16.3.09

AlentejoAgroRural

A CRISE numa perspectiva agrária

1----Inimaginável até há bem pouco ,estamos confrontados com uma crise económico /financeira cujos efeitos ,contornos e duração ninguém sabe prever . Profunda , abrangente e preocupante , a qual , a prolongar-se por muito tempo ,pode vir a inquinar a paz social pela via mais gravosa :-- escassez de alimentos . Isto porque , não obstante termos o AlentejoAgroRural com colossais potencialidades agrícolas , capaz de ,só por si , alimentar o pais e anular o desemprego ,não o fazemos pura e simplesmente por “não saber por onde lhe pegar “ ou então , o que é pior , para não bulir com os poderosos interesses instalados que estão a tornar cada vez mais longínqua a possibilidade de reabilitação da agro-ruralidade regional e ,com isso , a superação da crise .
.Estou certo de que a presente crise ultrapassar-se-ia , mais facilmente e sem danos de maior , se o AlentejoAgroRural , com base na sua dimensão , vocação agrícola e com o que resta da sua comunidade rural residente , lhes fosse permitido porem-se ao serviço do desenvolvimento sócio/económico regional .Tal com estamos ,enredados nas malhas de direitos adquiridos , as mais das vezes de duvidosa legitimidade , resultam distorções agro-fundiários gritantes Daí a razão porque a nossa produção se quede nos 50%das nossa necessidades , o despovoamento seja algo angustiante e o desemprego , mais que uma preocupação ,uma ameaça latente .

2--- Inicialmente de âmbito financeiro , já está a afectar a economia e ,desta, a transitar para o sector social havendo já afloramentos contestatários e um aumento de casos de fome e incapacidade de aquisição dos bens essenciais .Está claramente naquele ponto em que ou se actua rapidamente e em força ou fica-se expectante e começa a fazer-se tarde O actuar significa trazer para a usufruição da economia os recursos latentes , de uma forma regionalizada e, na região, sector a sector
Compreende-se melhor dando exemplos :-- .A crise da industria têxtil do Vale do Ave , dos vinhedos do Douro ,ou dos empregados fabris de Lisboa ,sendo diferente do das searas , montados e rebanhos de gado do Alentejo ,terão que ter soluções diferentes .A solução bancária preconizada pelos EUA ou pela GB ,países com interesses comerciais em todo o mundo podem não ser a nossa prioridade ; a França ,ás voltas com a sua industria automóvel ou a Espanha a digerir os excessos na construção civil , têm problemas que não os nossos ou são-no em escala menor Contrastando como esses países , que tem os respectivos mundos rurais sólidos e funcionais , com excedentes de produção e suficientemente estáveis para suportar , sem titubear , os reboliços com origem nas grandes urbes , nós , nesse domínio , somos os que pode designar por uma lastima Daí ser por ai que se tem que começar .Só assim se podem despoletar as colossais potencialidades agro/alimentares que aqui jazem assim como a empregabilidade que pode multiplicar, por muitos , a existente
Produzindo somente de 50% das necessidades alimentares e endividados com certa gravidade , por este andar estamos sujeitos a faltarem-nos euros para comprar os viveres , que nos faltam , no mercado internacional . Sem bens como elementos de troca , podemos vir a ser convidados a abdicar de parte da nossa soberania regional ou então, na mão estendida , trazer , de volta , a fabula da “formiga e a cigarra”.

3---Estamos numa época caracterizada pela aglomeração das regiões , em grandes blocos de interesses , sendo a UE um deles Mas essa forma federativa de vida é-a somente em sectores mais altos da administração (finanças , negócios estrangeiros ,defesa ,entre outros ) .Jamais ao nível das comunidades rurais e do uso do respectivos espaço rústicos Esta é uma questão em que ninguém toca já que se pressupõe que ela o produtos de uma organização consolidada em liberdade .Não é porem , esse ,o nossos caso já que a questão fundiária vigente é a resultante de uma ocupação com cerca de dois séculos e só se mantém porque estamos politicamente dependentes de um norte mais populoso e de uma continuada anulação da comunidade rural autóctone Assim se compreende a transferência de largas porções de espaço , para uma diáspora de interesses estrangeiros , sem que suscite a menor contestação
.As crises tambem servem para corrigir os constrangimentos que lhes deram origem Daí ser fundamental que o nosso espaço rústico seja liberto de suseranias e desimpedindo de empecilhos afim de que , com as gentes residentes , possamos processar as suas multifuncionalidades que o mesmo será dizer a persecução dos superiores desígnios regionais .É com base nele ( o nosso mundo rural )que iremos arribar .Sem ele estamos condenados a ser párias ,na nossa própria terra, até á nossa extinção .Quanto a mim , que já passei por ser apátrida em território estrangeiro ,não aceito voltar a sê-lo na terra que me viu nascer Em liberdade, ou melhor , liberto de factores condicionantes que limitam a acção das comunidade rurais ,sem os interventores parasitários do costume , apossa-se das gentes rurais um frenesim laboral (podem crer que sei do que falo por experiencia própria ) que leva a vencer obstáculos antes inimagináveis Para o Alentejo ,o despoletar de tal atitude , é um problema de estado já que tem sido este , ao longo de sucessivas gerações ,o responsável por esta perigosíssima abulia agro-rural em que nos encontramos .Para esse tipo de luta nós já estamos exaustos Convêm , a muita gente ,a manutenção deste estado de alma . Não convêm , de forma alguma , aos superiores interesse regionais
Francisco Pândega (agricultor ) ///fjnpandega@hotmail.com /// alentejoagrorural.blogspot.com