AlentejoAgroRural
Bom Ano Novo
É costume, quando finda um ano e se inicia outro, fazer-se uma análise retrospectiva das questões mais importantes e, numa óptica prospectiva, aventarem-se soluções. Nessa conformidade elegi o emprego / segurança económica, mais concretamente o emprego por conta própria, como o tema de fundo mais importante nas actuais circunstâncias. Fala-vos quem foi, durante catorze anos, funcionário publico . Mas que o chamamento à liberdade falou mais alto sem que, com isso, deixasse de continuar a prestar serviço à colectividade E hoje tenho legitimidade para afirmar que “há mais vida para alem do emprego” por mais direitos que nele se adquiram.
FLEXI-EMPREGO/SEGURANÇA são dois termos que estão a fazer a entrada no nosso léxico linguístico. Mas o facto de se fazerem anteceder do prefixo flexi altera-lhe completamente o sentido. Este novo conceito indicia que a manutenção de um emprego, por conta de outrem, só se manterá enquanto interessar a ambas as partes. Cessando logo que tal deixe de se verificar. Disto resultará aumento de produtividade e eficiência; rotatividade e refrescamento laboral; perda do receio de abrir postos de trabalho; ganhar coragem para se lançar, como alternativa, na constituição do seu próprio posto de trabalho; e de, por fim, deixar de haver lugar para os que “ nada mais prejudica quem trabalha do que a presença dos que nada fazem “ já que estes serão automaticamente excluídos.
As mudanças de emprego tornar-se-ão uma constante da vida com a vantagem de dilatar os horizontes do conhecimento, da auto-formação e satisfação profissional, enfim, de dar a nós mesmos a oportunidade de fazermos, nós próprios, as nossas escolhas e não o sermos uma espécie de marionetas accionadas por cordelinhos desconhecidos.
A poupança e aforro serão um desígnio da vida, não só para fazer face aos achaques, que vão surgindo, como para aproveitar a oportunidade de dar inicio ao próprio emprego; nós próprios deliberaremos qual o tipo de segurança económica que nos convêm; aumentará a apetência pela constituição da família, e esta mais numerosa, afim de, não só pagar a divida contraída para com os progenitores, como assegurar uma velhice apoiada, digna, no local afectivo, e uma morte na certeza de ter merecido a pena viver.
UMA MUDANÇA DE ATITUDE. Dir-se-á que é muito mais cómodo haver uma entidade empregadora que pague, ao fim do mês, o salário, seja qual for o desempenho; e, ao fim de alguns anos, ainda em boa forma física, obter-se a reforma e ir-se trabalhar para outro lado. É bom enquanto houver quem pague, e isso esta a chegar ao fim. E esse fim já se começa a fazer-se sentir com a exaustão dos contribuintes em suportar tais encargos mais a mais obtendo, em troca, uma compensação muito aquém da possível. O nosso modelo laboral chegou ao fim tendo batido no fundo, em termos de descrédito agora que as classes mais privilegiadas se tornaram as mais contestatárias.
A globalização traz-nos diariamente produtos, pela porta dentro, das mais estranhas origens com as mais desencontradas regras laborais, que são comercializadas por alguém que, (salvo o exagero) espreita 24 horas por dia, detrás de uma porta a oportunidade de comerciar. O efeito sobre os produtos resultantes das empresas de mão-de-obra intensiva são demolidores. A deslocalização, paragem ou falência , em tais condições ,são uma inevitabilidade.
Os país não aguenta mais manter uma boa parte dos seus filhos, certamente os melhores de entre nós, a apodrecer em empregos que nem sempre se justificam ou onde a produtividade é muito baixa. Assim retirados da vida útil, triturados por uma gigantesca maquina viciada , deixam de ter a possibilidade de mostrarem o que valem deixando de ser úteis a si e aos outros.
É nessa perspectiva que elegi, como prioridade nacional /regional, o auto-emprego e a auto-segurança económica.
O ARADO/TERRA simbolizam os instrumentos de recuperação. O nosso país, devido à sua improdutividade, vive sob grande ameaça. Agora clara e efectiva aonde mais dói: -- o nosso espaço rural ancestral. Reformar ,impõe-se-nos , começando precisamente por ai que é o que está mais claramente ao nosso alcance dado haver espaço excelente para o exercício da actividade agrícola e , consequentemente , para uma multiplicidade de actividades a ela destinadas ou dela derivadas .
Dizia um imperador austríaco que as guerras, nas quais se incluíam as económicas, se ganham com soldados que tenham algo a defender. Nós dizemos “ se queres um bom soldado vai busca-lo ao arado”. Afinal tudo isto se resume em ter as raízes na terra. Homens do arado, na verdadeira acepção da palavra, praticamente não existem . Porque incómodos e potencialmente perigosos, foram eliminados, para sossego dos sequestradores do solo alentejano, neste ultimo meio século de desvario pseudo-empresarial agrícola. Os poucos que restam, vencidos, desorganizados e acabrunhados, dificilmente se disponibilizam a participar numa altitude defensiva. A justificação, para tal recusa, deriva do facto do espaço rural envolvente das aldeias, se bem que seja aí que guardam a memória comum, ser pertença de não se saber quem, de onde são permanentemente enxotados como se fossem leprosos. È a tal história do arado a funcionar ao contrário E rematam: - quaisquer outros que venham não podem ser tão predadores como estes.
Resta a numerosa classe de empregados por conta de outrem, (no estado, autarquias, empresas publicas e outras), a quem se pede que cooperem. Não só a bem do país, ou da comunidade rural alentejana, mas em sua própria defesa já que, por este andar, a sua vez , de serem questionados os seus direitos adquiridos , inexoravelmente acabará por chegar. E quem pense que, pelo facto dos novos colonos estarem só entretidos na agricultura , sem considerarem o resto, andam mal avisados Estamos a falar de agricultura, a fonte do dinheiro alentejano, com o qual se pagam os direitos e os serviços que as pessoas prestam. E esse deixa de estar em nosso poder. Irá ser controlado a partir de outra torneira .
Espero que as coisas não cheguem até aí e que, daqui a um ano, ao voltarmos a esta tribuna, já as actuais nuvens, tenebrosas e carregadas que ensombram o nosso horizonte, se tenham dissipado. Bom ano novo meus estimados leitores. Francisco Pândega (agricultor) ///e-mail – – fjnpandega@hotmail.com ///bloco – AlentejoAgroRural.blogspot. com
28.12.06
10.12.06
AlentejoAgroRural
E O ADN REGIONAL
HÁ DUAS FORMAS AGRICULTAR :-- uma intensiva geralmente com o recurso ao uso de factores de produção tecnológicos exógenos ; e outra extensiva ou tradicional por meio de animais e plantas rústico/regionais que se desenvolvem lentamente e um pouco ao sabor da natureza
-- Com a primeira, visa-se forçar a natureza a produzir determinadas plantas ou animais mesmo que contra o calendário natural, usando para tal modificações genéticas, fertilizantes, pesticidas e medicamentos, alimentos, com os quais se conseguem maiores produções, mas mais caras, descaracterizadas e de pior qualidade. Os resultados são, por vezes, difíceis de prever e de controlar Foi devido a isso que surgiu a BSE nos de bovinos, dado que foi incorporado, nas rações , carne de outros bovinos; horto-frutícolas que são pulverizadas por insecticidas sistémicos, muito venenosos, sem que tivesse sido guardado o necessário intervalo de segurança ou seja , sem que, antes, a planta os tivesse enviado para o solo ; carne de porco e frango que tresandam a antibióticos do que resulta que, quando os consumidores têm uma infecção e necessitam de ser tratadas por estes fármacos, eles não actuem Só os grandes avanços científicos da medicina têm impedido as calamidades. Mas que, hoje, há grandes perigos, pela via alimentar, lá isso há.
-- Com o outro ,ou seja a agricultura tradicional ou extensiva, agora também chamada biológica, recorre-se, em vez das modificações genéticas, cruzamento ou hibridações, ao apuramento genético das raças de animais e espécies de plantas, por meio de selecções aonde se potenciam os factores favoráveis sem a consequente descaracterização da planta ou animal ; os fertilizantes, em vez de produtos químicos, são substituídos por uma boa gestão dos pousios e rotação de culturas; a necessidade de pesticidas fica reduzida com o cultivo da coisa certa, no local acertado, na devida época e dispenso-lhe os necessários granjeios .
Se bem que haja uma menor produção e um desenvolvimento mais lento, eles são compensados por menores custos e aumento de qualidade, devido à rusticidade que lhes é conferida pela liberdade, nos amimais , ou pela adequação ao meio e época, nas plantas.
O ADN ALENTEJANO, se fosse possível estabelecer um código genético regional, defini-lo-ia assim: -- Uma região natural imensa e riquíssima, com características inigualáveis. Pena é que, por razão históricas, não tenhamos ainda superado os constrangimentos, aqui presentes, de forma que essa dimensão e essa riqueza potencial, não se tivessem traduzido em acolhimento de mais população, nem em maior bem-estar social. Abordo-o, muito sucintamente, nas características que me parecem ser as mais relevantes, visando justificar a viabilidade da agricultura tradicional/biológica, assim com a definição da dimensão da propriedade agrícola à escala do homem.
--- È de facto uma imensa planície, totalmente arável, em que o fundo de fertilidade regride com o cultivo intensivo e exagerado e se regenera se deixado algum tempo de pousio. Mas tem um limite. Se estiver demasiado tempo sem que os solos sejam mobilizados inicia-se um processo de reversão em resultado da compactação, alterações físico -químicas e perda de matéria orgânica que é arrastada, pela erosão, sem que, por meio das mobilizações, se aumente a camada arável. Entra no estádio que se designa de inculto produtivo. Desaparece a vegetação herbácea e, a seguir, a arbustiva e a arbórea começam a rarear, enfraquecidas , devido à presença de parasitas vegetais sendo o mais comum os musgos. O conhecer este comportamento é indispensável já que é a partir dele que se organize o mapa de culturas e respectivo calendário.
-– Outro factor com implicações na estratégia agrícola reside nas suas características pedológicas. È formado por um complexo de cinco tipos ou classes de solos que se distribuem em parcelas de dimensão e configuração muito variada, de forma que uma exploração de media dimensão pode conter dois três ou mais tipos de solo. Esta circunstancia condiciona a estratégia agrícola, inviabiliza a monocultura extensiva ,aconselhando uma exploração da terra ao nível da parcela a qual, por sua vez, implica que o agricultor seja participativo, assíduo e conhecedor do meio aonde exerce a actividade.
A “ HORA DA VERDADE”, esse conceito que se aplica quando escasseiam as hipóteses de tergiversar, também já chegou, finalmente, a agricultura alentejana. As definições atrás explanadas , que para a região funcionam como o ADN nos restantes corpos, são únicas exclusivas, da região Alentejo, e sem semelhança em mais parte alguma . Implicam que as soluções agrícolas sejam exclusivamente nossas certos que as provindas de outras regiões não têm aqui aplicação pratica
Estes conceitos determinam soluções enquadráveis no que se designa por marcas regionais Servindo os subsídios para agilizar o seu desenvolvimento mas jamais gerar habituação e dependência .
Um novo, e provavelmente o ultimo, QREN (ex-quadro comunitário de apoio), está em discussão. Sendo importante que não se repitam os erros dos anteriores. Não se podem subsidiar culturas ou animais exóticos; nem promover sistemas estranhos; nem tratar o montado com uma vulgar floresta; nem apoiar coisa alguma se desenquadre deste código genético regional.
É que os custos da inadequação ao meio são enormes, os efeitos fungíveis e o tempo perdido irrecuperável.
Francisco Pândega (agricultor) /// fjnpandega@hotmail.com./// alentejoagrorural.blogspot.com.
E O ADN REGIONAL
HÁ DUAS FORMAS AGRICULTAR :-- uma intensiva geralmente com o recurso ao uso de factores de produção tecnológicos exógenos ; e outra extensiva ou tradicional por meio de animais e plantas rústico/regionais que se desenvolvem lentamente e um pouco ao sabor da natureza
-- Com a primeira, visa-se forçar a natureza a produzir determinadas plantas ou animais mesmo que contra o calendário natural, usando para tal modificações genéticas, fertilizantes, pesticidas e medicamentos, alimentos, com os quais se conseguem maiores produções, mas mais caras, descaracterizadas e de pior qualidade. Os resultados são, por vezes, difíceis de prever e de controlar Foi devido a isso que surgiu a BSE nos de bovinos, dado que foi incorporado, nas rações , carne de outros bovinos; horto-frutícolas que são pulverizadas por insecticidas sistémicos, muito venenosos, sem que tivesse sido guardado o necessário intervalo de segurança ou seja , sem que, antes, a planta os tivesse enviado para o solo ; carne de porco e frango que tresandam a antibióticos do que resulta que, quando os consumidores têm uma infecção e necessitam de ser tratadas por estes fármacos, eles não actuem Só os grandes avanços científicos da medicina têm impedido as calamidades. Mas que, hoje, há grandes perigos, pela via alimentar, lá isso há.
-- Com o outro ,ou seja a agricultura tradicional ou extensiva, agora também chamada biológica, recorre-se, em vez das modificações genéticas, cruzamento ou hibridações, ao apuramento genético das raças de animais e espécies de plantas, por meio de selecções aonde se potenciam os factores favoráveis sem a consequente descaracterização da planta ou animal ; os fertilizantes, em vez de produtos químicos, são substituídos por uma boa gestão dos pousios e rotação de culturas; a necessidade de pesticidas fica reduzida com o cultivo da coisa certa, no local acertado, na devida época e dispenso-lhe os necessários granjeios .
Se bem que haja uma menor produção e um desenvolvimento mais lento, eles são compensados por menores custos e aumento de qualidade, devido à rusticidade que lhes é conferida pela liberdade, nos amimais , ou pela adequação ao meio e época, nas plantas.
O ADN ALENTEJANO, se fosse possível estabelecer um código genético regional, defini-lo-ia assim: -- Uma região natural imensa e riquíssima, com características inigualáveis. Pena é que, por razão históricas, não tenhamos ainda superado os constrangimentos, aqui presentes, de forma que essa dimensão e essa riqueza potencial, não se tivessem traduzido em acolhimento de mais população, nem em maior bem-estar social. Abordo-o, muito sucintamente, nas características que me parecem ser as mais relevantes, visando justificar a viabilidade da agricultura tradicional/biológica, assim com a definição da dimensão da propriedade agrícola à escala do homem.
--- È de facto uma imensa planície, totalmente arável, em que o fundo de fertilidade regride com o cultivo intensivo e exagerado e se regenera se deixado algum tempo de pousio. Mas tem um limite. Se estiver demasiado tempo sem que os solos sejam mobilizados inicia-se um processo de reversão em resultado da compactação, alterações físico -químicas e perda de matéria orgânica que é arrastada, pela erosão, sem que, por meio das mobilizações, se aumente a camada arável. Entra no estádio que se designa de inculto produtivo. Desaparece a vegetação herbácea e, a seguir, a arbustiva e a arbórea começam a rarear, enfraquecidas , devido à presença de parasitas vegetais sendo o mais comum os musgos. O conhecer este comportamento é indispensável já que é a partir dele que se organize o mapa de culturas e respectivo calendário.
-– Outro factor com implicações na estratégia agrícola reside nas suas características pedológicas. È formado por um complexo de cinco tipos ou classes de solos que se distribuem em parcelas de dimensão e configuração muito variada, de forma que uma exploração de media dimensão pode conter dois três ou mais tipos de solo. Esta circunstancia condiciona a estratégia agrícola, inviabiliza a monocultura extensiva ,aconselhando uma exploração da terra ao nível da parcela a qual, por sua vez, implica que o agricultor seja participativo, assíduo e conhecedor do meio aonde exerce a actividade.
A “ HORA DA VERDADE”, esse conceito que se aplica quando escasseiam as hipóteses de tergiversar, também já chegou, finalmente, a agricultura alentejana. As definições atrás explanadas , que para a região funcionam como o ADN nos restantes corpos, são únicas exclusivas, da região Alentejo, e sem semelhança em mais parte alguma . Implicam que as soluções agrícolas sejam exclusivamente nossas certos que as provindas de outras regiões não têm aqui aplicação pratica
Estes conceitos determinam soluções enquadráveis no que se designa por marcas regionais Servindo os subsídios para agilizar o seu desenvolvimento mas jamais gerar habituação e dependência .
Um novo, e provavelmente o ultimo, QREN (ex-quadro comunitário de apoio), está em discussão. Sendo importante que não se repitam os erros dos anteriores. Não se podem subsidiar culturas ou animais exóticos; nem promover sistemas estranhos; nem tratar o montado com uma vulgar floresta; nem apoiar coisa alguma se desenquadre deste código genético regional.
É que os custos da inadequação ao meio são enormes, os efeitos fungíveis e o tempo perdido irrecuperável.
Francisco Pândega (agricultor) /// fjnpandega@hotmail.com./// alentejoagrorural.blogspot.com.
2.12.06
AlentejoAgroRural
NÓS SOMOS CAPAZES
SERÁ QUE NÓS , por incapacidade de prover a nossa alimentação ,se bem que com condições excelentes para o efeito ,estamos condenados a importar 80% dos alimentos que consumimos muitos dos quais , para nossa vergonha , provenientes da , aqui ao lado , homóloga Extremadura ? Parece que sim .Mas não se culpabilize nem o meio nem o homem rural alentejanos , antes sim forças exógenas que sequestram o normal uso da terra Não havendo razões derivadas do meio nem do homem, só pode ser resultante de politicas erradas ou falta de aplicação de instrumentos correctores Um ,entre os diversos ,exemplo ilustrativo :--.Durante a ultima grande guerra , logo após a guerra civil espanhola , Franco decidiu fazer uma grande regadio na Extremadura .Sendo o Guadiana um rio internacional , convidou Salazar, e este aceitou ,para o discutir a ideia .Salazar ,entusiasmado reuniu em Beja ,com os donos da terra mas, ao contrario do que seria suposto ,foi obrigado a recuar . O mesmo em Espanha , á cabeça do qual encontrava-se um poderoso dignitário da nobreza Franco chamou –o e , (conta-se ) , peremptório ,intimou-o :--.Ou cedes a terra ou eu confisco-ta ; depois insurges-te contra mim e eu prendo-te ; e depois se verá ( ainda estavam frescas , na memoria do espanhóis , a pratica de fuzilamentos) . A persuasão ,com tais argumentos, resultou numa total cooperação .Em tão boa hora se estabeleceu o regadio que deu origem a que esta região , se especializasse na hortofruticultura motor de arranque para as restantes actividades económicas . Estamos a falar no pós-grande guerra, numa Europa faminta , quando ainda a globalização era uma miragem .
ENQUANTO ISSO DELAPIDAMOS o precioso capital humano então residente no mundo rural alentejano .Regredíamos miseravelmente para produções agrícolas perfeitamente desprezíveis ; a população passou de um para meio milhão de habitantes e mesmo essa concentrou-se as cidades da região , já que nos campos se tornou impossível conciliar o orgulho e identidade desta gente , com a indignidade da uma submissão ao poder fundiário .Desenraizados e ressabiados sabendo-se vitimas de uma tremenda injustiça ,presas fáceis de aliciamentos que nada tem que ver com uma postura responsável , alinharam nas reivindicações extremistas
.E hei-los activos e muito atrevidos ,de braço no ar, incorporando as contestações do professores esquecendo-se que uma sociedade debilitada lhes paga para ensinarem e não para se recusarem a serem avaliados ; dos militares que sem perceberem que são gente igual aos mais , não querem perder regalias nem o estatuto social , esquecendo que também eles têm a sua cota parte de responsabilidade na crise que o actual governo quer conter ; nas dos funcionários ( não todos felizmente )aterrorizados com a hipótese de virem para o pais real , injusto , bloqueado e cheio de armadilhas , que alguns deles , em lugares chave , cooperam para que fosse o que é .
Erramos assistindo passivamente a este drama social que marcou indelevelmente as gentes rurais daquela época .E hoje ,neste vazio humano , aonde se pratica uma agricultura , sem alma e sem produção , coexistem lado a lado , a pobreza económica e de espírito , a par com uma imensa feira de vaidades e exibicionismo bem expresso em milhões a troco de terra ; no alardear empreendedorismo agrícola bacoco , em empresarialização fundiária que nada tem que ver com agricultura mas antes sim com estatuto de posse , diversão e recreio , e especulação fundiária .Conseguem, porem ,,com tais baboseiras , inebriar os crédulos sem perceber que vem na linha das soluções salvadoras ,que redundaram noutros tantos desastres, a que nos habituaram. Com uma agravante :-- agora incluso o apossamento do nosso chão sagrado o que não deixa de construir algum perigo e muitas interrogações .E então nós ,comunidade rural autóctone não somos nada nem ninguém ‘?
E porque não vão para Africa ou para o resto da Europa e porquê esta fixação com o Alentejo ? Porque em Africa o mínimo que lhes pode acontecer são as sabotagens que inviabilizam a exploração, ; na restante Europa não porque pura e simplesmente esses povos sabem que liberdade e espaço nacional são uma e a mesma coisa e tem pago bem caro para manter .,portanto tudo bem, em todo o lado, menos por ai ; entre nós porque se aperceberam que os órgãos do governo têm pouca margem de manobra para a preservação do espaço nacional é a população que compete a defesa .Mas sendo 80% do território pertença de quem nunca se sabe de que lado está,(e a historia tem-nos demonstrado ), e a restante população ,que pouco ou nada tem a defender para alem dos direitos sobre o erário publico ou sobre a segurança social , não entende o que está em causa .Ao estado , que nos destruiu como entidade interventora , compete restabelecer a dignidade que nos foi retirada.
EVIDENTEMENTE QUE DADO a situação de absoluta desordem e injustiça fundiária , têm que ser tomadas medidas de contenção ,por uma entidade reguladora formada pelas gentes residentes e que tenham alguma sensibilidade para problema .E dar um claro aviso :---“O uso da terra ( já passou a época de se falar de posse ) tem que se processar de acordo com os superiores desígnios regionais .Aqueles que não sentirem em condições de neles se enquadrarem vão ter que mudar de vida já que vão ser objecto de medidas fiscais . Isto porque ,já que a sua detenção ,sem o devido uso ,pressupõe que ela representa um luxo ou um factor especulativo ,como tal tem que ser taxado “ .Nestas condições acontece o indispensável desbloqueamento da terra e, com isso , a oportunidade dos aldeãos transmitirem o seu legado/saber , a jovens licenciados ainda imberbes , que anualmente deixam as universidades .É que ,face a tantos falhanços agro-rurais, ficamos com a certeza de a solução passa por nós ,Nós somos capazes pelo simples facto de termos o quer e saber de experiência vivida . Se duvidam ponham-nos à prova .
Francisco Pândega (agricultor ) /// fjnpandega@hotmail.com /// alentejoagrorural .blogspot.com ///
NÓS SOMOS CAPAZES
SERÁ QUE NÓS , por incapacidade de prover a nossa alimentação ,se bem que com condições excelentes para o efeito ,estamos condenados a importar 80% dos alimentos que consumimos muitos dos quais , para nossa vergonha , provenientes da , aqui ao lado , homóloga Extremadura ? Parece que sim .Mas não se culpabilize nem o meio nem o homem rural alentejanos , antes sim forças exógenas que sequestram o normal uso da terra Não havendo razões derivadas do meio nem do homem, só pode ser resultante de politicas erradas ou falta de aplicação de instrumentos correctores Um ,entre os diversos ,exemplo ilustrativo :--.Durante a ultima grande guerra , logo após a guerra civil espanhola , Franco decidiu fazer uma grande regadio na Extremadura .Sendo o Guadiana um rio internacional , convidou Salazar, e este aceitou ,para o discutir a ideia .Salazar ,entusiasmado reuniu em Beja ,com os donos da terra mas, ao contrario do que seria suposto ,foi obrigado a recuar . O mesmo em Espanha , á cabeça do qual encontrava-se um poderoso dignitário da nobreza Franco chamou –o e , (conta-se ) , peremptório ,intimou-o :--.Ou cedes a terra ou eu confisco-ta ; depois insurges-te contra mim e eu prendo-te ; e depois se verá ( ainda estavam frescas , na memoria do espanhóis , a pratica de fuzilamentos) . A persuasão ,com tais argumentos, resultou numa total cooperação .Em tão boa hora se estabeleceu o regadio que deu origem a que esta região , se especializasse na hortofruticultura motor de arranque para as restantes actividades económicas . Estamos a falar no pós-grande guerra, numa Europa faminta , quando ainda a globalização era uma miragem .
ENQUANTO ISSO DELAPIDAMOS o precioso capital humano então residente no mundo rural alentejano .Regredíamos miseravelmente para produções agrícolas perfeitamente desprezíveis ; a população passou de um para meio milhão de habitantes e mesmo essa concentrou-se as cidades da região , já que nos campos se tornou impossível conciliar o orgulho e identidade desta gente , com a indignidade da uma submissão ao poder fundiário .Desenraizados e ressabiados sabendo-se vitimas de uma tremenda injustiça ,presas fáceis de aliciamentos que nada tem que ver com uma postura responsável , alinharam nas reivindicações extremistas
.E hei-los activos e muito atrevidos ,de braço no ar, incorporando as contestações do professores esquecendo-se que uma sociedade debilitada lhes paga para ensinarem e não para se recusarem a serem avaliados ; dos militares que sem perceberem que são gente igual aos mais , não querem perder regalias nem o estatuto social , esquecendo que também eles têm a sua cota parte de responsabilidade na crise que o actual governo quer conter ; nas dos funcionários ( não todos felizmente )aterrorizados com a hipótese de virem para o pais real , injusto , bloqueado e cheio de armadilhas , que alguns deles , em lugares chave , cooperam para que fosse o que é .
Erramos assistindo passivamente a este drama social que marcou indelevelmente as gentes rurais daquela época .E hoje ,neste vazio humano , aonde se pratica uma agricultura , sem alma e sem produção , coexistem lado a lado , a pobreza económica e de espírito , a par com uma imensa feira de vaidades e exibicionismo bem expresso em milhões a troco de terra ; no alardear empreendedorismo agrícola bacoco , em empresarialização fundiária que nada tem que ver com agricultura mas antes sim com estatuto de posse , diversão e recreio , e especulação fundiária .Conseguem, porem ,,com tais baboseiras , inebriar os crédulos sem perceber que vem na linha das soluções salvadoras ,que redundaram noutros tantos desastres, a que nos habituaram. Com uma agravante :-- agora incluso o apossamento do nosso chão sagrado o que não deixa de construir algum perigo e muitas interrogações .E então nós ,comunidade rural autóctone não somos nada nem ninguém ‘?
E porque não vão para Africa ou para o resto da Europa e porquê esta fixação com o Alentejo ? Porque em Africa o mínimo que lhes pode acontecer são as sabotagens que inviabilizam a exploração, ; na restante Europa não porque pura e simplesmente esses povos sabem que liberdade e espaço nacional são uma e a mesma coisa e tem pago bem caro para manter .,portanto tudo bem, em todo o lado, menos por ai ; entre nós porque se aperceberam que os órgãos do governo têm pouca margem de manobra para a preservação do espaço nacional é a população que compete a defesa .Mas sendo 80% do território pertença de quem nunca se sabe de que lado está,(e a historia tem-nos demonstrado ), e a restante população ,que pouco ou nada tem a defender para alem dos direitos sobre o erário publico ou sobre a segurança social , não entende o que está em causa .Ao estado , que nos destruiu como entidade interventora , compete restabelecer a dignidade que nos foi retirada.
EVIDENTEMENTE QUE DADO a situação de absoluta desordem e injustiça fundiária , têm que ser tomadas medidas de contenção ,por uma entidade reguladora formada pelas gentes residentes e que tenham alguma sensibilidade para problema .E dar um claro aviso :---“O uso da terra ( já passou a época de se falar de posse ) tem que se processar de acordo com os superiores desígnios regionais .Aqueles que não sentirem em condições de neles se enquadrarem vão ter que mudar de vida já que vão ser objecto de medidas fiscais . Isto porque ,já que a sua detenção ,sem o devido uso ,pressupõe que ela representa um luxo ou um factor especulativo ,como tal tem que ser taxado “ .Nestas condições acontece o indispensável desbloqueamento da terra e, com isso , a oportunidade dos aldeãos transmitirem o seu legado/saber , a jovens licenciados ainda imberbes , que anualmente deixam as universidades .É que ,face a tantos falhanços agro-rurais, ficamos com a certeza de a solução passa por nós ,Nós somos capazes pelo simples facto de termos o quer e saber de experiência vivida . Se duvidam ponham-nos à prova .
Francisco Pândega (agricultor ) /// fjnpandega@hotmail.com /// alentejoagrorural .blogspot.com ///
22.11.06
AlentejoAgroRural
A GLOBALIZAÇÃO .---um enorme desafio
É A QUESTÃO que ,presentemente , mais afecta e condiciona as relações entre os povos a nível do planeta . Interfere transversalmente em todos os ramos da actividade muito especialmente no domínio da agricultura , principal razão da sua criação . Já há cinquenta anos que a globalização comercial dos alimentos era defendida pela FAO (organização da Nações Unidas que trata da fome e alimentação ) , para a qual tive a honra de trabalhar durante alguns anos .Já então se defendia que , se o planeta se organizasse de forma a que cada região produzisse e comercializasse livremente a aquilo para o qual tem vocação ecológica , se tornaria possível eliminar a fome e a subnutrição que afectam uma parte considerável da população .A presente globalização vem na sequência daquela constatação .
NÃO SE PENSE que a globalização é daquelas inovações que vêm e vão .Esta não É consistente e veio para se eternizar ,eliminar os inaptos e premiar os mais capazes .O melhor remédio é habituarmo-nos a coexistir com ela já é útil e funcional na medida em vem interligar dois campos geralmente antagónicos :--- produtores agrícolas e os consumidores dos respectivos víveres
Este movimento ,de enorme agilidade , tem-se disseminado de uma forma global e galopante no curto lapso de tempo de vinte anos .Na primeira década foi o arranque iniciado sob a designação de Uruguai Round aonde se anuiu dar o arranque decisivo da liberalização da comercialização os produtos agrícolas . Emperrou devido ao facto de a CEE , EE.UU , entre outros , subsidiarem fortemente o sector agrícola o que desvirtuava as regras do mercado ou , melhor dizendo , impedia que os países produtores exportassem para a Europa .do que resultou começarem a ensaiarem-se formas de boicotes aos produtos industriais europeus Na segunda década ,já UE , na Ronda de Doha , ficou assente que a globalização se incrementaria e os apoios directos á agricultura seriam progressivamente desmantelados .É nessa fase que nos encontramos .
Em simultâneo sucederam-se profundas transformações no nosso tecido comercial .Primeiro as grandes cadeias comerciais, perfeitamente aptas para comercializar os afluxos de géneros alimentícios das mais diversas proveniências , com novas regras e novos métodos do que resultou a total adesão dos consumidores e a condenação á extinção do comércio tradicional
Seguiu-se a vinda dos chineses , agora em começo , com o horários, produtos , preços e métodos absolutamente inovadores e suficientemente numerosos , moldáveis , imperceptíveis e organizados , para alterar radicalmente as regras comerciais , laborais e outras, completando , se não mesmo condicionando , as grandes superfícies l .
Expostos os produtos num supermercado o consumidor adquire-os , indiferentemente ao facto de ser nacional ou não , tendo em conta somente a correlação preços /qualidade / apresentação . .O trabalho infantil , a destruição do meio ambiente ou a falta de direitos dos trabalhadores , que deram origem aquele produto , não são para ali chamados .Essas são questões para outros fóruns e que se movimentam por outros interesses .Sendo assim , harmonizarmo-nos com este nova ordem , é o melhor remédio .
ESTA NOVA ORDEM comercial ,tendo em conta a facilidade dos transportes , obriga uma certa revisão nos produtos cultivados na nossa região . Assim , a carne de bovino das pampas argentinas , os ovinos da Austrália , as frutas tropicais , as hortícolas do outro hemisfério , o arroz das aguas dos grandes rios africanos, o trigo do Canadá ,o vinho do Chile etc , dada a facilidade com que atingem os nossos mercados não só o interno como os nossos clientes, obrigam que façamos somente aquilo para a qual as nossas condições edafoclimáticas tenham vocação
Mas há outras implicações quer na adequação das estruturas fundiárias quer na mentalidades dos agricultores que importa implementar .O tempo escasseia outros se aprestam a substituírem-nos
Francisco Pandega (agricultor ) //// fjnpandega @hotmail.com //// alentejoagrorural blogspot.com
A GLOBALIZAÇÃO .---um enorme desafio
É A QUESTÃO que ,presentemente , mais afecta e condiciona as relações entre os povos a nível do planeta . Interfere transversalmente em todos os ramos da actividade muito especialmente no domínio da agricultura , principal razão da sua criação . Já há cinquenta anos que a globalização comercial dos alimentos era defendida pela FAO (organização da Nações Unidas que trata da fome e alimentação ) , para a qual tive a honra de trabalhar durante alguns anos .Já então se defendia que , se o planeta se organizasse de forma a que cada região produzisse e comercializasse livremente a aquilo para o qual tem vocação ecológica , se tornaria possível eliminar a fome e a subnutrição que afectam uma parte considerável da população .A presente globalização vem na sequência daquela constatação .
NÃO SE PENSE que a globalização é daquelas inovações que vêm e vão .Esta não É consistente e veio para se eternizar ,eliminar os inaptos e premiar os mais capazes .O melhor remédio é habituarmo-nos a coexistir com ela já é útil e funcional na medida em vem interligar dois campos geralmente antagónicos :--- produtores agrícolas e os consumidores dos respectivos víveres
Este movimento ,de enorme agilidade , tem-se disseminado de uma forma global e galopante no curto lapso de tempo de vinte anos .Na primeira década foi o arranque iniciado sob a designação de Uruguai Round aonde se anuiu dar o arranque decisivo da liberalização da comercialização os produtos agrícolas . Emperrou devido ao facto de a CEE , EE.UU , entre outros , subsidiarem fortemente o sector agrícola o que desvirtuava as regras do mercado ou , melhor dizendo , impedia que os países produtores exportassem para a Europa .do que resultou começarem a ensaiarem-se formas de boicotes aos produtos industriais europeus Na segunda década ,já UE , na Ronda de Doha , ficou assente que a globalização se incrementaria e os apoios directos á agricultura seriam progressivamente desmantelados .É nessa fase que nos encontramos .
Em simultâneo sucederam-se profundas transformações no nosso tecido comercial .Primeiro as grandes cadeias comerciais, perfeitamente aptas para comercializar os afluxos de géneros alimentícios das mais diversas proveniências , com novas regras e novos métodos do que resultou a total adesão dos consumidores e a condenação á extinção do comércio tradicional
Seguiu-se a vinda dos chineses , agora em começo , com o horários, produtos , preços e métodos absolutamente inovadores e suficientemente numerosos , moldáveis , imperceptíveis e organizados , para alterar radicalmente as regras comerciais , laborais e outras, completando , se não mesmo condicionando , as grandes superfícies l .
Expostos os produtos num supermercado o consumidor adquire-os , indiferentemente ao facto de ser nacional ou não , tendo em conta somente a correlação preços /qualidade / apresentação . .O trabalho infantil , a destruição do meio ambiente ou a falta de direitos dos trabalhadores , que deram origem aquele produto , não são para ali chamados .Essas são questões para outros fóruns e que se movimentam por outros interesses .Sendo assim , harmonizarmo-nos com este nova ordem , é o melhor remédio .
ESTA NOVA ORDEM comercial ,tendo em conta a facilidade dos transportes , obriga uma certa revisão nos produtos cultivados na nossa região . Assim , a carne de bovino das pampas argentinas , os ovinos da Austrália , as frutas tropicais , as hortícolas do outro hemisfério , o arroz das aguas dos grandes rios africanos, o trigo do Canadá ,o vinho do Chile etc , dada a facilidade com que atingem os nossos mercados não só o interno como os nossos clientes, obrigam que façamos somente aquilo para a qual as nossas condições edafoclimáticas tenham vocação
Mas há outras implicações quer na adequação das estruturas fundiárias quer na mentalidades dos agricultores que importa implementar .O tempo escasseia outros se aprestam a substituírem-nos
Francisco Pandega (agricultor ) //// fjnpandega @hotmail.com //// alentejoagrorural blogspot.com
6.11.06
AlentejoAgroRural
SEU MEIO E SUAS GENTES
Breve caracterização .
1— Saído da minha aldeia ,( fronteiriça , exclusivamente agrícola , do tipo seareiros nas terras dos grandes donos do Alentejo ) em 1954, para Africa , assumi que nunca mais regressaria . O destino trocou-me as voltas e, dois anos depois do 25 de Abril , eis -me de volta .Nesta ausência , integrado noutras vivências em contraste com a do Alentejo ,facilmente conclui que este ,porque injusto e imoral , mais tarde ou mais cedo implodiria . Não por força da comunidade rural residente dado que esta , depois de diversas gerações a ser punida com estranha severidade ,ao mais pequeno indicio de inconformidade, reduziu para zero a sua capacidade de contestatária neste domínio .Nem pelo estado dada a sua conhecida incapacidade de entender tudo quanto se refere á agricultura assim como os altos valores que ela representa O que não me passou pela cabeça é que a sua substituição resultasse da OCM (livre comercio agrícola ) e os beneficiarmos fossem os espanhóis . Nunca pensei que acabássemos por cair tão baixo
2--- Há soluções , evidentemente Difíceis mas realizáveis já que a região é livre de proceder ás alterações fundiárias que queira , desde que gerais e abstractas , sem exclusão dos novos povoadores ,Ou seja incorporando-os ,embora duvide que aceitem . Essa nova ordem inclui reinstituir da função agro-social da terra ; fazer o ponto da situação ; e agir em conformidade visando a humanização do meio . Com abundantes meios tecnológicos ao dispor e porque não atinge mais do que dois mil eleitores /grandes proprietários , numero eleitoralmente desprezível ,,ausentes e sem a menor capacidade de agitar , embora grande a de manobrar , é facílimo .
A função da terra
a)---Só humanizando a nossa agro-ruralidade , será possível desenvolver a agricultura e , depois ,e então , os restantes sectores da actividade económica . Para tal é indispensável proceder a uma profunda rotura fundiária já que as reformas , que em devido tempo deveriam ter sido feitas , o não foram. . Mas primeiro que tudo importa mudar o conceito de terra
,institucionalizando-a como sendo um bem comum que só poderá ser detido por parte de quem esteja em condições de lhe dar um uso consentâneo com os superiores desígnios regionais , nem que para o efeito se tenha que reinstitucionalizar o confisco . Depois mudar as atitudes em relação a ela , dando oportunidade aqueles que saibam e queiram enquadrar-se naqueles desígnios
.È esse o caminho usado pelos nossos parceiros comunitários é esse o que temos que trilhar Dado o estado de absoluta irresponsabilidade e impunidade .senão mesmo criminalidade que campeia nos campos alentejanos só com medidas duras se obtêm a correcção os vícios existentes e se restitui á terra a função agro-social que lhe está implícita .
b)--- A questão fundiária
É inadmissível que o sector fundiário ,de decisiva importância para a nossa vida como nação, esteja detido , em nome de direitos adquiridos de duvidosa legitimidade , por quem se recuse a dar-lhe o devido uso
Tem sido uma tentação ao longos dos tempos o apossarem-se da terra para , em vez da explorar , proceder as exploração ,tantas vezes infame , das gentes rurais . Foi para contrariar isso que se fez ,em boa hora , a lei das Sesmarias . Foi por aplicação dessa lei que se confiscou muito terra , se talhonou em sesmos , os quais , por sua vez , foram atribuídos , por enfiteuse, a quem os trabalhasse .Por ironia do destino a lei das Sesmarias , destinada a povoar a fronteira de Castela como forma de conter as constantes incursões por parte dos nossos belicoso vizinhos, volta a fazer sentido pelas mesmas razões e no mesmos locais . A historia , de facto , repete-se Volte-se a usar o confisco ou outra qualquer medida , que não pode acontecer é que nesta época de grande exigência tecnológica , de assiduidade e permanência , 3/4do a Alentejo sejam detidos por donos que ña sus grande maioria nãose enquadram nestes propósitos com a agravante de deterem áreas desmesuradas
A sua manutenção ,na actividade ,destituida de funções sociais , produtivas , ou outras , só é possível porque se mantêm á margem de qualquer controlo regulador , que defina uma tipologia comportamental , tal como as grandes empresas estratégicas ; sem a condicionante seleccionadora do mercado que , como as restantes actividades económicas ,eliminam os incompetentes , laxistas e nulidades ; nem sequer submetidos ao escrutínio da classe, como os políticos , perpetuando-se implantados no terreno, indiferentes ao escárneo que lhe vota a restante população Assim ,em roda livre , á margem do que se designa por acção moderadora da sociedade , constituem um intransponível obstáculo que bloqueia o desenvolvimento e fragiliza as nossas defesas como região .
c)--- Não culpabilizem o meio nem as gentes
Perante a nossa inépcia agrícola e por falta de ombridade na assumpção das culpas , costuma-se atribui-las ao meio ou ás gentes . Visa-se ,com isso , não só esconder a própria inoperacionalidade como encobrir as colossais receitas daqui retiradas das quais sobressai as provenientes da cortiça
Na verdade , a culpa é, em primeira mão e em certa medida , nossa porque não somos capazes de impor regras no nosso próprio mundo rural .Depois do estado porque ,desde há muitas gerações a esta parte , nos vota , indefesos , ao seu livre arbítrio dos grandes donos da terra do que resultou :-- ou a pobreza subserviência e degradçaõ moral ou a debanada como alternativa Muitos se calhar os mais aptos , optaram pela ultima alternativa . O cônsul ronano ao dizer que nós n~so sabemos mandar nem queremos ser mandados , só parcialmente acertou . Não aceitamos ser mandados na nossa terra por quem não reconhecemos legitimidade para o fazer . Abalar já que não os podemos vencer.Se calhar foi isto que o cônsul romano quis dizer .
O nosso afastamento da usufruição do nosso espaço rural esta na razão directa da nossa pobreza como região Como prova disso repare-se , aqui, no outro lado da fronteira , para os nossos vizinhos extremenhos como têm um desempenho agro-rural admirável ,não obstante terem condições naturais piores do que as nossas ; humanas idênticas ; e sociais absolutamente iguais ate meio século atrás Isto porque conseguiram superar os constrangimentos e ,depois arribar a uma velocidade fulgurante Evidentemente que isto foi antecedido de uma guerra fratricida , entre a oligarquia fundiária ,por um lado ; e os colectivista , por outro .. Perderam os últimos, como é óbvio .Não porque não tivessem razão ao pretender alterações na situação fundiária ,mas sim porque o projecto que preconizaram era indefensável . Alias tal como aconteceu , em relação a nós , quarenta anos depois . Com uma diferença substancial :-- Connosco regrediu tudo para o estádio anterior mas eles tiveram o discernimento de abrir mão de parte dos seus privilégios , e proceder aos indispensáveis rearranjos fundiários .E , com isso humanizaram o meio rural, ponto de partida para o desenvolvimento exponencial a que se assiste .Em suma :-- primeiro foi uma aposta , na agricultura , actividade para a qual os extremenhos , têm especial orgulho e particular desvelo ; depois os restantes sectores da actividade económica e social potenciados pelo desenvolvimento agrícola ; mas sem que, vez alguma , tenham descurado a agricultura que acompanha a par e passo a modernidade .
Há questões que tem que ser abordadas
3—Surpreende que nós , povo velho , sabedor e corajoso , procure afanosamente as mais incríveis formas de superar a crise , sem enxergar , nos campos alentejanos , a solução alimentar , para o emprego, paz social , apaziguador das crises contestarias da urbes , e até , notem , a solução do problema da natalidade dado que os campos ( desde que a terra tenha a função social que se impõe ) são o meio por excelência para a constituição da família e da procriação. Em vez disso preferimos visionar soluções milagrosas, longínquas e fungíveis ,ignorando as fáceis ao nosso alcance e perfeitamente exequíveis
.Será falta de coragem ? até há pouco era evidente ,mas presentemente , não . Incapacidade de perceber a lógica vivencial rural e a sua incontornável articulação com determinado meio natural ? Parece-me que sim .
Costuma-se dizer-se que só passando pelas circunstancias as sabemos avaliar Não me contenho sem compartilhar , com os meus leitores ,a bagagem com que o tempo me foi municiando , neste domínio. Para concluir que , especialmente para os povos desfavorecidos ,como o alentejano , o valor mais profundo é ter pátria solo ,terra Para a manter travam lutas suicidas .E sabem , mais por instinto do que pela razão ,porquê . Tive múltiplas oportunidades para cimentar esta opinião
Encontrava-me em Israel no período que se seguiu a guerra dos sete dias entre este pais e o Egipto . Apercebia-me da disputas posteriores entre Israelitas e palestinianos por um montão de pedras íngremes , a norte ,e uma área de areia ressequida e estéril a sul .
Estabelecendo o contraste entre eles e nós , não posso deixar de corar de vergonha perante a nossa relação com o Alentejo . Este , sob o ponto de vista de muitos de nós , mais parece algo descartável , fácil presa alcance de qualquer um ,seja lá quem for , desde que se apresente com dinheiro , seja lá qual for a origem Impor como condição uma normal integração , isso não faz parte da apreciação da candidatura . Ao que chegamos . Fico profundamente triste , umas vezes , revoltado outras , ao ver como ingenuamente dissipamos ou subaproveitamos este precioso espaço que é o nosso Alentejo .Tão fácil e tão ao nosso alcance seria converte-lo em sede de riqueza e em fonte de bem estar social .Mas , entorpecidos como estamos , viciados em viver a expensas do estado , capazes de lutar por um mísero e efémero emprego ,mas não mexemos uma palha por valores mais altos .Só um grande choque ,nos faria acordar para a realidade vivencial que é o mundo de hoje .O que é pena . Porque este ses grandes choques ,numa área como esta ,geralmente são irreversíveis FranciscoPândega (agricultor ) // francisco.pandega@gmail.com /// alentejoagrorural.blogspot.pt
SEU MEIO E SUAS GENTES
Breve caracterização .
1— Saído da minha aldeia ,( fronteiriça , exclusivamente agrícola , do tipo seareiros nas terras dos grandes donos do Alentejo ) em 1954, para Africa , assumi que nunca mais regressaria . O destino trocou-me as voltas e, dois anos depois do 25 de Abril , eis -me de volta .Nesta ausência , integrado noutras vivências em contraste com a do Alentejo ,facilmente conclui que este ,porque injusto e imoral , mais tarde ou mais cedo implodiria . Não por força da comunidade rural residente dado que esta , depois de diversas gerações a ser punida com estranha severidade ,ao mais pequeno indicio de inconformidade, reduziu para zero a sua capacidade de contestatária neste domínio .Nem pelo estado dada a sua conhecida incapacidade de entender tudo quanto se refere á agricultura assim como os altos valores que ela representa O que não me passou pela cabeça é que a sua substituição resultasse da OCM (livre comercio agrícola ) e os beneficiarmos fossem os espanhóis . Nunca pensei que acabássemos por cair tão baixo
2--- Há soluções , evidentemente Difíceis mas realizáveis já que a região é livre de proceder ás alterações fundiárias que queira , desde que gerais e abstractas , sem exclusão dos novos povoadores ,Ou seja incorporando-os ,embora duvide que aceitem . Essa nova ordem inclui reinstituir da função agro-social da terra ; fazer o ponto da situação ; e agir em conformidade visando a humanização do meio . Com abundantes meios tecnológicos ao dispor e porque não atinge mais do que dois mil eleitores /grandes proprietários , numero eleitoralmente desprezível ,,ausentes e sem a menor capacidade de agitar , embora grande a de manobrar , é facílimo .
A função da terra
a)---Só humanizando a nossa agro-ruralidade , será possível desenvolver a agricultura e , depois ,e então , os restantes sectores da actividade económica . Para tal é indispensável proceder a uma profunda rotura fundiária já que as reformas , que em devido tempo deveriam ter sido feitas , o não foram. . Mas primeiro que tudo importa mudar o conceito de terra
,institucionalizando-a como sendo um bem comum que só poderá ser detido por parte de quem esteja em condições de lhe dar um uso consentâneo com os superiores desígnios regionais , nem que para o efeito se tenha que reinstitucionalizar o confisco . Depois mudar as atitudes em relação a ela , dando oportunidade aqueles que saibam e queiram enquadrar-se naqueles desígnios
.È esse o caminho usado pelos nossos parceiros comunitários é esse o que temos que trilhar Dado o estado de absoluta irresponsabilidade e impunidade .senão mesmo criminalidade que campeia nos campos alentejanos só com medidas duras se obtêm a correcção os vícios existentes e se restitui á terra a função agro-social que lhe está implícita .
b)--- A questão fundiária
É inadmissível que o sector fundiário ,de decisiva importância para a nossa vida como nação, esteja detido , em nome de direitos adquiridos de duvidosa legitimidade , por quem se recuse a dar-lhe o devido uso
Tem sido uma tentação ao longos dos tempos o apossarem-se da terra para , em vez da explorar , proceder as exploração ,tantas vezes infame , das gentes rurais . Foi para contrariar isso que se fez ,em boa hora , a lei das Sesmarias . Foi por aplicação dessa lei que se confiscou muito terra , se talhonou em sesmos , os quais , por sua vez , foram atribuídos , por enfiteuse, a quem os trabalhasse .Por ironia do destino a lei das Sesmarias , destinada a povoar a fronteira de Castela como forma de conter as constantes incursões por parte dos nossos belicoso vizinhos, volta a fazer sentido pelas mesmas razões e no mesmos locais . A historia , de facto , repete-se Volte-se a usar o confisco ou outra qualquer medida , que não pode acontecer é que nesta época de grande exigência tecnológica , de assiduidade e permanência , 3/4do a Alentejo sejam detidos por donos que ña sus grande maioria nãose enquadram nestes propósitos com a agravante de deterem áreas desmesuradas
A sua manutenção ,na actividade ,destituida de funções sociais , produtivas , ou outras , só é possível porque se mantêm á margem de qualquer controlo regulador , que defina uma tipologia comportamental , tal como as grandes empresas estratégicas ; sem a condicionante seleccionadora do mercado que , como as restantes actividades económicas ,eliminam os incompetentes , laxistas e nulidades ; nem sequer submetidos ao escrutínio da classe, como os políticos , perpetuando-se implantados no terreno, indiferentes ao escárneo que lhe vota a restante população Assim ,em roda livre , á margem do que se designa por acção moderadora da sociedade , constituem um intransponível obstáculo que bloqueia o desenvolvimento e fragiliza as nossas defesas como região .
c)--- Não culpabilizem o meio nem as gentes
Perante a nossa inépcia agrícola e por falta de ombridade na assumpção das culpas , costuma-se atribui-las ao meio ou ás gentes . Visa-se ,com isso , não só esconder a própria inoperacionalidade como encobrir as colossais receitas daqui retiradas das quais sobressai as provenientes da cortiça
Na verdade , a culpa é, em primeira mão e em certa medida , nossa porque não somos capazes de impor regras no nosso próprio mundo rural .Depois do estado porque ,desde há muitas gerações a esta parte , nos vota , indefesos , ao seu livre arbítrio dos grandes donos da terra do que resultou :-- ou a pobreza subserviência e degradçaõ moral ou a debanada como alternativa Muitos se calhar os mais aptos , optaram pela ultima alternativa . O cônsul ronano ao dizer que nós n~so sabemos mandar nem queremos ser mandados , só parcialmente acertou . Não aceitamos ser mandados na nossa terra por quem não reconhecemos legitimidade para o fazer . Abalar já que não os podemos vencer.Se calhar foi isto que o cônsul romano quis dizer .
O nosso afastamento da usufruição do nosso espaço rural esta na razão directa da nossa pobreza como região Como prova disso repare-se , aqui, no outro lado da fronteira , para os nossos vizinhos extremenhos como têm um desempenho agro-rural admirável ,não obstante terem condições naturais piores do que as nossas ; humanas idênticas ; e sociais absolutamente iguais ate meio século atrás Isto porque conseguiram superar os constrangimentos e ,depois arribar a uma velocidade fulgurante Evidentemente que isto foi antecedido de uma guerra fratricida , entre a oligarquia fundiária ,por um lado ; e os colectivista , por outro .. Perderam os últimos, como é óbvio .Não porque não tivessem razão ao pretender alterações na situação fundiária ,mas sim porque o projecto que preconizaram era indefensável . Alias tal como aconteceu , em relação a nós , quarenta anos depois . Com uma diferença substancial :-- Connosco regrediu tudo para o estádio anterior mas eles tiveram o discernimento de abrir mão de parte dos seus privilégios , e proceder aos indispensáveis rearranjos fundiários .E , com isso humanizaram o meio rural, ponto de partida para o desenvolvimento exponencial a que se assiste .Em suma :-- primeiro foi uma aposta , na agricultura , actividade para a qual os extremenhos , têm especial orgulho e particular desvelo ; depois os restantes sectores da actividade económica e social potenciados pelo desenvolvimento agrícola ; mas sem que, vez alguma , tenham descurado a agricultura que acompanha a par e passo a modernidade .
Há questões que tem que ser abordadas
3—Surpreende que nós , povo velho , sabedor e corajoso , procure afanosamente as mais incríveis formas de superar a crise , sem enxergar , nos campos alentejanos , a solução alimentar , para o emprego, paz social , apaziguador das crises contestarias da urbes , e até , notem , a solução do problema da natalidade dado que os campos ( desde que a terra tenha a função social que se impõe ) são o meio por excelência para a constituição da família e da procriação. Em vez disso preferimos visionar soluções milagrosas, longínquas e fungíveis ,ignorando as fáceis ao nosso alcance e perfeitamente exequíveis
.Será falta de coragem ? até há pouco era evidente ,mas presentemente , não . Incapacidade de perceber a lógica vivencial rural e a sua incontornável articulação com determinado meio natural ? Parece-me que sim .
Costuma-se dizer-se que só passando pelas circunstancias as sabemos avaliar Não me contenho sem compartilhar , com os meus leitores ,a bagagem com que o tempo me foi municiando , neste domínio. Para concluir que , especialmente para os povos desfavorecidos ,como o alentejano , o valor mais profundo é ter pátria solo ,terra Para a manter travam lutas suicidas .E sabem , mais por instinto do que pela razão ,porquê . Tive múltiplas oportunidades para cimentar esta opinião
Encontrava-me em Israel no período que se seguiu a guerra dos sete dias entre este pais e o Egipto . Apercebia-me da disputas posteriores entre Israelitas e palestinianos por um montão de pedras íngremes , a norte ,e uma área de areia ressequida e estéril a sul .
Estabelecendo o contraste entre eles e nós , não posso deixar de corar de vergonha perante a nossa relação com o Alentejo . Este , sob o ponto de vista de muitos de nós , mais parece algo descartável , fácil presa alcance de qualquer um ,seja lá quem for , desde que se apresente com dinheiro , seja lá qual for a origem Impor como condição uma normal integração , isso não faz parte da apreciação da candidatura . Ao que chegamos . Fico profundamente triste , umas vezes , revoltado outras , ao ver como ingenuamente dissipamos ou subaproveitamos este precioso espaço que é o nosso Alentejo .Tão fácil e tão ao nosso alcance seria converte-lo em sede de riqueza e em fonte de bem estar social .Mas , entorpecidos como estamos , viciados em viver a expensas do estado , capazes de lutar por um mísero e efémero emprego ,mas não mexemos uma palha por valores mais altos .Só um grande choque ,nos faria acordar para a realidade vivencial que é o mundo de hoje .O que é pena . Porque este ses grandes choques ,numa área como esta ,geralmente são irreversíveis FranciscoPândega (agricultor ) // francisco.pandega@gmail.com /// alentejoagrorural.blogspot.pt
25.10.06
AlentejoAgroRural
SOB AMEAÇA
Constrangimentos de longa data
A grandeza das nações ( e os nossos vizinhos espanhóis são disso um caso elucidativo ) começa sempre ,mas mesmo sempre , pelo desenvolvimento agrícola e as subsequentes sinergias a ela destinadas ou dela derivadas .Ou seja :-- nação que se preze começa por ser forte em agricultura reforça essa força com outras actividades mas preservando o seu mundo rural que funciona como raízes ou força da retaguarda onde se refugia e se fortalece nos momentos onde se entrecruzam as decisões importantes . Assim ancorada num mundo rural estabilizado ,no qual as suas gentes , fortes e activas e, porque não, altivas já que são as guardiãs do espaço regional ,façam parte integrante da nação em condições de igualdade com as dos restantes sectores a actividade . Desta forma ,pode-se ser um pais rural , como depreciativamente alguns ignorantes nos intitulam , e simultaneamente sermos industrializados . Uma coisa potencia a outra .
Nesse aspecto ,e mais concretamente no Alentejo , falhamos completamente .Tem sido clara a inépcia governamental ,ao longo de gerações ,na concessão do direito de nos desenvolvermos agricolamente . Com a agravante de grave sobranceria e falta de consideração para quem trabalha directamente a terra , contrastando com uma estranha reverencia ,senão mesmo sedução, pelo poder latifundiário Certos deste ser o responsável , desde há cento e setenta anos a esta parte ( aquando da venda dos bens nacionais em hastas publicas fraudulentas aos então designados “devoristas “ ) , pelos sucessivos fracassos agrícolas , pelo vazio populacional , pela perda de identidade das gentes rústicas , pela ameaça que impende sobre a nossa soberania .
Habituados a uma secular rapina , perpetrada sobre o meio e gentes alentejanas , impediram o perfeitamente possível desenvolvimento tal como ocorreu em toda a Europa , no pós -segunda guerra mundial , Entre nós ,aquando da transição da tracção animal para a mecânica , as aldeias estavam repletas de seareiros desocupados ávidos por terra Em vez de aproveitar a enorme capacidade de trabalho agrícola , cancelaram o uso da terra . A debandada subsequente foi enorme e penosa . O mundo rural alentejano sofreu um rude golpe . Simplesmente porque não houve a coragem de dizer aos oligarcas fundiários que “ a terra é um bem comum que somente deve ser detido por parte de quem queira e saiba dar-se o devido uso em consonância com os superiores desígnios regionais É para conter este tipo de desvios que há os confiscos “ .
E hoje , porque não se fez o que se deveria ter sido feito , então , o problema repete-se, agora , mais grave já que está em causa a nosa soberania .
Aquando do 25 de Abril , pareceu ser possível controla-los . Mas deu-se o imprevisto :-- em sua substituição sobrevêm um estranho e desprezível /colectivismo , igual nos propósitos só diferindo nos protagonistas .Seguiu-se uma estranha coligação colectivistas / latifundiários ambos preparando o terreno para a mudança Ou seja o regresso ao principio que ,em termos fundiários , significa a idade média
Acontece que os espanhóis , apercebendo-se que a comunidade rural local está debilitada , abúlica e incapaz de reagir , aproveita-se para substituir esta oligarquia viciada e incapaz de outra coisa que não a captura de subsídios e obstrução do
desenvolvimento Falta experimentar a solução comunidade rural residente , certos de que terá que ser connosco que o Alentejo se reerguerá
Os superiores desígnios regionais
A não ser que se faça alguma coisa no sentido de conter esta força de bloqueio , que sãos os cerca de mil oligarcas que detêm metade dos Alentejo , e se estanque esta colonização do tipo El”dorado serôdio , proveniente de Espanha nós, nos próximos dois /três anos , vamos ser substituídos na soberania do Alentejo . O Alentejo não muda de lugar ,certamente , como não mudou Olivença . O que muda é o azimute das receitas e condução dos destinos regionais . Como ,alias já se percebe :- levam os produtos /receitas andam por aqui impunemente enquanto nós , ajoujados por um estado que concentra, nos poucos que restam , todo o seu peso desmotivador ,vamos perdendo o ímpeto . Levam as receitas e deixando-nos as despesas administrativas .Mas pior :--- os que teimamos em ser livres ( já há quem tenha medo de abordar este problema ) , e como os centros industriais e comerciais ficam do lado de lá da fronteira , ou cedemos e pomo-nos de feição ou somos excluídos .
As gentes da aldeias , os mais afectados , sem perceberem o que está em causa , já que a periferia das aldeias também pertence a desconhecidos , limitam-se a um “ venha quem vier não pode ser tão mau como estes que cá estão “.
Há diversas soluções para este tipo de problemas .O mais eficaz seria uma oposição frontal por parte da comunidade rural residente tal como acontece em toda e qualquer parte .O facto de a termos inutilizado ,foi bom e cómodo para o sossego dos oligarcas ocupantes .Mas muito mau para casos como este
Outra seria a usada pela Irlanda , como forma de demover os ingleses instalados nos seus campos ,com a tomada de medidas condicionadoras , se bem que aceitáveis para os rurais autóctones , não o eram para os colonizadores O recurso aos tribunais comunitários não resultou dado serem medidas gerais e abstractas .Alem disso , perante os interesses das comunidades rurais autóctones a comunidade europeia é muito sensível
A opção aqui apresentada , tal como a da Irlanda, tem o efeito imediato de estacar o problema .Dando , assim , tempo á comunidade rural para readquirir a auto-estima Depois de recuperado o doce sabor de ter terra já eles se encarregam , de proceder a defesa deste , que é o precioso legado dos nossos avos , com obrigação de transmitir aos nossos filhos
Com o plano atrás proposto , suspende-se ,para já , o problema .Os espanhóis não estão interessados nas condições aqui expostas se bem que perfeitas para nós. Depois a defesa . Democraticamente ,como é óbvio , e através dos nossos legítimos representantes , como convém. FRANCiSCO PANDEGA
SOB AMEAÇA
Constrangimentos de longa data
A grandeza das nações ( e os nossos vizinhos espanhóis são disso um caso elucidativo ) começa sempre ,mas mesmo sempre , pelo desenvolvimento agrícola e as subsequentes sinergias a ela destinadas ou dela derivadas .Ou seja :-- nação que se preze começa por ser forte em agricultura reforça essa força com outras actividades mas preservando o seu mundo rural que funciona como raízes ou força da retaguarda onde se refugia e se fortalece nos momentos onde se entrecruzam as decisões importantes . Assim ancorada num mundo rural estabilizado ,no qual as suas gentes , fortes e activas e, porque não, altivas já que são as guardiãs do espaço regional ,façam parte integrante da nação em condições de igualdade com as dos restantes sectores a actividade . Desta forma ,pode-se ser um pais rural , como depreciativamente alguns ignorantes nos intitulam , e simultaneamente sermos industrializados . Uma coisa potencia a outra .
Nesse aspecto ,e mais concretamente no Alentejo , falhamos completamente .Tem sido clara a inépcia governamental ,ao longo de gerações ,na concessão do direito de nos desenvolvermos agricolamente . Com a agravante de grave sobranceria e falta de consideração para quem trabalha directamente a terra , contrastando com uma estranha reverencia ,senão mesmo sedução, pelo poder latifundiário Certos deste ser o responsável , desde há cento e setenta anos a esta parte ( aquando da venda dos bens nacionais em hastas publicas fraudulentas aos então designados “devoristas “ ) , pelos sucessivos fracassos agrícolas , pelo vazio populacional , pela perda de identidade das gentes rústicas , pela ameaça que impende sobre a nossa soberania .
Habituados a uma secular rapina , perpetrada sobre o meio e gentes alentejanas , impediram o perfeitamente possível desenvolvimento tal como ocorreu em toda a Europa , no pós -segunda guerra mundial , Entre nós ,aquando da transição da tracção animal para a mecânica , as aldeias estavam repletas de seareiros desocupados ávidos por terra Em vez de aproveitar a enorme capacidade de trabalho agrícola , cancelaram o uso da terra . A debandada subsequente foi enorme e penosa . O mundo rural alentejano sofreu um rude golpe . Simplesmente porque não houve a coragem de dizer aos oligarcas fundiários que “ a terra é um bem comum que somente deve ser detido por parte de quem queira e saiba dar-se o devido uso em consonância com os superiores desígnios regionais É para conter este tipo de desvios que há os confiscos “ .
E hoje , porque não se fez o que se deveria ter sido feito , então , o problema repete-se, agora , mais grave já que está em causa a nosa soberania .
Aquando do 25 de Abril , pareceu ser possível controla-los . Mas deu-se o imprevisto :-- em sua substituição sobrevêm um estranho e desprezível /colectivismo , igual nos propósitos só diferindo nos protagonistas .Seguiu-se uma estranha coligação colectivistas / latifundiários ambos preparando o terreno para a mudança Ou seja o regresso ao principio que ,em termos fundiários , significa a idade média
Acontece que os espanhóis , apercebendo-se que a comunidade rural local está debilitada , abúlica e incapaz de reagir , aproveita-se para substituir esta oligarquia viciada e incapaz de outra coisa que não a captura de subsídios e obstrução do
desenvolvimento Falta experimentar a solução comunidade rural residente , certos de que terá que ser connosco que o Alentejo se reerguerá
Os superiores desígnios regionais
A não ser que se faça alguma coisa no sentido de conter esta força de bloqueio , que sãos os cerca de mil oligarcas que detêm metade dos Alentejo , e se estanque esta colonização do tipo El”dorado serôdio , proveniente de Espanha nós, nos próximos dois /três anos , vamos ser substituídos na soberania do Alentejo . O Alentejo não muda de lugar ,certamente , como não mudou Olivença . O que muda é o azimute das receitas e condução dos destinos regionais . Como ,alias já se percebe :- levam os produtos /receitas andam por aqui impunemente enquanto nós , ajoujados por um estado que concentra, nos poucos que restam , todo o seu peso desmotivador ,vamos perdendo o ímpeto . Levam as receitas e deixando-nos as despesas administrativas .Mas pior :--- os que teimamos em ser livres ( já há quem tenha medo de abordar este problema ) , e como os centros industriais e comerciais ficam do lado de lá da fronteira , ou cedemos e pomo-nos de feição ou somos excluídos .
As gentes da aldeias , os mais afectados , sem perceberem o que está em causa , já que a periferia das aldeias também pertence a desconhecidos , limitam-se a um “ venha quem vier não pode ser tão mau como estes que cá estão “.
Há diversas soluções para este tipo de problemas .O mais eficaz seria uma oposição frontal por parte da comunidade rural residente tal como acontece em toda e qualquer parte .O facto de a termos inutilizado ,foi bom e cómodo para o sossego dos oligarcas ocupantes .Mas muito mau para casos como este
Outra seria a usada pela Irlanda , como forma de demover os ingleses instalados nos seus campos ,com a tomada de medidas condicionadoras , se bem que aceitáveis para os rurais autóctones , não o eram para os colonizadores O recurso aos tribunais comunitários não resultou dado serem medidas gerais e abstractas .Alem disso , perante os interesses das comunidades rurais autóctones a comunidade europeia é muito sensível
A opção aqui apresentada , tal como a da Irlanda, tem o efeito imediato de estacar o problema .Dando , assim , tempo á comunidade rural para readquirir a auto-estima Depois de recuperado o doce sabor de ter terra já eles se encarregam , de proceder a defesa deste , que é o precioso legado dos nossos avos , com obrigação de transmitir aos nossos filhos
Com o plano atrás proposto , suspende-se ,para já , o problema .Os espanhóis não estão interessados nas condições aqui expostas se bem que perfeitas para nós. Depois a defesa . Democraticamente ,como é óbvio , e através dos nossos legítimos representantes , como convém. FRANCiSCO PANDEGA
26.9.06
Alentejo agrorural
E O QREN (quadro referencia estratégica nacional )
1---- QREN é a nova designação dos apoios comunitários nos quais se incluem os da PAC, ou seja os destinados à agricultura. Vem substituir o QCA (quadro comunitário de apoio), e a sua vigência será até 2013.Destina-se a preparar a nossa agricultura para a integração nas regras da OCM (organização comum de mercados). Possivelmente o último nestes moldes, já que os países exportadores de produtos agrícolas sentem-se prejudicados, devido à subsidiação agrícola da PAC, o que não deixa de ser verdade. Efectivamente os três QCA anteriores, que se traduziram em apoios consideráveis (acrescidos da sobrevalorização da cortiça, aqui produzida, implicando quantias impressionantes), totalizaram verbas verdadeiramente astronómicas. Contudo o resultado pratico, no terreno, vinte anos depois , traduziu-se em menor produção, despovoamento a raiar o vazio humano, tornando apetecível a sua ocupação Sendo assim, importa reavaliar, de alto a baixo, o que está mal entre nós, já que um desaire no próximo QCA, tendo em conta que estamos sob a mira de endinheirados colonizadores, implica a nossa substituição nos destinos da região.
2---- A estrutura fundiária. Dizer-se que o Alentejo tem pouca valia agrícola é uma velha peta ,destinada a confundir quem não percebe nada disto e visa acobertar os enormes proventos daqui subtraídos . Solos excelentes, matas (os nossos preciosos montados) de regeneração espontânea, clima previsível e sem aleatoriedades assinaláveis. O Alentejo é excelente. Que o digam aqueles que já exerceram a actividade agrícola noutras paragens. Daí que não haja razão alguma, de ordem natural, para que não se possa triplicar a produção e a densidade populacional no curto espaço de tempo deste QREN ou seja sete anos.
2.a) ---Os solos;Os solos alentejanos estão catalogados e classificados em parcelas de A a E, sendo a primeira letra correspondente aos solos de barro e aluviões e a segunda a terrenos declivosos , arenosos e esqueléticos . Entre estes dois extremos há os B, C e D que são os de valia intermédia. Formando parcelas de dimensão e configuração muito variáveis, elas estão devidamente inscritas nesse precioso instrumento que é a carta de capacidade de uso dos solos. Porem, algumas vezes, a mesma parcela tem diferentes classes de tal forma interligadas, entre si, que leva a que sejam a classificadas segundo a percentagem de solos de cada tipo. È por isso que vamos fazer uma classificação, mais pratica e compreensível, sem que disso resultem desvios assinaláveis, quer em relação à minúcia da carta quer à realidade no terreno. Assim, dividem-se em terras boas (as A e parte B); más (as E e parte das D) ; e regulares (parte das D todas as C e parte das B). Nestas condições, o Alentejo é formado por 15 % das terras boas (Beja, Moura, Montoito, Elvas, Monforte) 50% são más (sul do Baixo Alentejo, margens do Guadiana e transição para a charneca do Ribatejo e terras beirãs) e 35% de terras regulares dispersas por todo o Alentejo. Conclui-se assim, que o Alentejo, nos seus 3.000. 000 de hectares , tem 450.000 há . de terras boas; 1.500.000 hectares de terras más e 1.050.000 hectares de terras medianas .Acontece que uma propriedade agrícola, de razoável dimensão, pode conter os três tipos de solos. Do que resulta alguma dificuldade na avaliação da propriedade. Daí ter nascido a necessidade da conversão em pontos, que são a resultante da correlação da área + qualidade = X pontos. O índice de conversão mais comum, segundo as diversas leis Quadro da Reforma Agrária, aproximando-se de um hectare de terra boa vale 225 pontos; um hectare de terra mediana 150 pontos e um hectare de terra má vale 90 pontos. Sendo assim a valia agrícola do Alentejo, nos seus 3.000.000 hectares é de 101.250.000 pontos de terras boas + 105.000.000 terras medianas e135.500.000 hectares de terras más, perfazendo um total 394.250.000 pontos ou seja 131,5 pontos hectare em media.
b)--- De quem são estas terras alentejanas? Interrogar-se-á o comum cidadão. Uma resposta, a esta interrogação terá que ser encontrada rapidamente e antes que se avance com medidas de reestruturação inclusivamente a aplicação do QREN. A estrutura fundiária tem-se mantido estática desde há 180 anos a esta parte . Mas a sua caracterização está mais dificultada devido ao facto das terras terem deixado de ter como dono, (um rosto,) para se tornarem propriedade de sociedades (há cerca de doze mil sociedades agrícolas). Sociedades pró-forma, já que os donos são os mesmos, nas mesmas terras ,agora subdivididas artificialmente. Com isso visaram obter o triplo das reservas aquando da Reforma agrária; depois a multiplicação , por muitos, da captura de subsídios comunitários ; por fim , porque tanta terra na mão de uma pessoa , tendo em conta que esta é um bem comum que deve ser detido individualmente por quem queira e saiba dar-lhe o devido uso (o conceito ancestral da terra a quem a trabalha ), começa a ser incómodo, senão mesmo insultuoso, para com os aldeãos.Não obstante estas manobras de dissimulação sabe-se que há, noAlentejo cerca de mil proprietários com mais de mil hectares cada um, havendo-os com cinco, dez e mesmo mais o que corresponde a cerca de metade do Alentejo, 15.000 Km2 x (13.150 pontos = 197.250.000). Há cerca de outros mil proprietários com entre os 250 e os mil hectares, grande parte pertença de herdeiros que vivem algures, muitos são funcionários públicos .Por outro lado é também aqui que se encontram alguns agricultores dignos desse nome, cujos descendentes constituem o cordão umbical que liga as gerações a forma de ser alentejano e de estar no Alentejo. Poucos, evidentemente, mas há-os. Detêm uma área correspondente a 1/4 do Alentejo ou seja cerca de 7500 km2 x (13.150 = 98.625.000); o outro 1/4 o Alentejo (7,500 km2) é onde se concentram os quarenta mil pequenos agricultores, com áreas médias de 12 hectares, sendo a restante do domínio publico.
c)--A propriedade tipo;Há uma dimensão óptima, com base na qual se atinge o pleno da produção, do povoamento, da defesa do ambiente e, consequentemente, o bem-estar rural. Quando se ultrapassa muito há a tendência para viver dos rendimentos, sem correr riscos, criar a mania das grandezas, e uma propensão para a exploração do homem, em vez da terra .Para as que fiquem aquém da propriedade funcional procedem a uma intensificação excessiva ;há uma perda de combatividade e de competitividade, a degradação do meio acentua-se ; e o abandono da agricultura, por troca com outras actividades , acontece . A propriedade agrícola aqui defendida tem por base a observação de inúmeras explorações ; a experiência pessoal, já que sou agricultor •, há trinta anos, numa exploração com esta dimensão; adequa-se á actual fase evolutiva dos equipamentos; das as exigências da globalização comercial dos produtos agrícolas; do povoamento do território e defesa da soberania; e até do que se denomina por dimensão à escala do homem. Sendo assim, consideramos que 22.500 pontos (171ha) para a média regional; 250 ha de terrenos pobres; 100 ha de barro) são a medida certa para um normal do exercício da actividade agrícola. Mesmo sem excessiva intensificação acolherá , em media, uma família residente e mais duas em regime sazonal ou eventual. Agora um simples exercício nos cinquenta por cento do Alentejo detido por mil donos , um autentico deserto humana , poder vir a acolher .( 197.250.000 :- 22.500 x 3 =) 26.000 famílias constituindo uma malha de povoamento razoavelmente apertada ; a produzir em pleno que multiplicaria por muitos as capacidade empregadora ; com uma boa percentagem de gente a trabalhar por conta própria .Factor de estabilidade e racionalidade politica que se perde quando predominam os dependentes do emprego . A dimensão aqui defendida funciona como indicativo. De forma alguma se pretende usa-la como se fosse uma rasoira aonde tudo fosse igual. Esta medida seria o indicador para onde os parcelamentos das grandes ou o emparcelamento das pequenas tenderia O meio será a fiscalidade que, com base no zero para a dimensão funcional ,iria em crescendo para as as maiores constituído um sério aviso de que a comunidade regional entende que com propriedades á escala do homem são melhor defendidos os interessses regionais .Bom seria que o fossem fazendo por motu-próprio
d)--- Como implementar o sistema:Há o perigo de (salvo o devido exagero) no dia seguinte o Alentejo ser vendido e anexado economicamente ao país contíguo . Deixa de o ser se for mostrada firmeza na implementação desta estruturação. Sendo uma questão do foro regional, campo em que a EU não interfere , já que ,sendo decisãos gerais e abstractas não excluem nem condicionam ninguém Que venham se instalem e compitam em todos os ramos da actividade, certo. Mas a terra, o espaço físico aonde se exerce a regionalidade, aí não. pelo menos enquanto não houver reciprocidade em relaçãos noutrosl paises comunitarios Há aqui uma questão do foro intimo que tem que ser tomada em conta Nós não somos mais do que um elo nesta longa cadeia humana que vem do antanho .Temos deveres para com os nossos antepassados e para com os vindouros. Não conseguimos controlar a colonização de 1835 .Esta acbara por nos extinguir .Iso não pode acontecer Esta colonização galopante de que estamos a ser alvo só acontece porque os colonizadores sabem que nos encontramos num verdadeiro estado de abulia. Sabem que entre nós e os oligarcas que dominam os solos alentejanos existe uma mutua repulsa. Atónitos, e sem despertar verdadeiramente para o problema , a nossa reacção é de " venha o que vier não pode ser tão mau como o que está ". Se bem que moribundos , dado que os povos por vezes surpreendem, tudo pode acontecer . O vinte e cinco de Abril é disso uma prova. Isto para dizer que uma colonização agrícola é impossível em oposição a comunidade rural residente , Que o digam muitos de nós que fomos agricultores em Africa , de onde há pouco fomos escorraçados . Para implementar as medidas aqui preconizadas não é preciso legislação nova mas somente ajustes na existente. Ou seja temos os instrumentos legislativos necessários e suficientes, para o efeito. O que aqui defendo não constitui novidade. Está tudo legislado. Foi tudo dito. Só falta agir. A avaliação dos solos encontra-se na carta de capacidade de uso dos solos que cobre todo o Alentejo e que tão bons serviços tem prestado; a pontuação e limitação de atribuição de terra está na Lei-quadro da Reforma agrária ; a limitação do uso , na lei do Arrendamento rural, à qual se lhe devem acrescentar algumas ideias da lei do aforamento, extinto aquando do vinte e cinco de Abril; a lei 186/96 de Cavaco Silva, que define as condições de candidatura para aceder á terra; temos a lei dos indivisos, em uso, mas desactualizada, assim como uma dos aproveitamentos mínimos, que falta regulamentar, que parece ser uma actualização da velha lei das Sesmarias; a aplicação da fiscalidade assim como a institucionalização de uma banco de terras, são da autoria do ex-ministro da agricultura Capoulas Santos, o homem que mais sabe da problemática agro-rural alentejana. Não é preciso mais nada. Estas são suficientes para alterar radicalmente a vida no Alentejo.
3--- Conclusão:É inadmissível que cerca de mil oligarcas detenham metade do Alentejo. Como se a excessiva dimensão da propriedade agrícola, só por si, não constituísse uma afronta ao harmónico povoamento da região, o facto de os solos estarem subaproveitados, tornam-se num factor impeditivo do desenvolvimento da comunidade rural residente. Não restem duvidas: se não se alterar a presente situação fundiária, o novo quadro comunitário de apoio redundará num desastre tal como os três anteriores. Temos que ser pragmáticos e não embarcar na ladainha dos grandes proprietários rurais quando, ao bater no peito invocando o sagrado direito á terra,(podendo até ter no bolso uma promessa de venda algum bem finaciado estrangeiross ) maiis não fazem que preservar um modo de vida luxuriante; ou ao auto-intitularem-se empresários, pretendem emparceirar-se, no conceito social , com os sacrificados comerciantes e industriais. Contudo há uma diferença abissal : O comércio ou a indústria estão permanentemente submetidos à concorrência. Se não forem competitivos, depressa se estabelece , ao lado, na cave , em cima, concorrentes que o anulam e excluem da actividade . Até mesmo os políticos, porque permanentemente submetidos ao escrutínio popular, são excluídos ou premiados, conforme o seu desempenho. Já um latifundiário, escapando a estas regras, pode manter-se indefinidamente na posse de terras, que o mesmo será dizer impedir o aceso por parte de quem queira e saiba dar-lhe o devido uso .È imperioso que haja ordem na detenção da terra. Não se pode consentir que um ou mais grandes proprietários de terras envolvam uma aldeia, qual tenaz que espreme impiedosa até ao tutano , usando-a como forma de submeter aos seus propósitos, tantas vezes torpes e egoístas, um povoado e, com isso, ou obter a subserviência dos mais conformados ou provocar a debandado dos que não se submetem a esta aviltante situação .Havendo razões objectivas para por em causa a sua legitimidade, importa que debatamos esta questão, já que está em causa o nosso espaço e quiçá a manutenção do Alentejo como parte integrante da nação Pomos , nos pratos de uma balança, esta dualidade de opções :--- de um lado a preservação dos direitos adquiridos dos mil oligarcas responsáveis pela rapina dos nossos recursos naturais, pela destruição da comunidade rural; pelo vazio populacional e pela transferência do nosso chão sagrado para estranhos ao meio . Do outro lado a preservação de uma exangue comunidade rural, formada por muitos milhares de famílias, que fenece e se desvaloriza por incapacidade de aceder á terra. Desapaixonadamente e sem ter medo das palavras temos que concluir que os interesses regionais são obviamente melhor defendidos pela opção na comunidade rural residente.
FRANCISCO PÂNDEGA (agricultor ) e-mail fjnpandega@hotmail.com ; blog --alentejoagrorural .blogspot .com
E O QREN (quadro referencia estratégica nacional )
1---- QREN é a nova designação dos apoios comunitários nos quais se incluem os da PAC, ou seja os destinados à agricultura. Vem substituir o QCA (quadro comunitário de apoio), e a sua vigência será até 2013.Destina-se a preparar a nossa agricultura para a integração nas regras da OCM (organização comum de mercados). Possivelmente o último nestes moldes, já que os países exportadores de produtos agrícolas sentem-se prejudicados, devido à subsidiação agrícola da PAC, o que não deixa de ser verdade. Efectivamente os três QCA anteriores, que se traduziram em apoios consideráveis (acrescidos da sobrevalorização da cortiça, aqui produzida, implicando quantias impressionantes), totalizaram verbas verdadeiramente astronómicas. Contudo o resultado pratico, no terreno, vinte anos depois , traduziu-se em menor produção, despovoamento a raiar o vazio humano, tornando apetecível a sua ocupação Sendo assim, importa reavaliar, de alto a baixo, o que está mal entre nós, já que um desaire no próximo QCA, tendo em conta que estamos sob a mira de endinheirados colonizadores, implica a nossa substituição nos destinos da região.
2---- A estrutura fundiária. Dizer-se que o Alentejo tem pouca valia agrícola é uma velha peta ,destinada a confundir quem não percebe nada disto e visa acobertar os enormes proventos daqui subtraídos . Solos excelentes, matas (os nossos preciosos montados) de regeneração espontânea, clima previsível e sem aleatoriedades assinaláveis. O Alentejo é excelente. Que o digam aqueles que já exerceram a actividade agrícola noutras paragens. Daí que não haja razão alguma, de ordem natural, para que não se possa triplicar a produção e a densidade populacional no curto espaço de tempo deste QREN ou seja sete anos.
2.a) ---Os solos;Os solos alentejanos estão catalogados e classificados em parcelas de A a E, sendo a primeira letra correspondente aos solos de barro e aluviões e a segunda a terrenos declivosos , arenosos e esqueléticos . Entre estes dois extremos há os B, C e D que são os de valia intermédia. Formando parcelas de dimensão e configuração muito variáveis, elas estão devidamente inscritas nesse precioso instrumento que é a carta de capacidade de uso dos solos. Porem, algumas vezes, a mesma parcela tem diferentes classes de tal forma interligadas, entre si, que leva a que sejam a classificadas segundo a percentagem de solos de cada tipo. È por isso que vamos fazer uma classificação, mais pratica e compreensível, sem que disso resultem desvios assinaláveis, quer em relação à minúcia da carta quer à realidade no terreno. Assim, dividem-se em terras boas (as A e parte B); más (as E e parte das D) ; e regulares (parte das D todas as C e parte das B). Nestas condições, o Alentejo é formado por 15 % das terras boas (Beja, Moura, Montoito, Elvas, Monforte) 50% são más (sul do Baixo Alentejo, margens do Guadiana e transição para a charneca do Ribatejo e terras beirãs) e 35% de terras regulares dispersas por todo o Alentejo. Conclui-se assim, que o Alentejo, nos seus 3.000. 000 de hectares , tem 450.000 há . de terras boas; 1.500.000 hectares de terras más e 1.050.000 hectares de terras medianas .Acontece que uma propriedade agrícola, de razoável dimensão, pode conter os três tipos de solos. Do que resulta alguma dificuldade na avaliação da propriedade. Daí ter nascido a necessidade da conversão em pontos, que são a resultante da correlação da área + qualidade = X pontos. O índice de conversão mais comum, segundo as diversas leis Quadro da Reforma Agrária, aproximando-se de um hectare de terra boa vale 225 pontos; um hectare de terra mediana 150 pontos e um hectare de terra má vale 90 pontos. Sendo assim a valia agrícola do Alentejo, nos seus 3.000.000 hectares é de 101.250.000 pontos de terras boas + 105.000.000 terras medianas e135.500.000 hectares de terras más, perfazendo um total 394.250.000 pontos ou seja 131,5 pontos hectare em media.
b)--- De quem são estas terras alentejanas? Interrogar-se-á o comum cidadão. Uma resposta, a esta interrogação terá que ser encontrada rapidamente e antes que se avance com medidas de reestruturação inclusivamente a aplicação do QREN. A estrutura fundiária tem-se mantido estática desde há 180 anos a esta parte . Mas a sua caracterização está mais dificultada devido ao facto das terras terem deixado de ter como dono, (um rosto,) para se tornarem propriedade de sociedades (há cerca de doze mil sociedades agrícolas). Sociedades pró-forma, já que os donos são os mesmos, nas mesmas terras ,agora subdivididas artificialmente. Com isso visaram obter o triplo das reservas aquando da Reforma agrária; depois a multiplicação , por muitos, da captura de subsídios comunitários ; por fim , porque tanta terra na mão de uma pessoa , tendo em conta que esta é um bem comum que deve ser detido individualmente por quem queira e saiba dar-lhe o devido uso (o conceito ancestral da terra a quem a trabalha ), começa a ser incómodo, senão mesmo insultuoso, para com os aldeãos.Não obstante estas manobras de dissimulação sabe-se que há, noAlentejo cerca de mil proprietários com mais de mil hectares cada um, havendo-os com cinco, dez e mesmo mais o que corresponde a cerca de metade do Alentejo, 15.000 Km2 x (13.150 pontos = 197.250.000). Há cerca de outros mil proprietários com entre os 250 e os mil hectares, grande parte pertença de herdeiros que vivem algures, muitos são funcionários públicos .Por outro lado é também aqui que se encontram alguns agricultores dignos desse nome, cujos descendentes constituem o cordão umbical que liga as gerações a forma de ser alentejano e de estar no Alentejo. Poucos, evidentemente, mas há-os. Detêm uma área correspondente a 1/4 do Alentejo ou seja cerca de 7500 km2 x (13.150 = 98.625.000); o outro 1/4 o Alentejo (7,500 km2) é onde se concentram os quarenta mil pequenos agricultores, com áreas médias de 12 hectares, sendo a restante do domínio publico.
c)--A propriedade tipo;Há uma dimensão óptima, com base na qual se atinge o pleno da produção, do povoamento, da defesa do ambiente e, consequentemente, o bem-estar rural. Quando se ultrapassa muito há a tendência para viver dos rendimentos, sem correr riscos, criar a mania das grandezas, e uma propensão para a exploração do homem, em vez da terra .Para as que fiquem aquém da propriedade funcional procedem a uma intensificação excessiva ;há uma perda de combatividade e de competitividade, a degradação do meio acentua-se ; e o abandono da agricultura, por troca com outras actividades , acontece . A propriedade agrícola aqui defendida tem por base a observação de inúmeras explorações ; a experiência pessoal, já que sou agricultor •, há trinta anos, numa exploração com esta dimensão; adequa-se á actual fase evolutiva dos equipamentos; das as exigências da globalização comercial dos produtos agrícolas; do povoamento do território e defesa da soberania; e até do que se denomina por dimensão à escala do homem. Sendo assim, consideramos que 22.500 pontos (171ha) para a média regional; 250 ha de terrenos pobres; 100 ha de barro) são a medida certa para um normal do exercício da actividade agrícola. Mesmo sem excessiva intensificação acolherá , em media, uma família residente e mais duas em regime sazonal ou eventual. Agora um simples exercício nos cinquenta por cento do Alentejo detido por mil donos , um autentico deserto humana , poder vir a acolher .( 197.250.000 :- 22.500 x 3 =) 26.000 famílias constituindo uma malha de povoamento razoavelmente apertada ; a produzir em pleno que multiplicaria por muitos as capacidade empregadora ; com uma boa percentagem de gente a trabalhar por conta própria .Factor de estabilidade e racionalidade politica que se perde quando predominam os dependentes do emprego . A dimensão aqui defendida funciona como indicativo. De forma alguma se pretende usa-la como se fosse uma rasoira aonde tudo fosse igual. Esta medida seria o indicador para onde os parcelamentos das grandes ou o emparcelamento das pequenas tenderia O meio será a fiscalidade que, com base no zero para a dimensão funcional ,iria em crescendo para as as maiores constituído um sério aviso de que a comunidade regional entende que com propriedades á escala do homem são melhor defendidos os interessses regionais .Bom seria que o fossem fazendo por motu-próprio
d)--- Como implementar o sistema:Há o perigo de (salvo o devido exagero) no dia seguinte o Alentejo ser vendido e anexado economicamente ao país contíguo . Deixa de o ser se for mostrada firmeza na implementação desta estruturação. Sendo uma questão do foro regional, campo em que a EU não interfere , já que ,sendo decisãos gerais e abstractas não excluem nem condicionam ninguém Que venham se instalem e compitam em todos os ramos da actividade, certo. Mas a terra, o espaço físico aonde se exerce a regionalidade, aí não. pelo menos enquanto não houver reciprocidade em relaçãos noutrosl paises comunitarios Há aqui uma questão do foro intimo que tem que ser tomada em conta Nós não somos mais do que um elo nesta longa cadeia humana que vem do antanho .Temos deveres para com os nossos antepassados e para com os vindouros. Não conseguimos controlar a colonização de 1835 .Esta acbara por nos extinguir .Iso não pode acontecer Esta colonização galopante de que estamos a ser alvo só acontece porque os colonizadores sabem que nos encontramos num verdadeiro estado de abulia. Sabem que entre nós e os oligarcas que dominam os solos alentejanos existe uma mutua repulsa. Atónitos, e sem despertar verdadeiramente para o problema , a nossa reacção é de " venha o que vier não pode ser tão mau como o que está ". Se bem que moribundos , dado que os povos por vezes surpreendem, tudo pode acontecer . O vinte e cinco de Abril é disso uma prova. Isto para dizer que uma colonização agrícola é impossível em oposição a comunidade rural residente , Que o digam muitos de nós que fomos agricultores em Africa , de onde há pouco fomos escorraçados . Para implementar as medidas aqui preconizadas não é preciso legislação nova mas somente ajustes na existente. Ou seja temos os instrumentos legislativos necessários e suficientes, para o efeito. O que aqui defendo não constitui novidade. Está tudo legislado. Foi tudo dito. Só falta agir. A avaliação dos solos encontra-se na carta de capacidade de uso dos solos que cobre todo o Alentejo e que tão bons serviços tem prestado; a pontuação e limitação de atribuição de terra está na Lei-quadro da Reforma agrária ; a limitação do uso , na lei do Arrendamento rural, à qual se lhe devem acrescentar algumas ideias da lei do aforamento, extinto aquando do vinte e cinco de Abril; a lei 186/96 de Cavaco Silva, que define as condições de candidatura para aceder á terra; temos a lei dos indivisos, em uso, mas desactualizada, assim como uma dos aproveitamentos mínimos, que falta regulamentar, que parece ser uma actualização da velha lei das Sesmarias; a aplicação da fiscalidade assim como a institucionalização de uma banco de terras, são da autoria do ex-ministro da agricultura Capoulas Santos, o homem que mais sabe da problemática agro-rural alentejana. Não é preciso mais nada. Estas são suficientes para alterar radicalmente a vida no Alentejo.
3--- Conclusão:É inadmissível que cerca de mil oligarcas detenham metade do Alentejo. Como se a excessiva dimensão da propriedade agrícola, só por si, não constituísse uma afronta ao harmónico povoamento da região, o facto de os solos estarem subaproveitados, tornam-se num factor impeditivo do desenvolvimento da comunidade rural residente. Não restem duvidas: se não se alterar a presente situação fundiária, o novo quadro comunitário de apoio redundará num desastre tal como os três anteriores. Temos que ser pragmáticos e não embarcar na ladainha dos grandes proprietários rurais quando, ao bater no peito invocando o sagrado direito á terra,(podendo até ter no bolso uma promessa de venda algum bem finaciado estrangeiross ) maiis não fazem que preservar um modo de vida luxuriante; ou ao auto-intitularem-se empresários, pretendem emparceirar-se, no conceito social , com os sacrificados comerciantes e industriais. Contudo há uma diferença abissal : O comércio ou a indústria estão permanentemente submetidos à concorrência. Se não forem competitivos, depressa se estabelece , ao lado, na cave , em cima, concorrentes que o anulam e excluem da actividade . Até mesmo os políticos, porque permanentemente submetidos ao escrutínio popular, são excluídos ou premiados, conforme o seu desempenho. Já um latifundiário, escapando a estas regras, pode manter-se indefinidamente na posse de terras, que o mesmo será dizer impedir o aceso por parte de quem queira e saiba dar-lhe o devido uso .È imperioso que haja ordem na detenção da terra. Não se pode consentir que um ou mais grandes proprietários de terras envolvam uma aldeia, qual tenaz que espreme impiedosa até ao tutano , usando-a como forma de submeter aos seus propósitos, tantas vezes torpes e egoístas, um povoado e, com isso, ou obter a subserviência dos mais conformados ou provocar a debandado dos que não se submetem a esta aviltante situação .Havendo razões objectivas para por em causa a sua legitimidade, importa que debatamos esta questão, já que está em causa o nosso espaço e quiçá a manutenção do Alentejo como parte integrante da nação Pomos , nos pratos de uma balança, esta dualidade de opções :--- de um lado a preservação dos direitos adquiridos dos mil oligarcas responsáveis pela rapina dos nossos recursos naturais, pela destruição da comunidade rural; pelo vazio populacional e pela transferência do nosso chão sagrado para estranhos ao meio . Do outro lado a preservação de uma exangue comunidade rural, formada por muitos milhares de famílias, que fenece e se desvaloriza por incapacidade de aceder á terra. Desapaixonadamente e sem ter medo das palavras temos que concluir que os interesses regionais são obviamente melhor defendidos pela opção na comunidade rural residente.
FRANCISCO PÂNDEGA (agricultor ) e-mail fjnpandega@hotmail.com ; blog --alentejoagrorural .blogspot .com
3.8.06
AlentejoAgroRural
A ESPECIFICIDADE REGIONAL
1---Já homenzinho, e com experiência da agricultura tradicional alentejana, na década cinquenta, fui para Africa, mais propriamente para Colonato Europeu da Cela, integrado num grupo, de cerca de duas mil famílias de colonos, cujo objectivo era o povoamento de Angola por europeus. A Cela era, e é, uma vasta planície formada por várzeas imensas, longitudinais ás linhas de água, intercaladas por morros íngremes. Localiza-se na transição entre da região temperada do Planalto do Huambo, e a região equatorial do Amboim.Se bem que fossemos agricultores profissionais, originários das diferentes regiões dos pais, nem por isso deixamos de ter sérias dificuldades de adaptação nesta nova realidade regional Éramos apoiados por inúmeros técnicos, o que seria de supor que a nossa integração acontecesse sem percalços de maior. Não foi isso, porém, que aconteceu. Bem pelo contrario : foram a mais completa desilusão Desde o inicio que nos fomos apercebendo disso Éramos, porem, compelidos a seguir as suas directrizes já que eles detinham incentivos, tal como presentemente com os fundos da PAC, com quais e de forma indirecta, nos levavam a fazer asneiras atrás de asneiras. Desde animais inadaptados, mobilizações da terra inadequadas, cultura estranhas e fora de tempo. Enfim. A inexperiência de braço dado com a possibilidade de concessão de apoios. . Só começamos a acertar o passo quando conseguimos libertarmo-nos dos seus conselhos. Deu-se a natural selecção, entre os colonos / agricultores, e, ao fim de algum tempo, conseguíamos abastecer Luanda de lacticínios, hortaliças e carne A certa altura havia-se instalado, na região, um agricultor com uma grande exploração o qual, segundo os nossos técnicos, era o protótipo da eficiência que convinha seguir Nas comparações, que amiúde se faziam em relação a nós, não raro redundavam num depreciativo “ sois uns nabos” Um dia, no meu velho camião, fui vender horto-frutícolas a Luanda, tendo descoberto casualmente toda a verdade. Um carro avariado na beira da estrada; um sujeito, de meia-idade a pedir boleia. Durante o longo caminho, conversa puxa conversa, tendo ficado a saber que era o tal agricultor bem sucedido comummente usado como elemento de comparação connosco. A certa altura o homem abriu-se: ---“ Olhe! Estou farto de ali enterrar dinheiro Já gastei o dinheiro de uma roça de café que vendi nos Demãos e estou endividado. Isto não dá nada. Estou farto da fazenda.Se não aparecer alguém que a compre, por qualquer quantia, abandono-a. Errei fazendo culturas inadequadas, adquiri gados caros que não se adaptam. Isto é um desastre. Deixei-me levar por conselhos técnicos; fui imprudente e errei demais “ De volta à Cela continuei a assistir à exaltação da eficiência agrícola do referido agricultor. Conhecedor do que se passava fazia, muito discretamente, aquele gesto de Bordalo Pinheiro. Hábito que, desde então, dada a abundância de oportunidades, continuo a usar.
2--- Por estranho que pareça , os factos atrás narrados repetem-se, aqui, no Alentejo , outra região, noutro hemisfério , meio século depois , e com os mesmos nefastos contornos . Continua a contrariar-se a natureza agro rural específica da região ; usam-se os subsídios como incentivos ao fomento de culturas pertença de outras regiões ; e permite-se que a comunidade rural autóctone , que é quem tem o querer e o saber fazer, seja objecto de mais incríveis constrangimentos fundiários
a)---Cada região é uma unidade geo-sócio-económica individualizada aonde se tem que praticar uma agricultura adequada a sua realidade edafo –climática . Introduzir sistemas agrícolas , culturas ou animais exóticos , resultam danos económicos e ambientais inexoravelmente Esta verdade ,sendo indiscutível, é frequentemente desrespeitada Acontece a tecnologia também chegou aos campos e, com ela , para o bem e para o mal , praticamente tudo é possível --- Desde cultivar arroz num cabeço ,contanto que se terrecei a terra e se eleve a agua ou , o seu contrario , se cultive cultivar trigo num brejo desde que se drene a agua e se corrija a acidez do solo Isso porem tem custos que as inviabilizam em termos de mercado .---Podem-se cultivar hortícolas, numa varanda , em vasos de areia , desde que se acrescente agua e micro nutrientes . A resultante ,porem , são produtos insípidos ,descaracterizados ,não prestam para nada ,e fazem mal à saúde .---Podem-se criar e engordar animais ,confinados a um espaço mínimo , alimentados por rações de alta energia , na qual se adicionam anabolizantes , antibióticos .Mas isto , para alem de uma violência à condição animal , resulta ,em vez de carne ,numa massa informe que , não raro ,constitui um atentado a saúde pública ----Todos nós somos tentados ,perante os frondosos laranjais da orla do Mediterrânico, a interrogar-nos .Porque não fazemos o mesmo Alentejo ? ignorando que entre nós há o factor geada que condiciona o seu cultivo .---- Ao vermos olivais , altamente produtivos , nas terras beneficiadas pelo ar mediterrânico , que sobe pelo vale do Guadiana, interrogamo-nos :-- .Porque é que os homens antigos não fizeram olivais na peniplanicie de Évora ,em vez de se limitarem a enxertia de zambujeiros por bolhas da variedade galega ? Já sabiam que , nesta , a produção de azeitona ,por oliveira , é metade do a que se verifica na bacia do Guadiana e que a mesma quantidade de azeitona dá menos de metade do azeite A opção pela galega em vez das variedades massanilha verdeal e outras , deriva do facto de se saber que esta de facto produz ,para alem de um bom azeite , azeitonas de conserva inigualáveis ---- A Califórnia , com um clima análogo ao Alentejo ,tem feito inúmeras tentativas para introduzir aí o sobreiro ,Se bem que também tenham plantas da família das quercínias, o sobreiro não resulta .Enquanto que na nossa região, de regeneração espontânea , estamos muito longe de tirar todo o partido desta fantástica dádiva da natureza É assim a natureza das regiões a ditarem as suas regras ..Compreendê-las em toda a sua profundidade não sei se é possível . Harmonizarmo-nos com ela é o que devemos fazer e está perfeitamente ao nosso alcance
b)---- No Alentejo abundam os factores responsáveis por esta falta de produtividade . Não sendo o maior , um deles , é haver uma descoordenação entre os técnicos agrícolas e os agricultores na verdadeira acepção da palavra ,não sendo a maior responsável , contudo algum efeito . .Aqueles , uma boa parte a exercer funções públicas, só são ouvidos quando isso implique o acesso aos subsídios, para evitar punições ou repressões de gaveta Disto resulta obviamente um mutuo descrédito Creio que a superação deste diferendo é relativamente simples desde que se divida o sector nas duas partes em que ele se compõe :-- Uma ,o ecossistema ou seja a organização do espaço e seu aproveitamento , na qual o homem que trabalha a terra directamente , tem uma percepção local muito realista .A outra, dos técnicos , os detentores do saber globalizado com muita capacidade de apreender as novas tecnologias e usar os factores de produção Porque um assunto de certo interesse convêm ser um pouco mais explicito :--O primeiro , o agricultor directo, sabe ordenar espaço designadamente os afolhamentos ,rotação de culturas , pousios e alqueives ;espécies e raças de animas e seu maneio e de plantas adequadas à região e seu cultivo ; o sistema integrado denominado agro-silvo-pastoril que inclui as culturas anuais de sequeiro e regadios no sub-coberto ; integração do montado, vinhas e olivais articulados e complementares entre si ; um calendário agrícola de acordo com as épocas do ano tendo em conta as questões laborais , alimentares e até lúdicas O outro , o técnico agrícola , de conhecimentos globalizados , sabe, ou se não sabe facilmente aprende , dos modernos equipamentos informáticos; , os semoventes ,alfaias, ferramentas e utensílios ; fertilizantes , pesticidas , rações e medicamentos ; melhoramento fundiários ; equipamento de rega; etc. etc.Seria bom, para ambas as partes e para o Alentejo em particular , que estes dois grupos se entendessem na forma de juntar a experiência do saber feito com as capacidades de interpretar e implementar as novas tecnologias agrícolas .Contudo o ideal seria proporcionar conhecimento aos filhos dos homens da terra (os futuros agricultores ), e terras aos técnicos que saem das universidades para aí exercerem as funções para as quais foram preparados
c)--- Nós , agricultores , estamos a atravessar um mau momento . O facto de sermos desunidos impede-nos de fazer valer a nossa verdade . O facto de alguns de nós de terem transformado em autenticos sorvedores de subsidios coloca-nos , a todos de uma maneira geral , em descrédito perante a opinião pública Há pois uma destrinça a fazer O agricultor tal como é definido em termos comunitários e os donos de terras que estão por aí deambulam ,algures , tantas vezes na luxúria, a dissipar os vastos proventos daqui auferidos Esta estranha desorganização da classe não aconteceu por obra do acaso Tem ,na presente geração, o seu grande responsável :--o ministro da agricultura com inicio de funções em 1986 ´Álvaro Barreto Teve a sus acção no pós reforma agraria e início dos apoios comunitários Foi , sem duvida o ministro mais anacrónico , retrógrado e disfuncional que se pode imaginar Numa altura em que a desactivação das UCP prosseguia , a bom ritmo, por acção de Sá Carneiro , seria suposto que a sua excelente politica agrícola , tivesse prosseguimento Mas não .Fez-se tudo ao contrário do que seria expectável :--- A reimplantação dos infindáveis latifúndios da nossa desgraça ; um arrendamento acintoso e gerador de uma dependência imprópria para a época ; absurdas cedências de terra , em regime de exploração de campanha (seis meses ), repescada dos antigos seareiros ,esses abnegados homens da terra levados a exaustão pelos desumanizados detentores da terra ; a prevalência de sociedades agrícolas ,ou seja, agricultura sem rosto aonde a terra pode ser detida pelas mais estranhas criaturas com os propósitos mais inconfessáveis ; fez a negociação do primeiro QCA visando os interesses dos grandes donos do Alentejo e não a agricultura regional com a agravante daquele se ter encadeado com os dois seguintes que coartou seriamente a acção dos governates seguintes ; .O Alentejo ficou a produzir menos , mais despovoado , fragilizado, e vulnerável .Transformou-se no que se vê : num El`Dorado em franca colonização alienígena , autêntico moicano de final de ciclo ,
3----.O facto do Alentejo estar a ser alvo de uma enorme aquisição de terras por parte de estranjeiros , por detrás dos quias se acobertam autênticas centrais de financiamento que não olham a preços , custos , prazos ou juros, perante uma promessa de compra de terras no Alentejo , assume contornos invulgares com consequências difíceis de imaginar . É que estamos a tratar do espaço físico ancestral sobre o qual se exerce na nossa nacionalidade / regionalidade ,que, de forma alguma ,pode ser alienado seja a que pretexto for .Não é convertível em dinheiro nem em coisa alguma . Enquanto isso está a acontecer há inúmeros aldeãos alentejanos válidos , famintos de terra ; há milhares de jovens com formação agrícola ,que vivem numa tremenda frustração por impossibilidade de a ela aceder Temo que isto tenha consequências . Mas se outras não houver , de uma não nos livramos :--- o sermos a geração vergonha , incapaz de pôr em causa certos direito adquiridos e de implantar alguma justiça fundiária .Geração que capitula miseravelmente ,abrindo mão de uma faixa do nosso território ,e com ela os restos dos cadáveres dos nossos avós que tombaram ,por essas chapadas , para no-las legar. Francisco Pândega (agricultor ); e-mail / Fjnpandega@hotmail.com ; blog / alentejoagrorural.blogspot.com
A ESPECIFICIDADE REGIONAL
1---Já homenzinho, e com experiência da agricultura tradicional alentejana, na década cinquenta, fui para Africa, mais propriamente para Colonato Europeu da Cela, integrado num grupo, de cerca de duas mil famílias de colonos, cujo objectivo era o povoamento de Angola por europeus. A Cela era, e é, uma vasta planície formada por várzeas imensas, longitudinais ás linhas de água, intercaladas por morros íngremes. Localiza-se na transição entre da região temperada do Planalto do Huambo, e a região equatorial do Amboim.Se bem que fossemos agricultores profissionais, originários das diferentes regiões dos pais, nem por isso deixamos de ter sérias dificuldades de adaptação nesta nova realidade regional Éramos apoiados por inúmeros técnicos, o que seria de supor que a nossa integração acontecesse sem percalços de maior. Não foi isso, porém, que aconteceu. Bem pelo contrario : foram a mais completa desilusão Desde o inicio que nos fomos apercebendo disso Éramos, porem, compelidos a seguir as suas directrizes já que eles detinham incentivos, tal como presentemente com os fundos da PAC, com quais e de forma indirecta, nos levavam a fazer asneiras atrás de asneiras. Desde animais inadaptados, mobilizações da terra inadequadas, cultura estranhas e fora de tempo. Enfim. A inexperiência de braço dado com a possibilidade de concessão de apoios. . Só começamos a acertar o passo quando conseguimos libertarmo-nos dos seus conselhos. Deu-se a natural selecção, entre os colonos / agricultores, e, ao fim de algum tempo, conseguíamos abastecer Luanda de lacticínios, hortaliças e carne A certa altura havia-se instalado, na região, um agricultor com uma grande exploração o qual, segundo os nossos técnicos, era o protótipo da eficiência que convinha seguir Nas comparações, que amiúde se faziam em relação a nós, não raro redundavam num depreciativo “ sois uns nabos” Um dia, no meu velho camião, fui vender horto-frutícolas a Luanda, tendo descoberto casualmente toda a verdade. Um carro avariado na beira da estrada; um sujeito, de meia-idade a pedir boleia. Durante o longo caminho, conversa puxa conversa, tendo ficado a saber que era o tal agricultor bem sucedido comummente usado como elemento de comparação connosco. A certa altura o homem abriu-se: ---“ Olhe! Estou farto de ali enterrar dinheiro Já gastei o dinheiro de uma roça de café que vendi nos Demãos e estou endividado. Isto não dá nada. Estou farto da fazenda.Se não aparecer alguém que a compre, por qualquer quantia, abandono-a. Errei fazendo culturas inadequadas, adquiri gados caros que não se adaptam. Isto é um desastre. Deixei-me levar por conselhos técnicos; fui imprudente e errei demais “ De volta à Cela continuei a assistir à exaltação da eficiência agrícola do referido agricultor. Conhecedor do que se passava fazia, muito discretamente, aquele gesto de Bordalo Pinheiro. Hábito que, desde então, dada a abundância de oportunidades, continuo a usar.
2--- Por estranho que pareça , os factos atrás narrados repetem-se, aqui, no Alentejo , outra região, noutro hemisfério , meio século depois , e com os mesmos nefastos contornos . Continua a contrariar-se a natureza agro rural específica da região ; usam-se os subsídios como incentivos ao fomento de culturas pertença de outras regiões ; e permite-se que a comunidade rural autóctone , que é quem tem o querer e o saber fazer, seja objecto de mais incríveis constrangimentos fundiários
a)---Cada região é uma unidade geo-sócio-económica individualizada aonde se tem que praticar uma agricultura adequada a sua realidade edafo –climática . Introduzir sistemas agrícolas , culturas ou animais exóticos , resultam danos económicos e ambientais inexoravelmente Esta verdade ,sendo indiscutível, é frequentemente desrespeitada Acontece a tecnologia também chegou aos campos e, com ela , para o bem e para o mal , praticamente tudo é possível --- Desde cultivar arroz num cabeço ,contanto que se terrecei a terra e se eleve a agua ou , o seu contrario , se cultive cultivar trigo num brejo desde que se drene a agua e se corrija a acidez do solo Isso porem tem custos que as inviabilizam em termos de mercado .---Podem-se cultivar hortícolas, numa varanda , em vasos de areia , desde que se acrescente agua e micro nutrientes . A resultante ,porem , são produtos insípidos ,descaracterizados ,não prestam para nada ,e fazem mal à saúde .---Podem-se criar e engordar animais ,confinados a um espaço mínimo , alimentados por rações de alta energia , na qual se adicionam anabolizantes , antibióticos .Mas isto , para alem de uma violência à condição animal , resulta ,em vez de carne ,numa massa informe que , não raro ,constitui um atentado a saúde pública ----Todos nós somos tentados ,perante os frondosos laranjais da orla do Mediterrânico, a interrogar-nos .Porque não fazemos o mesmo Alentejo ? ignorando que entre nós há o factor geada que condiciona o seu cultivo .---- Ao vermos olivais , altamente produtivos , nas terras beneficiadas pelo ar mediterrânico , que sobe pelo vale do Guadiana, interrogamo-nos :-- .Porque é que os homens antigos não fizeram olivais na peniplanicie de Évora ,em vez de se limitarem a enxertia de zambujeiros por bolhas da variedade galega ? Já sabiam que , nesta , a produção de azeitona ,por oliveira , é metade do a que se verifica na bacia do Guadiana e que a mesma quantidade de azeitona dá menos de metade do azeite A opção pela galega em vez das variedades massanilha verdeal e outras , deriva do facto de se saber que esta de facto produz ,para alem de um bom azeite , azeitonas de conserva inigualáveis ---- A Califórnia , com um clima análogo ao Alentejo ,tem feito inúmeras tentativas para introduzir aí o sobreiro ,Se bem que também tenham plantas da família das quercínias, o sobreiro não resulta .Enquanto que na nossa região, de regeneração espontânea , estamos muito longe de tirar todo o partido desta fantástica dádiva da natureza É assim a natureza das regiões a ditarem as suas regras ..Compreendê-las em toda a sua profundidade não sei se é possível . Harmonizarmo-nos com ela é o que devemos fazer e está perfeitamente ao nosso alcance
b)---- No Alentejo abundam os factores responsáveis por esta falta de produtividade . Não sendo o maior , um deles , é haver uma descoordenação entre os técnicos agrícolas e os agricultores na verdadeira acepção da palavra ,não sendo a maior responsável , contudo algum efeito . .Aqueles , uma boa parte a exercer funções públicas, só são ouvidos quando isso implique o acesso aos subsídios, para evitar punições ou repressões de gaveta Disto resulta obviamente um mutuo descrédito Creio que a superação deste diferendo é relativamente simples desde que se divida o sector nas duas partes em que ele se compõe :-- Uma ,o ecossistema ou seja a organização do espaço e seu aproveitamento , na qual o homem que trabalha a terra directamente , tem uma percepção local muito realista .A outra, dos técnicos , os detentores do saber globalizado com muita capacidade de apreender as novas tecnologias e usar os factores de produção Porque um assunto de certo interesse convêm ser um pouco mais explicito :--O primeiro , o agricultor directo, sabe ordenar espaço designadamente os afolhamentos ,rotação de culturas , pousios e alqueives ;espécies e raças de animas e seu maneio e de plantas adequadas à região e seu cultivo ; o sistema integrado denominado agro-silvo-pastoril que inclui as culturas anuais de sequeiro e regadios no sub-coberto ; integração do montado, vinhas e olivais articulados e complementares entre si ; um calendário agrícola de acordo com as épocas do ano tendo em conta as questões laborais , alimentares e até lúdicas O outro , o técnico agrícola , de conhecimentos globalizados , sabe, ou se não sabe facilmente aprende , dos modernos equipamentos informáticos; , os semoventes ,alfaias, ferramentas e utensílios ; fertilizantes , pesticidas , rações e medicamentos ; melhoramento fundiários ; equipamento de rega; etc. etc.Seria bom, para ambas as partes e para o Alentejo em particular , que estes dois grupos se entendessem na forma de juntar a experiência do saber feito com as capacidades de interpretar e implementar as novas tecnologias agrícolas .Contudo o ideal seria proporcionar conhecimento aos filhos dos homens da terra (os futuros agricultores ), e terras aos técnicos que saem das universidades para aí exercerem as funções para as quais foram preparados
c)--- Nós , agricultores , estamos a atravessar um mau momento . O facto de sermos desunidos impede-nos de fazer valer a nossa verdade . O facto de alguns de nós de terem transformado em autenticos sorvedores de subsidios coloca-nos , a todos de uma maneira geral , em descrédito perante a opinião pública Há pois uma destrinça a fazer O agricultor tal como é definido em termos comunitários e os donos de terras que estão por aí deambulam ,algures , tantas vezes na luxúria, a dissipar os vastos proventos daqui auferidos Esta estranha desorganização da classe não aconteceu por obra do acaso Tem ,na presente geração, o seu grande responsável :--o ministro da agricultura com inicio de funções em 1986 ´Álvaro Barreto Teve a sus acção no pós reforma agraria e início dos apoios comunitários Foi , sem duvida o ministro mais anacrónico , retrógrado e disfuncional que se pode imaginar Numa altura em que a desactivação das UCP prosseguia , a bom ritmo, por acção de Sá Carneiro , seria suposto que a sua excelente politica agrícola , tivesse prosseguimento Mas não .Fez-se tudo ao contrário do que seria expectável :--- A reimplantação dos infindáveis latifúndios da nossa desgraça ; um arrendamento acintoso e gerador de uma dependência imprópria para a época ; absurdas cedências de terra , em regime de exploração de campanha (seis meses ), repescada dos antigos seareiros ,esses abnegados homens da terra levados a exaustão pelos desumanizados detentores da terra ; a prevalência de sociedades agrícolas ,ou seja, agricultura sem rosto aonde a terra pode ser detida pelas mais estranhas criaturas com os propósitos mais inconfessáveis ; fez a negociação do primeiro QCA visando os interesses dos grandes donos do Alentejo e não a agricultura regional com a agravante daquele se ter encadeado com os dois seguintes que coartou seriamente a acção dos governates seguintes ; .O Alentejo ficou a produzir menos , mais despovoado , fragilizado, e vulnerável .Transformou-se no que se vê : num El`Dorado em franca colonização alienígena , autêntico moicano de final de ciclo ,
3----.O facto do Alentejo estar a ser alvo de uma enorme aquisição de terras por parte de estranjeiros , por detrás dos quias se acobertam autênticas centrais de financiamento que não olham a preços , custos , prazos ou juros, perante uma promessa de compra de terras no Alentejo , assume contornos invulgares com consequências difíceis de imaginar . É que estamos a tratar do espaço físico ancestral sobre o qual se exerce na nossa nacionalidade / regionalidade ,que, de forma alguma ,pode ser alienado seja a que pretexto for .Não é convertível em dinheiro nem em coisa alguma . Enquanto isso está a acontecer há inúmeros aldeãos alentejanos válidos , famintos de terra ; há milhares de jovens com formação agrícola ,que vivem numa tremenda frustração por impossibilidade de a ela aceder Temo que isto tenha consequências . Mas se outras não houver , de uma não nos livramos :--- o sermos a geração vergonha , incapaz de pôr em causa certos direito adquiridos e de implantar alguma justiça fundiária .Geração que capitula miseravelmente ,abrindo mão de uma faixa do nosso território ,e com ela os restos dos cadáveres dos nossos avós que tombaram ,por essas chapadas , para no-las legar. Francisco Pândega (agricultor ); e-mail / Fjnpandega@hotmail.com ; blog / alentejoagrorural.blogspot.com
11.6.06
Alentejo agrorural
E O
DEZ DE JUNHO .
Dia de Portugal , e das Comunidades Lusíadas .Ou seja de Portugal e dessas diásporas lusas , espalhadas pelo mundo , constituídas por portugueses a quem as adversidades da vida ,ou o desejo de aventura , levaram a abalar. Foi Camões quem ,melhor do que ninguém , soube expressar a amargura da ausência da pátria , a dor de senti-la combalida e a magoa de vê-la a perder-se Um drama que tem perpassado por muitos nós em iguais circunstâncias Mas essa dor é particularmente sentida por parte dos que , no rescaldo da descolonização muito longe e em perigo , não foram socorridos mais parecendo ter sido objecto de obscuras negociações .
O 10 de Junho de 1975 foi particularmente penoso para mim e muitos outros portugueses que debandavam de Africa A pátria havia-nos abandonado . Sabemos ,por sentir na carne , o que é ser abandonado em situação de perigo .Na fuga ficou-nos ouvidos um “vai-te embora colono explorador que esta não é a tua terra” . Terra /pátria duas palavras que assumem gigantesco significado quando longe e nas situações de perigo Com mulher e três filhas meti-me ao caminho sempre a lutar para manter a integridade física . Atravessei as terras desérticas da Namíbia aonde bandos criminosos esperavam os incautos que as atravessavam, com especial predilecção para brancos principalmente se portugueses . O medo , nas vastidões ,modifica-nos .Sem saber como , apossamo-nos de uma certa coragem e ousadia que desconhecíamos possuir O meu maior desejo era ter uma máquina que catapultasse a minha família ,por cima do Atlântico, fazendo-a pousar em Portugal ,afim de que ,com ela a salvo , ficar mais disponível para a luta.
Depois de ter atravessado a Africa Austral , com inicio no Zaire , parei ,meses depois , aonde “acaba a terra e começa o mar” ou seja na cidade do Cabo. Um modesto emprego numa quinta pertença de uma família - ele sueco ela bóer - .Precisava de pôr os nervos em ordem . E de uma explicação para o facto da pátria me ter abandonado.
Começou ,porem ,aí , outra fase do mesmo drama . As noticias eram más .A pátria estava a esboroar-se . Isso tinha reflexos imediatos nas relações com as outras comunidades presentes na Africa do Sul . Nós éramos, para eles , poltrões que fogem sem dar luta ; néscios e estúpidos com opções colectivistas ; os madeirenses , a maior colónia estrangeira , da Africa do sul, diziam-se ser madeirenses somente ; alguns de nós evitavam dizer-se portugueses . Passar pela deprimente experiência de sentir-se apátrida ,é uma situação atroz que nos vara , fragiliza e faz-nos adoecer . Atónito e transido de dor, ia frequentemente ao promontório do Cabo das Tormentas . Local aonde esteve o nosso antepassado Camões e onde certamente sofreu , tal como nós , as magoas provocadas por uma pátria nem sempre justa para com alguns dos seus filhos .Precisava de pôr em ordem os meus conceitos já que as circunstâncias ,os desorganizavam na minha cabeça . Aquele lugar convidava à reflexão . As notícias vindas de Portugal afectavam-me imenso . No alto do colossal penhasco ,viam-se , a nossos pés ,na linha imaginária que separa o Atlântico do Indico , recifes emergentes .Certamente aqueles com os quais colidiram as nossas naus . Á memória ocorria-me aquele quadro , sempre presente na escola primaria da minha infância , em que , a sair de um tormentoso naufrágio, Camões nadava para terra , de braço erguido com os Lusíadas numa das mãos . Era um pedaço de uma pátria com um passado glorioso que contrastava com a cobardia porque estávamos a passar .
Regressar à minha pátria tornou-se numa obsessão .Afinal eu era e sou pertença do Alentejo Mal eu pensava que ai vinha a ser recebido ,não como ignoto filho que regressasse a casa , mas sim como alguém que andou por lá “a explorar os pretos e estava de volta para retirar os empregos dos que cá estavam” . Tive pena dos meus ex-companheiros de trabalhos esforçados dos donos das herdades , da periferia da aldeia mas que nem sequer conhecíamos , onde congeminamos inocentes acções revolucionarias . Cristalizados ,tive pena deles . Ao vê-los sentia-me insultado pelo que fizeram dos meus indefesas companheiros que nem sequer sabem avaliar a força da sua razão. Mal vai a pátria que não administra o seu espaço rural de forma a dar uma oportunidade aos seus filhos . O mantê-los na dependência de estranhos, que se apoderam do meio e retiram a identidade de um povo, tem custos ,Estão-se agora a pagar
E hoje , 10 de Junho de 2006, continuo com fundadas razões para estar preocupado em relação á integridade territorial da minha pátria . Agora , por processos mais modernos , está a ser adquirida por estrangeiros coisa que ao longo da história não conseguiram pela força das armas . Isto não aconteceria se tivesse havido o cuidado de incluir as gentes rústicas na administração da vida das aldeias . Sequiosos por dinheiro , alienamos o nosso espaço sagrado . Seduzidos por uma aparente eficácia agrícola , não percebemos podemos estar na presença de investimentos a ser feitos à conta dos custos de ocupação ; não percebemos que as sucessivas miraculosas soluções agrícolas , que impensadamente andamos a exaltar , se têm traduzido em outros tantos e sucessivos fracassos .Resistem esses estóicos e ignorados agricultores tradicionais que , sem alterar os sistemas mas sim os equipamentos, mantêm viva a chama agrícola adequada ás exigências da globalização
Já Camões sabia que , entre nós , havia, e há, muitos que capitulam deslumbrados pelo poder económico dos nossos vizinhos . Há , porem, outros, entre os quais os causticados por longa permanência no estrangeiro que , conjuntamente com a arraia miúda , não irão deixar de responder as suas responsabilidades para com a pátria É que ,a continuar assim ,dentre em pouco tempo ,não haverão razões para festejar o 10 de Junho ,no Alentejo
Certamente que as coisas não chegarão a tanto .Felizmente temos um governo a quem não falta coragem para enfrentar as corporações . Que não demore a confrontar as corporações fundiárias , com as exigências da pátria , é o que se espera . È que ,a não ser que se actue com celeridade , os próximos 10 de Junho podem não ter razão de acontecer entre nós .FRANCISCO PÂNDEGA (agricultor ) ; E-mail :- fjnpandega@hotmail.com ; blog.- alentejoagrorural.blogspot.com
E O
DEZ DE JUNHO .
Dia de Portugal , e das Comunidades Lusíadas .Ou seja de Portugal e dessas diásporas lusas , espalhadas pelo mundo , constituídas por portugueses a quem as adversidades da vida ,ou o desejo de aventura , levaram a abalar. Foi Camões quem ,melhor do que ninguém , soube expressar a amargura da ausência da pátria , a dor de senti-la combalida e a magoa de vê-la a perder-se Um drama que tem perpassado por muitos nós em iguais circunstâncias Mas essa dor é particularmente sentida por parte dos que , no rescaldo da descolonização muito longe e em perigo , não foram socorridos mais parecendo ter sido objecto de obscuras negociações .
O 10 de Junho de 1975 foi particularmente penoso para mim e muitos outros portugueses que debandavam de Africa A pátria havia-nos abandonado . Sabemos ,por sentir na carne , o que é ser abandonado em situação de perigo .Na fuga ficou-nos ouvidos um “vai-te embora colono explorador que esta não é a tua terra” . Terra /pátria duas palavras que assumem gigantesco significado quando longe e nas situações de perigo Com mulher e três filhas meti-me ao caminho sempre a lutar para manter a integridade física . Atravessei as terras desérticas da Namíbia aonde bandos criminosos esperavam os incautos que as atravessavam, com especial predilecção para brancos principalmente se portugueses . O medo , nas vastidões ,modifica-nos .Sem saber como , apossamo-nos de uma certa coragem e ousadia que desconhecíamos possuir O meu maior desejo era ter uma máquina que catapultasse a minha família ,por cima do Atlântico, fazendo-a pousar em Portugal ,afim de que ,com ela a salvo , ficar mais disponível para a luta.
Depois de ter atravessado a Africa Austral , com inicio no Zaire , parei ,meses depois , aonde “acaba a terra e começa o mar” ou seja na cidade do Cabo. Um modesto emprego numa quinta pertença de uma família - ele sueco ela bóer - .Precisava de pôr os nervos em ordem . E de uma explicação para o facto da pátria me ter abandonado.
Começou ,porem ,aí , outra fase do mesmo drama . As noticias eram más .A pátria estava a esboroar-se . Isso tinha reflexos imediatos nas relações com as outras comunidades presentes na Africa do Sul . Nós éramos, para eles , poltrões que fogem sem dar luta ; néscios e estúpidos com opções colectivistas ; os madeirenses , a maior colónia estrangeira , da Africa do sul, diziam-se ser madeirenses somente ; alguns de nós evitavam dizer-se portugueses . Passar pela deprimente experiência de sentir-se apátrida ,é uma situação atroz que nos vara , fragiliza e faz-nos adoecer . Atónito e transido de dor, ia frequentemente ao promontório do Cabo das Tormentas . Local aonde esteve o nosso antepassado Camões e onde certamente sofreu , tal como nós , as magoas provocadas por uma pátria nem sempre justa para com alguns dos seus filhos .Precisava de pôr em ordem os meus conceitos já que as circunstâncias ,os desorganizavam na minha cabeça . Aquele lugar convidava à reflexão . As notícias vindas de Portugal afectavam-me imenso . No alto do colossal penhasco ,viam-se , a nossos pés ,na linha imaginária que separa o Atlântico do Indico , recifes emergentes .Certamente aqueles com os quais colidiram as nossas naus . Á memória ocorria-me aquele quadro , sempre presente na escola primaria da minha infância , em que , a sair de um tormentoso naufrágio, Camões nadava para terra , de braço erguido com os Lusíadas numa das mãos . Era um pedaço de uma pátria com um passado glorioso que contrastava com a cobardia porque estávamos a passar .
Regressar à minha pátria tornou-se numa obsessão .Afinal eu era e sou pertença do Alentejo Mal eu pensava que ai vinha a ser recebido ,não como ignoto filho que regressasse a casa , mas sim como alguém que andou por lá “a explorar os pretos e estava de volta para retirar os empregos dos que cá estavam” . Tive pena dos meus ex-companheiros de trabalhos esforçados dos donos das herdades , da periferia da aldeia mas que nem sequer conhecíamos , onde congeminamos inocentes acções revolucionarias . Cristalizados ,tive pena deles . Ao vê-los sentia-me insultado pelo que fizeram dos meus indefesas companheiros que nem sequer sabem avaliar a força da sua razão. Mal vai a pátria que não administra o seu espaço rural de forma a dar uma oportunidade aos seus filhos . O mantê-los na dependência de estranhos, que se apoderam do meio e retiram a identidade de um povo, tem custos ,Estão-se agora a pagar
E hoje , 10 de Junho de 2006, continuo com fundadas razões para estar preocupado em relação á integridade territorial da minha pátria . Agora , por processos mais modernos , está a ser adquirida por estrangeiros coisa que ao longo da história não conseguiram pela força das armas . Isto não aconteceria se tivesse havido o cuidado de incluir as gentes rústicas na administração da vida das aldeias . Sequiosos por dinheiro , alienamos o nosso espaço sagrado . Seduzidos por uma aparente eficácia agrícola , não percebemos podemos estar na presença de investimentos a ser feitos à conta dos custos de ocupação ; não percebemos que as sucessivas miraculosas soluções agrícolas , que impensadamente andamos a exaltar , se têm traduzido em outros tantos e sucessivos fracassos .Resistem esses estóicos e ignorados agricultores tradicionais que , sem alterar os sistemas mas sim os equipamentos, mantêm viva a chama agrícola adequada ás exigências da globalização
Já Camões sabia que , entre nós , havia, e há, muitos que capitulam deslumbrados pelo poder económico dos nossos vizinhos . Há , porem, outros, entre os quais os causticados por longa permanência no estrangeiro que , conjuntamente com a arraia miúda , não irão deixar de responder as suas responsabilidades para com a pátria É que ,a continuar assim ,dentre em pouco tempo ,não haverão razões para festejar o 10 de Junho ,no Alentejo
Certamente que as coisas não chegarão a tanto .Felizmente temos um governo a quem não falta coragem para enfrentar as corporações . Que não demore a confrontar as corporações fundiárias , com as exigências da pátria , é o que se espera . È que ,a não ser que se actue com celeridade , os próximos 10 de Junho podem não ter razão de acontecer entre nós .FRANCISCO PÂNDEGA (agricultor ) ; E-mail :- fjnpandega@hotmail.com ; blog.- alentejoagrorural.blogspot.com
28.5.06
Alentejo agro-rural
e a
TITULARIDADE DA PROPRIEDADE RÚSTICA
1--- È inadmissível que o nosso Alentejo , se bem que uma região vastíssima e ubérrima , tenha tão baixos níveis de produção e tão mau estar rural ; que ,tendo tão vastas potencialidades agro-sócio-económicas , as suas gentes debandem por lhes ser impossível a permanência , aqui, com um mínimo de dignidade ; sabido que é deste facto que deriva este estranho estado de abulia , permissão e complacência , ao ponto de permitimos a anexação económica de uma larga faixa de Alentejo , ao território estrangeiro contíguo, sem um gesto de desagrado , algo está errado entre nós .E a pergunta óbvia impõem-se-nos . Como caímos tão baixo ?.E o que é preciso fazer para arribarmos ?
Façamos um pequeno exercício de analise, de desde há duzentos anos para cá ,( o fim da estabilidade agro-rural e inicio do presente desaire ) e identificar-se-ão uma sucessão de asneiras ,que mais parecem ser crimes lesa pátria , e encontrar-se-ão as soluções possíveis para sairmos deste atoleiro .
È preciso que se entenda , de uma vez por todas, que :--- A nossa debilidade sócio-económica é de origem rural ,sector que perpassa transversalmente toda a nossa sociedade , afectando severamente a nossa vivência colectiva ..Por outras palavras :-- só regressaremos à normalidade depois de ordenado o nosso mundo rural , dando oportunidade de acesso aos mais capazes ,.Ou, por fim, se assuma que :- nada, mas mesmo nada, resulta e funciona , entre nós , enquanto não tivermos a coragem de restabelecer um sector rural , sólido e autónomo, que funcione como factor de equilíbrio da nossa vivência colectiva .
2)---- Até ao ultimo quartel do século XIX , as terras eram pertença , de três entidades :--- a igreja/ordens religiosas ,dos nobres , e das comunidades locais a quem pertenciam os baldios tutelados pelos municípios .A terra não era objecto de venda processando-se a sua transmissão por sucessão, doação , aforamento ou enfiteuse e consuetudinário ou usucapião. Nos dois séculos seguintes , e até aos nossos dias , o Alentejo foi palco da maior selvajaria fundiária , de uma ocupação sem regras ,por parte de alienígenas , do que resultou na mais despudorada e inumana submissão da indefesa comunidade rural autóctone , incapaz de se opor aos novos conquistadores .Do que resultou , desde então e até hoje , o Alentejo estar submetido a uma incrível rapina de meios e subjugação das suas gentes . Daí que tenhamos caída tão baixo ao ponto da própria soberania estar ameaçada , o que implica a tomada de medidas corajosas que forçosamente terão que pôr em causa muitos direitos adquiridos inclusivamente uma limitação da titularidade já que nos tornamos indignos da actual fórmula de alienação
a)----O Alentejo , do ultimo quartel do século XIX , devido á forma como o mato regenera e aos pouco eficientes equipamentos agrícolas de então , era um matagal . Mas todo tinha dono. A igreja , que é a parte que vamos tratar neste escrito , tinha uma parte considerável estimada em cerca de um terço da área total Obtinha as terras geralmente por doações , dado haver pessoas que , quer porque não tivessem herdeiros , porque tivessem promessas por pagar , quer porque fossem benfeitoras , legavam os seus bens ,no todo ou em parte, á igreja Era a partir daí que provinham meios para a assistência social para a qual , desde sempre , teve particular vocação:--- ensino , hospitais , hospícios ,creches, lares , etc.
O aforamento era a formula usual de cedência de propriedades agrícolas Escolhido o foreiro , entre as pessoas , de bem e aptas para o exercício da actividade , era elaborado o respectivo contrato que incluía a forma de pagamento , em espécie , que consistia em determinadas quantidades de trigo, azeite ,carne, ovos ,lã ,borregos, porcos , frutas , etc. , de acordo com o tipo de exploração a praticar A duração era ilimitada não podendo o contrato ser denunciado enquanto o foreiro cumprisse as anuidades ; a transmissão era exclusivamente pela via da herança
Convenhamos que o sistema era humano , estava certo e tinha todos os componentes para permitir o desenvolvimento agro-social Que mais uma comunidade rural pode aspirar do que ter terra com garantia de permanência e sucessão , pagando uma anuidade previamente acordada cujo destino era a beneficência , o apoio aos desvalidos , o ensino e a saúde ?
b)----A dimensão mais usual do foro (propriedade agrícola ) , era na ordem dos 150Ha. Singularidade que importa realçar dado ser essa superfície funcional ainda hoje Era a quantidade viável para ser percorrida ,pelas estremas, e vir almoçar a casa ; para o gado dar uma volta e vir acarrar ao monte ; enfim, era, e é, a dimensão considerada á escala do homem .
.Num local salubre construíam uma casa e currais e abriam um poço ,que iam melhorando na medida em que houvessem posses e vagar . Nela iam residir diversos lares ,no ordem dos cinco mais ou menos , geralmente da mesma família .
Na periferia, um quinchoso, uma horta , um ferragial ; umas oliveiras enxertadas em zambujeiros umas pereiras e marmeleiro enxertadas sobre carapeteiros ; o resto era matagal aonde pastavam cabras , no mato denso e espinhoso ; ovelhas ,vacas , porcos (dependente da área de montado) ; cavalos , burros e muares . Umas galinha e outras aves (perus, patos, pombos pavões ,) , o colmeal, numa soalheira, caça ,pesca e recolecções e assim se obtenha a auto suficiência alimentar e excedentes que , por sua vez, eram levados para o mercado .
Para alem dos fogos individuais , o monte era o lar comum constituindo-se os residentes num agrupamento do tipo clânico
Há um pormenor que certamente foi tido em conta para esta dimensão e este agrupamento familiar :-- a insegurança.
Esses tempos eram de perseguições , muito violentas e o matagais alentejanos locais de refúgio de marginais . A proximidade de Espanha tornava os matagais tambem usados ,como esconderijo , pelos nossos vizinhos ; as perseguições religiosas e outras ,muito punitivas nessa época , faziam com que muita gente andasse a monte ; depois a desorganização social resultantes das invasões francesas conjuntas com os espanhóis ; mais tarde as lutas liberais .Tudo isso provocava o aparecimento de sucessivas hordas de foragidos que andavam a monte . Impossibilitados de se abastecer nos povoados, atacavam e pilhavam os montes/habitação .
A autodefesa impunha-se Um monte , de paredes sólidas , construído por materiais incombustíveis ;uma boa reserva de alimentos , agua e lenha ; bem armados e municiados ; resistiam bastante bem .Há memoria de quem se tivesse aguentado ,a ataques e cercos , até que viessem em seu socorro ou os sitiantes desistissem .
c)---- Mas entre nós, alentejanos , e ao que parece por ausência de um valor comum que nos una , há uma atávica fragilidade colectiva .Foi-o há duzentos anos é-o ainda hoje e, ao não nos entendermos quanto a unificação do Alentejo ,como região ,continuaremos a ser frageis
O confisco dos bens da igreja resultou na posterior aquisição por uma burguesia de Lisboa , Endinheirada e sem escrúpulos apoderou ,não só das terras como de todos órgão administrativos e rodeou-se de poderosas forças da ordem As punições eram extraordinariamente severas ,prendendo e maltratando todo e qualquer que desse sinais de inconformidade Anularam os legítimos direitos foreiros que haviam sido conferidos pela igreja ; converteram-nos em criados e seareiros ; esbulharam os baldios , locais aonde as gentes das aldeias , pastavam as aduas .
As magnificas oportunidades de desenvolvimento , que se foram sucedendo , foram-se sistematicamente desperdiçando na voragem da rapina . Restando um Alentejo inculto ,empobrecido ,desagregado e subserviente , como convinha . Assim , na segunda metade do séculos dezanove , com a vinda do comboio o aumentos do consumo em Lisboa , o aparecimento da charrua vira aiveca , a substituição dos trabalhos braçais pela tracção animal, a produção a aumentou sem que , para a região tivesse havido a necessária correspondência sm termos de desenvolvimento . Mais tarde , no pós segunda guerra mundial , com a transição da agricultura de tracção animal para a mecanizada , em vez do natural desenvolvimento sócio-económico , deu-se um imenso êxodo rural .Perdeu-se uma oportunidade soberana dado que as aldeias estavam povoadas de gente séria e muito trabalhadora, ansiosa por terra , capaz de dar o desejável impulso . Já nos nossos dias ocorreu uma enorme abundância de fundos comunitários em simultâneo com verbas, ainda maiores, da sobrevalorização da cortiça .Contudo isto saldou-se no estado deplorável em que nos encontramos ,ao ponto de estarmos a claudicar perante os nossos bem financiados vizinhos espanhóis .
Importa reconhecer que na ultima geração foram tomadas algumas medidas no bom sentido :--- António Barreto devolveu as terras , então achadas suficientes , aos latifundiários expropriados ; Sá Carneiro , a partir das áreas remanescentes , instalou alguns milhares de novos agricultores ; Capoulas Santos ,prevendo o que ia acontecer , condicionou a venda da terra , institucionalizou um banco de terras para opção de aquisição , plafonou os subsídios, etc . Mas o poder instalado , desde 1835, já se havia recomposto .A sedução pelas receitas fáceis , sem ser escrutinado pelas regras do mercado e dispensando a anuência da comunidade rural residente , é de facto uma situação de privilegio que importava recuperar . Conseguiram anular todas estas óptimas iniciativas Só a globalização e a regionalização os faz tremer .Daí a venda apressada ,sem olhar a quem , desde que haja dinheiro .
Nunca se sabe se algum dele terá origem nas montanhas do Afeganistão .É a tradicional rapina no seu melhor . Mais parece o precipitado abandono do barco. Barco que eles abalroaram .
3---- A nossa ineficiência rural é alarmante ; o apetite pelo nosso espaço é preocupante ; a nossa inoperacionalidade agricola ,em época de globalização , é desesperante .As soluções que poderiam ter sido tomadas de forma faseada terão que ser impostas de supetão Mexer no estatuto da terra , heresia que até há era apodada de comunismo , agora tornou-se numa inevitabilidade urgente . Efectivamente isto já não vai com paninhos quentes .Tem que se ir ao cerne da questão ou seja á limitação da titularidade da terra .Nós não fomos dignos da presente liberdade de alienação .Não obstante terem passado duzentos anos e a marcha do tempo ter trazido considerável modernidade , a fórmula aforamento / desenvolvimento social , que era usada pelas ordens religiosas , contem as bases para a presente reforma . Com novos meios e outros protagonistas , certamente .De facto há regras imutáveis. Esta é uma delas
Francisco Pândega (agricultor ) ; e-mail:-- fjnpandega@hotmail.com
; blog:-alentejoagrorural.blospot.com
e a
TITULARIDADE DA PROPRIEDADE RÚSTICA
1--- È inadmissível que o nosso Alentejo , se bem que uma região vastíssima e ubérrima , tenha tão baixos níveis de produção e tão mau estar rural ; que ,tendo tão vastas potencialidades agro-sócio-económicas , as suas gentes debandem por lhes ser impossível a permanência , aqui, com um mínimo de dignidade ; sabido que é deste facto que deriva este estranho estado de abulia , permissão e complacência , ao ponto de permitimos a anexação económica de uma larga faixa de Alentejo , ao território estrangeiro contíguo, sem um gesto de desagrado , algo está errado entre nós .E a pergunta óbvia impõem-se-nos . Como caímos tão baixo ?.E o que é preciso fazer para arribarmos ?
Façamos um pequeno exercício de analise, de desde há duzentos anos para cá ,( o fim da estabilidade agro-rural e inicio do presente desaire ) e identificar-se-ão uma sucessão de asneiras ,que mais parecem ser crimes lesa pátria , e encontrar-se-ão as soluções possíveis para sairmos deste atoleiro .
È preciso que se entenda , de uma vez por todas, que :--- A nossa debilidade sócio-económica é de origem rural ,sector que perpassa transversalmente toda a nossa sociedade , afectando severamente a nossa vivência colectiva ..Por outras palavras :-- só regressaremos à normalidade depois de ordenado o nosso mundo rural , dando oportunidade de acesso aos mais capazes ,.Ou, por fim, se assuma que :- nada, mas mesmo nada, resulta e funciona , entre nós , enquanto não tivermos a coragem de restabelecer um sector rural , sólido e autónomo, que funcione como factor de equilíbrio da nossa vivência colectiva .
2)---- Até ao ultimo quartel do século XIX , as terras eram pertença , de três entidades :--- a igreja/ordens religiosas ,dos nobres , e das comunidades locais a quem pertenciam os baldios tutelados pelos municípios .A terra não era objecto de venda processando-se a sua transmissão por sucessão, doação , aforamento ou enfiteuse e consuetudinário ou usucapião. Nos dois séculos seguintes , e até aos nossos dias , o Alentejo foi palco da maior selvajaria fundiária , de uma ocupação sem regras ,por parte de alienígenas , do que resultou na mais despudorada e inumana submissão da indefesa comunidade rural autóctone , incapaz de se opor aos novos conquistadores .Do que resultou , desde então e até hoje , o Alentejo estar submetido a uma incrível rapina de meios e subjugação das suas gentes . Daí que tenhamos caída tão baixo ao ponto da própria soberania estar ameaçada , o que implica a tomada de medidas corajosas que forçosamente terão que pôr em causa muitos direitos adquiridos inclusivamente uma limitação da titularidade já que nos tornamos indignos da actual fórmula de alienação
a)----O Alentejo , do ultimo quartel do século XIX , devido á forma como o mato regenera e aos pouco eficientes equipamentos agrícolas de então , era um matagal . Mas todo tinha dono. A igreja , que é a parte que vamos tratar neste escrito , tinha uma parte considerável estimada em cerca de um terço da área total Obtinha as terras geralmente por doações , dado haver pessoas que , quer porque não tivessem herdeiros , porque tivessem promessas por pagar , quer porque fossem benfeitoras , legavam os seus bens ,no todo ou em parte, á igreja Era a partir daí que provinham meios para a assistência social para a qual , desde sempre , teve particular vocação:--- ensino , hospitais , hospícios ,creches, lares , etc.
O aforamento era a formula usual de cedência de propriedades agrícolas Escolhido o foreiro , entre as pessoas , de bem e aptas para o exercício da actividade , era elaborado o respectivo contrato que incluía a forma de pagamento , em espécie , que consistia em determinadas quantidades de trigo, azeite ,carne, ovos ,lã ,borregos, porcos , frutas , etc. , de acordo com o tipo de exploração a praticar A duração era ilimitada não podendo o contrato ser denunciado enquanto o foreiro cumprisse as anuidades ; a transmissão era exclusivamente pela via da herança
Convenhamos que o sistema era humano , estava certo e tinha todos os componentes para permitir o desenvolvimento agro-social Que mais uma comunidade rural pode aspirar do que ter terra com garantia de permanência e sucessão , pagando uma anuidade previamente acordada cujo destino era a beneficência , o apoio aos desvalidos , o ensino e a saúde ?
b)----A dimensão mais usual do foro (propriedade agrícola ) , era na ordem dos 150Ha. Singularidade que importa realçar dado ser essa superfície funcional ainda hoje Era a quantidade viável para ser percorrida ,pelas estremas, e vir almoçar a casa ; para o gado dar uma volta e vir acarrar ao monte ; enfim, era, e é, a dimensão considerada á escala do homem .
.Num local salubre construíam uma casa e currais e abriam um poço ,que iam melhorando na medida em que houvessem posses e vagar . Nela iam residir diversos lares ,no ordem dos cinco mais ou menos , geralmente da mesma família .
Na periferia, um quinchoso, uma horta , um ferragial ; umas oliveiras enxertadas em zambujeiros umas pereiras e marmeleiro enxertadas sobre carapeteiros ; o resto era matagal aonde pastavam cabras , no mato denso e espinhoso ; ovelhas ,vacas , porcos (dependente da área de montado) ; cavalos , burros e muares . Umas galinha e outras aves (perus, patos, pombos pavões ,) , o colmeal, numa soalheira, caça ,pesca e recolecções e assim se obtenha a auto suficiência alimentar e excedentes que , por sua vez, eram levados para o mercado .
Para alem dos fogos individuais , o monte era o lar comum constituindo-se os residentes num agrupamento do tipo clânico
Há um pormenor que certamente foi tido em conta para esta dimensão e este agrupamento familiar :-- a insegurança.
Esses tempos eram de perseguições , muito violentas e o matagais alentejanos locais de refúgio de marginais . A proximidade de Espanha tornava os matagais tambem usados ,como esconderijo , pelos nossos vizinhos ; as perseguições religiosas e outras ,muito punitivas nessa época , faziam com que muita gente andasse a monte ; depois a desorganização social resultantes das invasões francesas conjuntas com os espanhóis ; mais tarde as lutas liberais .Tudo isso provocava o aparecimento de sucessivas hordas de foragidos que andavam a monte . Impossibilitados de se abastecer nos povoados, atacavam e pilhavam os montes/habitação .
A autodefesa impunha-se Um monte , de paredes sólidas , construído por materiais incombustíveis ;uma boa reserva de alimentos , agua e lenha ; bem armados e municiados ; resistiam bastante bem .Há memoria de quem se tivesse aguentado ,a ataques e cercos , até que viessem em seu socorro ou os sitiantes desistissem .
c)---- Mas entre nós, alentejanos , e ao que parece por ausência de um valor comum que nos una , há uma atávica fragilidade colectiva .Foi-o há duzentos anos é-o ainda hoje e, ao não nos entendermos quanto a unificação do Alentejo ,como região ,continuaremos a ser frageis
O confisco dos bens da igreja resultou na posterior aquisição por uma burguesia de Lisboa , Endinheirada e sem escrúpulos apoderou ,não só das terras como de todos órgão administrativos e rodeou-se de poderosas forças da ordem As punições eram extraordinariamente severas ,prendendo e maltratando todo e qualquer que desse sinais de inconformidade Anularam os legítimos direitos foreiros que haviam sido conferidos pela igreja ; converteram-nos em criados e seareiros ; esbulharam os baldios , locais aonde as gentes das aldeias , pastavam as aduas .
As magnificas oportunidades de desenvolvimento , que se foram sucedendo , foram-se sistematicamente desperdiçando na voragem da rapina . Restando um Alentejo inculto ,empobrecido ,desagregado e subserviente , como convinha . Assim , na segunda metade do séculos dezanove , com a vinda do comboio o aumentos do consumo em Lisboa , o aparecimento da charrua vira aiveca , a substituição dos trabalhos braçais pela tracção animal, a produção a aumentou sem que , para a região tivesse havido a necessária correspondência sm termos de desenvolvimento . Mais tarde , no pós segunda guerra mundial , com a transição da agricultura de tracção animal para a mecanizada , em vez do natural desenvolvimento sócio-económico , deu-se um imenso êxodo rural .Perdeu-se uma oportunidade soberana dado que as aldeias estavam povoadas de gente séria e muito trabalhadora, ansiosa por terra , capaz de dar o desejável impulso . Já nos nossos dias ocorreu uma enorme abundância de fundos comunitários em simultâneo com verbas, ainda maiores, da sobrevalorização da cortiça .Contudo isto saldou-se no estado deplorável em que nos encontramos ,ao ponto de estarmos a claudicar perante os nossos bem financiados vizinhos espanhóis .
Importa reconhecer que na ultima geração foram tomadas algumas medidas no bom sentido :--- António Barreto devolveu as terras , então achadas suficientes , aos latifundiários expropriados ; Sá Carneiro , a partir das áreas remanescentes , instalou alguns milhares de novos agricultores ; Capoulas Santos ,prevendo o que ia acontecer , condicionou a venda da terra , institucionalizou um banco de terras para opção de aquisição , plafonou os subsídios, etc . Mas o poder instalado , desde 1835, já se havia recomposto .A sedução pelas receitas fáceis , sem ser escrutinado pelas regras do mercado e dispensando a anuência da comunidade rural residente , é de facto uma situação de privilegio que importava recuperar . Conseguiram anular todas estas óptimas iniciativas Só a globalização e a regionalização os faz tremer .Daí a venda apressada ,sem olhar a quem , desde que haja dinheiro .
Nunca se sabe se algum dele terá origem nas montanhas do Afeganistão .É a tradicional rapina no seu melhor . Mais parece o precipitado abandono do barco. Barco que eles abalroaram .
3---- A nossa ineficiência rural é alarmante ; o apetite pelo nosso espaço é preocupante ; a nossa inoperacionalidade agricola ,em época de globalização , é desesperante .As soluções que poderiam ter sido tomadas de forma faseada terão que ser impostas de supetão Mexer no estatuto da terra , heresia que até há era apodada de comunismo , agora tornou-se numa inevitabilidade urgente . Efectivamente isto já não vai com paninhos quentes .Tem que se ir ao cerne da questão ou seja á limitação da titularidade da terra .Nós não fomos dignos da presente liberdade de alienação .Não obstante terem passado duzentos anos e a marcha do tempo ter trazido considerável modernidade , a fórmula aforamento / desenvolvimento social , que era usada pelas ordens religiosas , contem as bases para a presente reforma . Com novos meios e outros protagonistas , certamente .De facto há regras imutáveis. Esta é uma delas
Francisco Pândega (agricultor ) ; e-mail:-- fjnpandega@hotmail.com
; blog:-alentejoagrorural.blospot.com
14.5.06
Alentejo agro-rural
E O NOSSO CHÃO SAGRADO
1--- São milhares de quilómetros quadrados, de solo alentejano, que estão a passar para a posse de estrangeiros designadamente espanhóis. As gentes dos campos, atónitas e incapazes de reagir, comentam: -- seja quem for que vier é impossível que seja tão detestável como estes que cá estão..! Outros, mais conscientes da gravidade, passada a fase de estupefacção, raciocinam: -- Se até aqui havia a esperança de os substituirmos essa fica perdida definitivamente ..! Não tardará muito que se procurem os responsáveis , quer pela da acção quer por omissão , deste acto que configura um crime de lesa – pátria.
2--- Os nossos irmãos extremenhos estavam, até há setenta anos, numa situação análoga à nossa. Conseguiram libertar-se da oligarquia fundiária, dedicaram-se a agricultura, criaram riqueza e hoje são um caso de sucesso em termos agro-económicos.
a-- Mais determinados, enfrentaram-se numa guerra civil feroz e mortífera. Lutaram, sofreram e morreram mas saíram moralmente fortalecidos ,libertando-se dos factores obstrutivos ao seu desenvolvimento agro-rural. Então, libertos e desinibidos, atiraram-se ao trabalho agrícola e restantes actividade socio-económicas, derivadas da agricultura ou para ela destinadas Enquanto isso, nós, incapazes de reagir, vencidos, incultos, empobrecido e dependentes, como convém a quem dispõe de nós, continuamos à margem do desenvolvimento. b--Empreenderam grandes obras de hidráulica agrícola. Represaram a água de Guadiana e desenvolveram o regadio, de tal ordem e em tão boa época, que se desenvolveram exponencialmente. Porque o Guadiana é um rio internacional, Franco reuniu-se com Salazar, na área da irrigar, do que resultou que o nosso ditador, ficando entusiasmado com as suas potencialidades, resolveu, ali mesmo, dar inicio à barragem de Alqueva. Para tal reuniu-se com os grandes proprietários alentejanos. Tão negativa foi a sua reacção que o velho ditador não só recuou, no seu propósito, como entregou as gentes alentejanas ao seu livre arbítrio. Daí o êxodo da década cinquenta. Daí a nossa estagnação que, não obstante os colossais incentivos, perdura até aos dias de hoje.
c) – Adquiriram autonomia regional, com poderes alargados validados pela votação livre e consciente dos extremenhos. Enquanto que nós , deixamos abortar todas as tentativas nesse sentido. Divididos, estamos a fazer o jogo dos poderosos grandes proprietários . Acontece que estes, sabendo que no dia em que o poder democrático regional estiver institucionalizado, entre nós, terão que mudar de atitude em relação ao uso da terra. Assim melhor se compreende esta apressada transmissão para estrangeiros A detenção da terra ,tal como está , não serve os propósitos regionais sendo somente uma forma de luxúria ostensiva e uma maneira de vergar as gentes do campo. Impantes de poder, sem a devida correspondência em termos profissionais, sempre que ponha em causa a sua legitimidade e o seu desempenho, alardeiem o sagrado direito à terra. Blasfémia que causa náuseas.
d) ---- Esta é uma questão importante que nos pode lançar uns contra os outros. Importa traçar o cenário previsível afim de cada um assumir as suas responsabilidade: ----Os grandes proprietários rurais, aqui implantados desde 1835 e a quem devemos a nossa anulação como povo, vendem o resto das terras e desaparecem e ,com isso, nós mudamos de dono ; a agricultura desenvolve-se imenso a partir da Espanha de onde vêm os factores de produção e para aonde vão as produções afim de serem transformadas e comercializadas; aos pequenos e médios agricultores, certos de que a qualquer conquistador não interessa ter-los como inimigos , já que podem ser sérios perturbadores do indispensvel ios sossego das explorações agrícolas, ficam a produzir para o auto-consumo já que deixam de ter acesso aos sectores comerciais; a restante população, acantonada nas cidades, directa ou indirectamente dependente de salários, cujas verbas terão que vir de Espanha (já que é para ai que vai a produção /impostos) dividem-se em dois grupos :--- os bons profissionais , no activo , não mudam de estatuto já os restantes terão que justificar os direitos adquiridos em termos laborais, reformas, mordomias.Daí que seja preferível sermos nós a fazermos pela vida, mesmo com alguns sacrifícios iniciais, do que faze-lo a mando de outros para quem vá o proveito.
3--- Esta alienação do nosso território tem base falsos pressupostos Sendo verdade que a nossa adesão á UE implica o livre direito de circulação de pessoas , bens e serviços , assim como o de estabelecimento, que o mesmo será dizer a aquisição de bancos, comércios, industrias, etc.,, não é menos verdade que não inclui a livre compra de terras agrícolas. Aliás nem a UE iria incluir ou excluir este sector já que o mesmo é pertença única e exclusiva das comunidades rurais tradicionais. Alem disso os acordos fundacionais da comunidade tem por base a preservação dos povos , nas suas respectivas comunidades , e a intociabilidade nas regiões. Logo, no que respeita á alienação dos espaços aonde se exercem aqueles desígnios , a EU não intervêm (Veja-se o caso da Irlanda)Ora a aquisição e anexação económica de uma considerável parte do Alentejo é algo que ninguém está mandatado para fazer tendo em conta que nós somos simples depositários de um bem com a obrigação implícita de o transmitir a geração seguinte. Ou mais propriamente: -- A terra alentejana não é nossa (no sentido lato do termo) nós é que somos dela e, como tal, não é vendável, já que isso corresponderia a vendermo-nos a nós mesmos .Sendo assim, nós vamos seguir as pegadas estremenhas de êxito garantido :--libertarmo-nos desta estranha oligarquia, instalar o regadio e obter a regionalização . Não precisamos da ajuda de ninguém mas tão só que não nos atrapalhem. Depois , de igual para igual e não de vencidos para vencedores, iremos fazer os acordos que entendermos necessários e que sirvam os interesses de ambas as regiões. De igual para igual, repito. Francisco Pândega (agricultor); e-mail –fjnpandega@hotmail.com; blog – alentejoagrorural.blogspot.com
E O NOSSO CHÃO SAGRADO
1--- São milhares de quilómetros quadrados, de solo alentejano, que estão a passar para a posse de estrangeiros designadamente espanhóis. As gentes dos campos, atónitas e incapazes de reagir, comentam: -- seja quem for que vier é impossível que seja tão detestável como estes que cá estão..! Outros, mais conscientes da gravidade, passada a fase de estupefacção, raciocinam: -- Se até aqui havia a esperança de os substituirmos essa fica perdida definitivamente ..! Não tardará muito que se procurem os responsáveis , quer pela da acção quer por omissão , deste acto que configura um crime de lesa – pátria.
2--- Os nossos irmãos extremenhos estavam, até há setenta anos, numa situação análoga à nossa. Conseguiram libertar-se da oligarquia fundiária, dedicaram-se a agricultura, criaram riqueza e hoje são um caso de sucesso em termos agro-económicos.
a-- Mais determinados, enfrentaram-se numa guerra civil feroz e mortífera. Lutaram, sofreram e morreram mas saíram moralmente fortalecidos ,libertando-se dos factores obstrutivos ao seu desenvolvimento agro-rural. Então, libertos e desinibidos, atiraram-se ao trabalho agrícola e restantes actividade socio-económicas, derivadas da agricultura ou para ela destinadas Enquanto isso, nós, incapazes de reagir, vencidos, incultos, empobrecido e dependentes, como convém a quem dispõe de nós, continuamos à margem do desenvolvimento. b--Empreenderam grandes obras de hidráulica agrícola. Represaram a água de Guadiana e desenvolveram o regadio, de tal ordem e em tão boa época, que se desenvolveram exponencialmente. Porque o Guadiana é um rio internacional, Franco reuniu-se com Salazar, na área da irrigar, do que resultou que o nosso ditador, ficando entusiasmado com as suas potencialidades, resolveu, ali mesmo, dar inicio à barragem de Alqueva. Para tal reuniu-se com os grandes proprietários alentejanos. Tão negativa foi a sua reacção que o velho ditador não só recuou, no seu propósito, como entregou as gentes alentejanas ao seu livre arbítrio. Daí o êxodo da década cinquenta. Daí a nossa estagnação que, não obstante os colossais incentivos, perdura até aos dias de hoje.
c) – Adquiriram autonomia regional, com poderes alargados validados pela votação livre e consciente dos extremenhos. Enquanto que nós , deixamos abortar todas as tentativas nesse sentido. Divididos, estamos a fazer o jogo dos poderosos grandes proprietários . Acontece que estes, sabendo que no dia em que o poder democrático regional estiver institucionalizado, entre nós, terão que mudar de atitude em relação ao uso da terra. Assim melhor se compreende esta apressada transmissão para estrangeiros A detenção da terra ,tal como está , não serve os propósitos regionais sendo somente uma forma de luxúria ostensiva e uma maneira de vergar as gentes do campo. Impantes de poder, sem a devida correspondência em termos profissionais, sempre que ponha em causa a sua legitimidade e o seu desempenho, alardeiem o sagrado direito à terra. Blasfémia que causa náuseas.
d) ---- Esta é uma questão importante que nos pode lançar uns contra os outros. Importa traçar o cenário previsível afim de cada um assumir as suas responsabilidade: ----Os grandes proprietários rurais, aqui implantados desde 1835 e a quem devemos a nossa anulação como povo, vendem o resto das terras e desaparecem e ,com isso, nós mudamos de dono ; a agricultura desenvolve-se imenso a partir da Espanha de onde vêm os factores de produção e para aonde vão as produções afim de serem transformadas e comercializadas; aos pequenos e médios agricultores, certos de que a qualquer conquistador não interessa ter-los como inimigos , já que podem ser sérios perturbadores do indispensvel ios sossego das explorações agrícolas, ficam a produzir para o auto-consumo já que deixam de ter acesso aos sectores comerciais; a restante população, acantonada nas cidades, directa ou indirectamente dependente de salários, cujas verbas terão que vir de Espanha (já que é para ai que vai a produção /impostos) dividem-se em dois grupos :--- os bons profissionais , no activo , não mudam de estatuto já os restantes terão que justificar os direitos adquiridos em termos laborais, reformas, mordomias.Daí que seja preferível sermos nós a fazermos pela vida, mesmo com alguns sacrifícios iniciais, do que faze-lo a mando de outros para quem vá o proveito.
3--- Esta alienação do nosso território tem base falsos pressupostos Sendo verdade que a nossa adesão á UE implica o livre direito de circulação de pessoas , bens e serviços , assim como o de estabelecimento, que o mesmo será dizer a aquisição de bancos, comércios, industrias, etc.,, não é menos verdade que não inclui a livre compra de terras agrícolas. Aliás nem a UE iria incluir ou excluir este sector já que o mesmo é pertença única e exclusiva das comunidades rurais tradicionais. Alem disso os acordos fundacionais da comunidade tem por base a preservação dos povos , nas suas respectivas comunidades , e a intociabilidade nas regiões. Logo, no que respeita á alienação dos espaços aonde se exercem aqueles desígnios , a EU não intervêm (Veja-se o caso da Irlanda)Ora a aquisição e anexação económica de uma considerável parte do Alentejo é algo que ninguém está mandatado para fazer tendo em conta que nós somos simples depositários de um bem com a obrigação implícita de o transmitir a geração seguinte. Ou mais propriamente: -- A terra alentejana não é nossa (no sentido lato do termo) nós é que somos dela e, como tal, não é vendável, já que isso corresponderia a vendermo-nos a nós mesmos .Sendo assim, nós vamos seguir as pegadas estremenhas de êxito garantido :--libertarmo-nos desta estranha oligarquia, instalar o regadio e obter a regionalização . Não precisamos da ajuda de ninguém mas tão só que não nos atrapalhem. Depois , de igual para igual e não de vencidos para vencedores, iremos fazer os acordos que entendermos necessários e que sirvam os interesses de ambas as regiões. De igual para igual, repito. Francisco Pândega (agricultor); e-mail –fjnpandega@hotmail.com; blog – alentejoagrorural.blogspot.com
25.4.06
Alentejo agro-rural
E OS VALORES IDENTITÁRIOS REGIONAIS
1---Não discuto se a regionalização é, ou não, vantajosa para sectores como a justiça, saúde, ensino, etc., ou até mesmo para os centros urbanos. Contudo, sei que, para a agricultura, ambiente, organização do território e poder local, porque actividades que funcionam em articulação com o meio natural, ela é decisiva para uma governação eficaz É imperiosa a sua institucionalização como solução para a gravíssima situação agro-sócio-económica da nossa região Mas o que é uma região, interrogar-se-á quem não esteja calhado com questões desta natureza? É uma determinada área, situada em determinado espaço geográfico, referenciado por coordenadas, a qual, devido a sua localização, entre os pólos e equador, tem um determinado clima. Porem, mesmo no mesmo paralelo, o clima é geralmente modificado pelas correntes de ar que podem ser quentes, frias, húmidas, secas ,se , e quando , a sua proveniência for marítima, continental, polar, equatorial.Desta forma a terra, no sentido lato da palavra, é a somatório das suas regiões. Regiões que, devido aqueles factores , têm vocações agrícolas muito diferenciadas umas das outras. E em cada uma delas o homem, na sua conhecida capacidade de adaptabilidade ao meio, molda-se e articula-se tirando partido dele em seu próprio proveito .Daí ser verdadeira a definição de que uma região é uma unidade geo-sócio-económica , circunscrita a determinado espaço, com características bem diferenciadas . Este é um facto que nós, os agricultores que exercemos a actividade em regiões distantes, bem conhecemos .Tantas vezes por amargas experiências.
2----É neste quadro que se inscreve o Alentejo natural. Directamente influenciado pelo Mediterrâneo, cuja porta de entrada é o Guadiana, que se espraia e determina esta imensa planície. É o nosso Alentejo natural Do encontro entre esta corrente mediterrânica e a atlântica, que sobe pelo vale do Tejo, está a linha de separação entre a planície e a charneca Termina assim o Alentejo e começa o Ribatejo. Ou, como diziam os antigos, acabam as terras transtaganas (Alentejo) e começam as escalabitanas (Ribatejo). Aliás, muito aproximadamente pelos limites administrativos actuais O facto disto não ter sido entendido, tem resultado sucessivos desaires que deformam a nossa vida agro-sócio-económica regional. É neste quadro regional e por entidades locais, que os nossos problemas agro-rurais terão que encontrar solução .È com base na região, com alguma autonomia nas questões agrícolas , que nós teremos que solucionar as contradições que nos minam, que passam pelo desenvolvimento da nossa agro-silvo-pastorícia e pela dignificação da nossa comunidade rural
a)---É que , por não se ter compreendido isto, se levaram a aprovação comunitária programas inadequados á nossa região . Essa é uma, das diversas razões, da nossa ineficácia na aplicação dos fundos comunitários. Do que resulta que, não obstante termos atravessado um período irrepetível de vacas gordas, em que para aqui foram carreadas verbas comunitárias de impressionante volume e , em simultâneo, receitas , ainda muito maiores, provenientes da cortiça, nós saímos dessa abastança como se tivéssemos sido destroçados por uma tremenda intempérie . Nem sequer procedermos ás indispensáveis alterações fundiárias, sector praticamente inamovível desde a idade média.Para dar uma ideia, recordo que a ultima herdade, (a Defesa da Pedra Alçada ) que foi dividida e posta á venda na minha aldeia (Santiago Maior), comprou, meu avô, uma courela, ainda antes de meu pai nascer, (1911). Ora , como só a partir das herdades se redimensionam as courelas dos pequenos agricultores e se fomentam os emparcelamentos , entre si, estando esse sector bloqueado , melhor se compreende que nada, mas mesmo nada, resulta no Alentejo, enquanto este constrangimento não for enfrentado.
b) --Uma abordagem do mundo rural alentejano, à luz da globalização em que estamos inseridos, implica uma autêntica revisão de meios e dos conceitos a nível regional Passada a fase da monocultura cerealífera e dos últimos loucos vinte anos , cujo objectivo foi a captura de subsídios, estamos inseridos numa nova era, que nos é imposta pela livre circulação dos produtos agrícolas , em que temos que reformular as relações homem - terra ,única forma de enfrentar a tremenda concorrência global . Isso impõe que seja dada uma resposta bem fundamentada à interrogação: ---o que produzir e com que sistemas, visando obter um lugar nesse mercado alargado e altamente concorrencial ?. Ou seja, nós somos obrigados a concorrer com regiões que para aqui enviam produtos agrícolas produzidos em concordância com determinado meio regional Vou repetir dada a importância desta afirmação: --- a agricultura tem que ser uma ciência exacta, praticada por verdadeiros conhecedores do meio capazes de produzir de produtos de qualidade e a baixos custos . Isso implica duas condições: --- assiduidade do agricultor e conhecimento da sua exploração ao nível da parcela. Sejamos francos. Os actuais grandes proprietários rurais enquadrar-se-ão nestes conceitos? Evidentemente que não. Temos que ser nós, comunidade rural tradicional, a ombrear o problema. Temos que ser nós a transmitir aos nossos filhos, a nossa experiência, para que eles, alguns dos quais com conhecimentos agrícolas de nível universitário, possam, de uma forma lenta mas sustentada, introduzir-lhes as novas soluções tecnológicas.
c) ---- Ora, é neste quadro que se inscreve o típico homem rústico alentejano Diferente do de outras regiões , já que moldado neste meio inigualável, do qual obviamente resulta um homem rural específico. Homem esse que é a resultante da ancestral exposição e articulação com este clima, solos, correntes de ar , regime e chuvas, orografia, estações do ano, povoamentos arbóreos, recursos naturais e outros. Estes factores determinam um tipo de homem com determinadas características físicas , alimentares, habitacionais, indumentária, dicção, comportamentais ; os quais por sua vez a adoptam usos, costumes e tradições, geralmente relacionados com as actividades e os calendários agrícolas; transmitem, de geração em geração , valores de carácter religioso, mítico e lendário, étnico, muito usados, entre nós, até aos meados do século passado, altura em que se iniciou o grande êxodo rural; celebram e enaltecem os valores históricos, comemorando acontecimentos importantes, abundantes na nossa região. Nós, os homens rústicos, que fazemos parte integrante dessa especificidade regional, somos o produto acabado dessa circunstância única e inigualável .Esses caracteres, especialmente os de ordem moral , só se transmitem , para as sucessivas gerações, se o homem for o livre detentor do seu meio, única forma desse desígnio de processar naturalmente. Como isso não acontece , entre nós , é a razão pela qual nós somos socialmente um desastre Contudo havia, entre nós, até há pouco, uma réstia de esperança na reversão da situação. Esperança essa que se vai esvaindo na medida que o nosso espaço vai sendo alienado para a posse de alienígenas.
3--- Num quadro regional assim , em que a comunidade rural está assi debilitada e o meio altamente viciado, só medidas ousadas e rápidas poderão reverter a situação. Ousadas, na ida ao fundo da questão; e rápidas para não dar tempo a vender tudo aos espanhóis Nós temos a necessária experiência ,no campo da reestruturação fundiária . Falta-nos , porem , assumir a necessidade de a pôr em prática. Mas convenhamos que isso é ir contra poderosos interesses instalados. Contudo é relativamente pacífica dado que é muito reduzido o número de afectados e porque é comummente adquirido ser essa a causa do nosso drama social e económico. O problema aumenta de gravidade na medida em que já constitui uma clara ameaça á nossa soberania.Importa, como primeiro passo , reconhecer que o mercado , se bem que eficaz na eliminação dos incompetentes noutros sectores da actividade , é absolutamente ineficiente no sector fundiário já que é incapaz , de igual procedimento , em relação aos absentistas e incompetentes que por aí pululam . A nova era da globalização não se compadece com existência de detentores de terras que mais não fazem que impedir o seu normal uso por parte da comunidade rural estabelecida Já que o mercado é insuficiente, na questão fundiária , resta a intervenção da comunidade que , através dos seus representantes regionais , terá que suprir essa lacuna por meio da fiscalidade. Aliás, era esse o meio previsto pelo ex-ministro da agricultura Capoulas Santos, para humanizar o mundo rural alentejano , iniciando essa intervenção pela área de Alqueva . Mas uma condição :--- tem que ser feito por nós , a nível da região , já que outros ,de outras regiões , porque tem problemas diferentes senão mesmo inversos , não nos entendem , não cooperam .Francisco Pândega (agricultor)E-mail: -fjnpandega@hotmail.com Blog. ---Alentejoagrorural.blogspot.com.
E OS VALORES IDENTITÁRIOS REGIONAIS
1---Não discuto se a regionalização é, ou não, vantajosa para sectores como a justiça, saúde, ensino, etc., ou até mesmo para os centros urbanos. Contudo, sei que, para a agricultura, ambiente, organização do território e poder local, porque actividades que funcionam em articulação com o meio natural, ela é decisiva para uma governação eficaz É imperiosa a sua institucionalização como solução para a gravíssima situação agro-sócio-económica da nossa região Mas o que é uma região, interrogar-se-á quem não esteja calhado com questões desta natureza? É uma determinada área, situada em determinado espaço geográfico, referenciado por coordenadas, a qual, devido a sua localização, entre os pólos e equador, tem um determinado clima. Porem, mesmo no mesmo paralelo, o clima é geralmente modificado pelas correntes de ar que podem ser quentes, frias, húmidas, secas ,se , e quando , a sua proveniência for marítima, continental, polar, equatorial.Desta forma a terra, no sentido lato da palavra, é a somatório das suas regiões. Regiões que, devido aqueles factores , têm vocações agrícolas muito diferenciadas umas das outras. E em cada uma delas o homem, na sua conhecida capacidade de adaptabilidade ao meio, molda-se e articula-se tirando partido dele em seu próprio proveito .Daí ser verdadeira a definição de que uma região é uma unidade geo-sócio-económica , circunscrita a determinado espaço, com características bem diferenciadas . Este é um facto que nós, os agricultores que exercemos a actividade em regiões distantes, bem conhecemos .Tantas vezes por amargas experiências.
2----É neste quadro que se inscreve o Alentejo natural. Directamente influenciado pelo Mediterrâneo, cuja porta de entrada é o Guadiana, que se espraia e determina esta imensa planície. É o nosso Alentejo natural Do encontro entre esta corrente mediterrânica e a atlântica, que sobe pelo vale do Tejo, está a linha de separação entre a planície e a charneca Termina assim o Alentejo e começa o Ribatejo. Ou, como diziam os antigos, acabam as terras transtaganas (Alentejo) e começam as escalabitanas (Ribatejo). Aliás, muito aproximadamente pelos limites administrativos actuais O facto disto não ter sido entendido, tem resultado sucessivos desaires que deformam a nossa vida agro-sócio-económica regional. É neste quadro regional e por entidades locais, que os nossos problemas agro-rurais terão que encontrar solução .È com base na região, com alguma autonomia nas questões agrícolas , que nós teremos que solucionar as contradições que nos minam, que passam pelo desenvolvimento da nossa agro-silvo-pastorícia e pela dignificação da nossa comunidade rural
a)---É que , por não se ter compreendido isto, se levaram a aprovação comunitária programas inadequados á nossa região . Essa é uma, das diversas razões, da nossa ineficácia na aplicação dos fundos comunitários. Do que resulta que, não obstante termos atravessado um período irrepetível de vacas gordas, em que para aqui foram carreadas verbas comunitárias de impressionante volume e , em simultâneo, receitas , ainda muito maiores, provenientes da cortiça, nós saímos dessa abastança como se tivéssemos sido destroçados por uma tremenda intempérie . Nem sequer procedermos ás indispensáveis alterações fundiárias, sector praticamente inamovível desde a idade média.Para dar uma ideia, recordo que a ultima herdade, (a Defesa da Pedra Alçada ) que foi dividida e posta á venda na minha aldeia (Santiago Maior), comprou, meu avô, uma courela, ainda antes de meu pai nascer, (1911). Ora , como só a partir das herdades se redimensionam as courelas dos pequenos agricultores e se fomentam os emparcelamentos , entre si, estando esse sector bloqueado , melhor se compreende que nada, mas mesmo nada, resulta no Alentejo, enquanto este constrangimento não for enfrentado.
b) --Uma abordagem do mundo rural alentejano, à luz da globalização em que estamos inseridos, implica uma autêntica revisão de meios e dos conceitos a nível regional Passada a fase da monocultura cerealífera e dos últimos loucos vinte anos , cujo objectivo foi a captura de subsídios, estamos inseridos numa nova era, que nos é imposta pela livre circulação dos produtos agrícolas , em que temos que reformular as relações homem - terra ,única forma de enfrentar a tremenda concorrência global . Isso impõe que seja dada uma resposta bem fundamentada à interrogação: ---o que produzir e com que sistemas, visando obter um lugar nesse mercado alargado e altamente concorrencial ?. Ou seja, nós somos obrigados a concorrer com regiões que para aqui enviam produtos agrícolas produzidos em concordância com determinado meio regional Vou repetir dada a importância desta afirmação: --- a agricultura tem que ser uma ciência exacta, praticada por verdadeiros conhecedores do meio capazes de produzir de produtos de qualidade e a baixos custos . Isso implica duas condições: --- assiduidade do agricultor e conhecimento da sua exploração ao nível da parcela. Sejamos francos. Os actuais grandes proprietários rurais enquadrar-se-ão nestes conceitos? Evidentemente que não. Temos que ser nós, comunidade rural tradicional, a ombrear o problema. Temos que ser nós a transmitir aos nossos filhos, a nossa experiência, para que eles, alguns dos quais com conhecimentos agrícolas de nível universitário, possam, de uma forma lenta mas sustentada, introduzir-lhes as novas soluções tecnológicas.
c) ---- Ora, é neste quadro que se inscreve o típico homem rústico alentejano Diferente do de outras regiões , já que moldado neste meio inigualável, do qual obviamente resulta um homem rural específico. Homem esse que é a resultante da ancestral exposição e articulação com este clima, solos, correntes de ar , regime e chuvas, orografia, estações do ano, povoamentos arbóreos, recursos naturais e outros. Estes factores determinam um tipo de homem com determinadas características físicas , alimentares, habitacionais, indumentária, dicção, comportamentais ; os quais por sua vez a adoptam usos, costumes e tradições, geralmente relacionados com as actividades e os calendários agrícolas; transmitem, de geração em geração , valores de carácter religioso, mítico e lendário, étnico, muito usados, entre nós, até aos meados do século passado, altura em que se iniciou o grande êxodo rural; celebram e enaltecem os valores históricos, comemorando acontecimentos importantes, abundantes na nossa região. Nós, os homens rústicos, que fazemos parte integrante dessa especificidade regional, somos o produto acabado dessa circunstância única e inigualável .Esses caracteres, especialmente os de ordem moral , só se transmitem , para as sucessivas gerações, se o homem for o livre detentor do seu meio, única forma desse desígnio de processar naturalmente. Como isso não acontece , entre nós , é a razão pela qual nós somos socialmente um desastre Contudo havia, entre nós, até há pouco, uma réstia de esperança na reversão da situação. Esperança essa que se vai esvaindo na medida que o nosso espaço vai sendo alienado para a posse de alienígenas.
3--- Num quadro regional assim , em que a comunidade rural está assi debilitada e o meio altamente viciado, só medidas ousadas e rápidas poderão reverter a situação. Ousadas, na ida ao fundo da questão; e rápidas para não dar tempo a vender tudo aos espanhóis Nós temos a necessária experiência ,no campo da reestruturação fundiária . Falta-nos , porem , assumir a necessidade de a pôr em prática. Mas convenhamos que isso é ir contra poderosos interesses instalados. Contudo é relativamente pacífica dado que é muito reduzido o número de afectados e porque é comummente adquirido ser essa a causa do nosso drama social e económico. O problema aumenta de gravidade na medida em que já constitui uma clara ameaça á nossa soberania.Importa, como primeiro passo , reconhecer que o mercado , se bem que eficaz na eliminação dos incompetentes noutros sectores da actividade , é absolutamente ineficiente no sector fundiário já que é incapaz , de igual procedimento , em relação aos absentistas e incompetentes que por aí pululam . A nova era da globalização não se compadece com existência de detentores de terras que mais não fazem que impedir o seu normal uso por parte da comunidade rural estabelecida Já que o mercado é insuficiente, na questão fundiária , resta a intervenção da comunidade que , através dos seus representantes regionais , terá que suprir essa lacuna por meio da fiscalidade. Aliás, era esse o meio previsto pelo ex-ministro da agricultura Capoulas Santos, para humanizar o mundo rural alentejano , iniciando essa intervenção pela área de Alqueva . Mas uma condição :--- tem que ser feito por nós , a nível da região , já que outros ,de outras regiões , porque tem problemas diferentes senão mesmo inversos , não nos entendem , não cooperam .Francisco Pândega (agricultor)E-mail: -fjnpandega@hotmail.com Blog. ---Alentejoagrorural.blogspot.com.
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