22.11.09

AlentejoAgroRural

AGORA VAI

1---“Numa casa onde falta o pão todos ralham e ninguém tem razão” .Em certa medida é o nosso caso . Ha pão .Os mercados estão a abarrotar de alimentos ,a maioria importados ,mas falta dinheiro para compra-los .Outros povos , noutras regiões , mais prudentes , mantêm activa a sua agricultura , (sabe-se lá com que sofisticados e secretos apoios ) fornecendo-nos ,a crédito ,as suas sobras O que é duplamente nefasto ;--desmantelamos a nossa agricultura que o mesmo será deitar borda fora o cerne da regionalidade Enquanto nos endividamos o que não é menos grave .
A solução não se limita ao fomento das exportações oriundas da industria , como defendem os nossos economistas , ao que parece esquecendo-se da feroz concorrência das economias emergente .Esse é um percurso ,certamente possível ,mas lento , difícil , incerto e limitado .A outra forma é a produção de alimentos visando anular os 70% das importações e ,com isso , uma considerável sangria de divisas

2--- Sendo assim importa implementar uma estratégia de desenvolvimento rural , ao nível regional , para a qual o Alentejo tem especial qualificação .Visando ,para alem da anulação das importações dos produtos agrícolas , a exportação daquilo em que somos concorrenciais (cortiça, polpa de tomate ,hortofrutícolas num período limitado do ano e essa especialidade que é a carne de porco autóctone .) o que é perfeitamente possível já que são produtos genuinamente naturais ,obtidos de forma convencional, por meio de uma saber fazer muito nosso .
Dir-se-á , perante a insignificância da produção actual , que nós não somos capazes .Nada mais falso :--- em 1932 produzimos um milhão de toneladas de trigo , sem maquinas e alguns adubos muito primários ; das oliveiras velhas de hoje ,já produzímos anualmente cerca de sessenta toneladas de azeite .Nós somos capazes assim se corrijam os constrangimentos que levam a que na agricultura , porque bloqueada não hajam perspectivas de trabalhar por conta própria a que leva as gentes rurais ,quiçá ,os mais afoitos de entre nós , a debandar Por outras palavras, a processar-se uma selecção pela negativa
Produzir a auto-suficiência alimentar esta perfeitamente ao nosso alcance Em simultâneo e por arrastamento , construir-se-á ,humanizando-o , o tecido rural tornando-o atractivo e seguro Só assim poderemos as aspirar a dotar a região de atractividade turística , nos diversos propósitos , entre os quais o gastronómico ,no qual somos exímios ,constituindo-se , também e por essa via , numa forma de exportar produtos agrícolas

3----Para tal são precisas medidas de fundo , mesmo que vão contra os que , porque convenientemente acomodados, defendem que “como está é que está bem” De facto é bom, assim ,para uns tantos , Mas como “não ha mal que sempre dure nem bem que ature” está a acabar Os interesses estabelecidos que ,devido á sua natureza obstrutiva , impeçam o desenvolvimento regional , terão inexoravelmente que ser removidos .Quanto mais tarde pior . Já lá vão os tempos em que os desígnios do Alentejo foram entregues aos grandes proprietários rurais cujos efeitos ,porque demasiadamente maus , demoram a sarar . A sua substituição pelo fenómeno espanhol também se pagará a seu tempo Temos que ser nós ,todos , os que têm , por esta martirizada região , algum sentimento de afectividade , a tomar a iniciativa Todos , seja qual for o seu local de origem , o importante é uma certa forma de ser ,sentir e estar no Alentejo .Sá Carneiro , pela sua intervenção no tecido fundiária ,da nossa região , alcandorou-se para o patamar mais alto dos nossos valores .Contudo era do Porto . Deixou , de tal ordem , a sua marca ,que a recente lei do arrendamento rural parece tê-lo tido em conta , não obstante o tempo que já passou .

4---Agora vai ! Clamamos nós , num grito uníssono de incitamento ,aquando dos trabalhos agrícolas de grupo, sempre é preciso juntar forças “ à uma” fazendo-o como se fossem um só .Também agora alguma coisa me diz que algo vai mudar ,no nosso mundo rural ,já que um alentejano , oriundo do que se designa por Alentejo Profundo (o centro /sul da nossa região ), um jovem de origem rústica , absolutamente seguro dos valores que constituem a nossa autenticidade regional , ,integra o actual governo como ministro da agricultura e desenvolvimento rural Boa sorte para o professor António Serrano .
Francisco Pândega(agricultor )//// fjnpandega@hotmail.com./////alentejoagrorural,blogspot.com

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