monumental brecha na nossa estrutura organizativa Não me parece que o direito comunitário de livre estabelecimento inclua a espoliação ás comunidades rurais do seu espaço vital .Isso contraria frontalmente o conceito comunitário que defende a Europa as Regiões cujos espaços rústicos são pertença das respectivas comunidades Daí ser impossível que o direito de livre estabelecimento se aplique ao solo rústicos alentejano com a facilidade ,quantidade e velocidade , com que a sus venda se pratica Assim , por clara incapacidade ,nas actuais circunstancias , de darmos ao nosso solo uma função mais patriótica , importa requerer uma clausula de suspensão na EU visando rearrumar o devastado mundo rural alentejano nem que para tal se nacionalize o solo ,repescando o tradicional aforamento ,que tão bons serviços prestou entre nós , para o conceder a privados que se proponham dar-lhe um uso consentânea com os superiores desígnios regionais . Mesmo que isso levante contestação dos se arroguem o direito absoluto sobre a terra ,não raro tendo no bolso um contrato promessa de venda a algum endinheirado estrangeiro, essa pretensa contestação não é mais do que o estertor da desmama ,que não concitará qualquer apoio .Francisco Pândega (agricultor ) ///e-mail-( fjnpandega@hotmail.com) /// blog ( alentejoagrorural.blogspot.com)