3.6.09

Alentejo agro-rural

E os Eurodeputados

Um federalismo prudente
1----De facto, o interesse pelas eleições europeias é menor do que o pelas legislativas ou autárquicas nacionais .Uma das razões deriva do facto dos deputados nacionais a eleger serem dispersados pelas formações partidárias afins, ultra nacionais, ficando, na prática ,desvinculados da nação de origem. Outro factor é o gigantismo e complexidade das estruturas organizativas da comunidade em relação ás quais os eleitores sentem que não têm a menor influencia. Tem-se a impressão de que se trata de uma governação longínqua, tantas vezes desfasada das realidades locais e excessivamente influenciada pelos países ditos grandes Daí que a apressada transição para o federalismo, se bem que defensável em muitos aspectos ,pode não constituir a melhor solução para as regiões rurais Precisa-se , para o efeito , de uma entidade nos moldes do desactivado comité das regiões ,no qual os representantes directos dos povos exercessem a sua influencia
Foi certamente a pensar nisso que os pais fundadores da comunidade tenham optado pela Europa dos povos ou das regiões, uma e a mesmo coisa dada a coincidência da sua sobreposição espacial E tinham razão , na medida em que acautelavam a defesa dos valores regionais tradicionais evitando uma aculturação geral “do tipo rasoira “ que tantos conquistadores têm empreendida e tantas sofrimentos e desgraças tem causado Pretende-se , isso sim , uma Europa unida e coesa na diversidade dos seus valores regionais


A especificidade alentejana
2--- Sendo assim importa caracterizar a região Alentejo numa perpectiva de integração comunitária
Ocupado por uma burguesia de Lisboa, enriquecida no rescaldo das invasões francesas ,desde 1835 ,comprara , em hastas publicas fraudulentas , grande parte do Alentejo que há pouco havia sido confiscado ás ordens religiosas
Indecorosos ,senhores de todos os poderes , espremeram até ao tutano ,pela via fundiária , a indefesa comunidade rural .Esta , descaracterizando-se e perdendo a identidade, tornou-se absolutamente incapaz de se reorganizar ou sequer de esboçar o menor gesto de inconformidade
Hoje apostados na transmissão da propriedade para os espanhóis privam-nos , agora sim e definitivamente , de aceder á sua usufruição Triste paga para quem durante dois séculos lhes permitiu a exploração mais infame quer do meio quer das gentes
. Que vão e depressa, libertando-nos da sua indesejável presença Assim nós tivéssemos a possibilidade de reverter esses transferência em beneficio da comunidade rural residente , como é da mais elementar justiça, como são os interesses regionais /nacionais , e como , de facto , se processa entre os nossos parceiros comunitários .


Boa sorte para o nosso Alentejo
3---Nessa circunstâncias compreende-se o fraco proveito agrícola da nossa integração na comunidade europeia Esta estranha especificidade , fruto de vicissitudes e históricas, porque inusitada entre os nossos pares , terá que ter uma tratamento diferenciado Trata-se de uma injustificada pobreza , resultante , não do meios em si mesmo mas sim dos constrangimentos fundiários vigentes , arruína-nos Quem duvidar repare nas imensas verbas destinadas á agricultura , em simultâneo com a sobrevalorização da cortiça que carrearam para o Alentejo fundos colossais cujos cujo destino não se atina bem qual .O resultado , é a crescente perda de produção e produtividade ; um estranho e perigosíssimo despovoamento , um abandono como se uma peste por aqui tivesses grassado ; uma galopante perda de qualidade das suas gentes ; um sentimento de desenraizamento .
Estará tudo perdido ? Não .
Noutras situações ,igualmente difíceis , o Partido Socialista ,tal bombeiro de serviço nas horas difíceis ,tem-nas empreendido com coragem e lucidez Recordo o pós 25 de Abril e a invulgar prestação de Mario Soares que ,por meio da lei 77/77 , instalou ordem e disciplina no mundo rural alentejano e com isso abriu caminho a Sá Carneiro para encetar uma notável obra de repovoamento agrário
Também agora , numa altura em que se elegem os representantes para o parlamento ,estão indigitados dois alentejanos que fazem parte do grupo dos melhores de entre nós
Europeístas convictos defenderão os interesses regionais nem que para tal tenham que desenterrar o Comité das Regiões Como cidadão alentejano , que faz parte integrante desde mundo “cão agro-regional “ sei que os interesses da nossa região vão ser bem defendidos
Sinto-me reconfortado se de alguma forma tenha contribuído para a necessária clarividência na opção de voto dos meus concidadãos . E ,por fim , boa sorte para o nosso Alentejo
Francisco Pândega (agricultor) /// fjnpandega@hotmail.com //// alentejoagrorural.blogspot.com