8.7.08

AlentejoAgroRural

PORQUÊ…?
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1---A desertificação humana e a reduzida produção e produtividade , no meio rural ,são uma iniludível realidade regional Nos povoados predominam as gentes, reformadas ,achacadas e sem esperança , confinadas aos limites das courelas periféricas , perdendo o contacto com os campos mais alem .. Excluídos da usufruição do espaço rústico . mesmo ate no alargado sentido administrativo , fica-se com a sensação de que somos uns estranhos no nosso próprio meio .Uma comunidade envelhecida já que a juventude ,indisponível para “vender a alma ao diabo” como aconteceu connosco , não se submete a um tipo de suserania que ,em vez de mérito , tenha por base direitos adquiridos de duvidosa legitimidade .Alienando vastas áreas a sociedades , cujos sócios , capitais e propósitos são uma incógnita ,importa que haja alguma prudência defensiva já que o território é , para alem do suporte física sobre o qual se exerce a regionalidade /nacionalidade.,um bem precioso que temos o dever de legar aos nossos vindouros .

2---Face ao exposto convêm responder a algumas interrogações , geralmente com propósitos depreciativos ,que se fazem quando nos analisam :-- Será que nós , gentes rurais alentejanas , temos alguma incapacidade congénita que nos inibe de lutar pelos nossos valores ? Que aconteceu que nos levou a cair nesta atoleiro agro-rural em que nos encontramos ? Será que há alguma forma de sair dele ? Perguntas pertinentes as quais setem que dar uma resposta
. a)— Nos somos os descendentes dos aguerridos “fronteiros” de 1375 que , com base nas lei das Sesmarias, contiveram os sucessivos “fossados” sobre a nossa região ; dos que , recrutados dos campos alentejanos ,foram decisivos na vitória de Aljubarrota .Nós somos os filhos dos heróis vencedores das diversas batalhas da restauração , anulando as ambições que impendiam sobre a nossa região ; nós somos os descendentes dos “foreiros” da primeira metade do século XIX cujo esforço hercúleo , na arroteia do Alentejo , humanizou a nossa região .
Nós somos o que resta da autêntica razia resultante da limitação no acesso ao nosso espaço rústico ; o que sobrou dos indómitos seareiros , de até ao inicio da década cinquenta , que fizeram do Alentejo o celeiro do pais ;somos os destroços do enorme logro que foi a reforma agrária do 25 Abril de 1974; somos os despojos do que foi uma comunidade rural , outrora pujante e orgulhosa da sua condição , hoje , em perda de identidade e qualidade .
Tal planta , até há pouco sã porque tinha as raízes bem fincadas na terra , estiola porque arrancada da sua base de sustentação .
b)--Mas importa não esconder –- se bem que a corar de vergonha --- que também somos os sucessores dos vencidos de uma colonização alienígena que aqui se instalou a partir de 1835 O país , então ainda não refeito das invasões fraco/espanholas , digladiava-se numa guerra fratricida entre duas forças politicas :-- absolutistas e liberais .Entretanto surgiu uma nova classe , denominada “os devoristas” , enriquecida nos rescaldo das invasões francesa e nas lutas fratricidas, que foram os licitadores dos leilões fraudulentos onde se alienou grande parte do Alentejo que há pouco havia sido confiscado á ordens religiosas .
. Os direitos dos foreiros residentes de nada serviram .Nem o facto de pagarem anualmente os respectivos foros ,décimas e dízimos foi tomada em consideração .Tornaram-se os senhores absolutos não só das terras como da administração publica e , .porque não dize-lo , da alma alentejana Poderosos , impiedosos , egoístas sem limites ,não sentiam remorsos de reduzirem á mísera servidão as gentes locais . Quantas mortes prematuras á falta de cuidados ; quantas fomes e misérias inenarráveis a falta de alimentos ; quantas crianças deixaram de ir a escola por terem que trabalhar ; quantos trabalhadores , com o corpos destruídos, foram lançados na exclusão Nos meados da 2ª guerra mundial a situação tornou-se insustentável a debanda mais parecia uma implosão .O estado novo, incapaz de suster o êxodo e , com isso ,continuar a garantir mão de obra barata e dócil aos seus apaniguados, contrafeito , abriu as portas á emigração ; a população rústica ficou reduzida a uma insignificância O 25 de Abril ,foi uma das consequências , um pouco tardia , mas aquilo que poderia ter sido um movimento salvador resultou em mais uma oportunidade perdida.
c)—Dir-se-á que colonização sempre houve e nós , portugueses , fomos os seus arautos nos quatro cantos do mundo ,o que é verdade .Mas também é verdade que regressamos a casa sempre que esses povos entenderam dever ser eles a assumir seu próprio destino
Mas há diferenças abissais só sentidas pelos poucos que tenham tido o ensejo de ter estado nos dois lados da barrica :-- colonizados no Alentejo e de seguida colonizadores em Africa . Enquanto em Africa ,sem condicionar o modo de vida das indígenas , fomos precursores de uma agricultura desenvolvida com base na qual os autóctones iam modernizando a sua , cá houve uma usurpação do espaço e a conversão dos agricultores autóctones em seareiros e trabalhadores rurais ao serviço deles Sem trazerem mais valia tecnológica (pelo simples facto de não saberem nada disto ) limitaram-se locupletarem-se com as receitas e constituíram-se nuns “ empatas “ .
Sendo assim e nas actuais circunstancias ,qual a solução ? É simples . De imediato, e antes de tomar outras medidas mais elaboradas ,aplicar , em simultâneo, as quatro seguintes ;--
“ I)—Que as terras sub aproveitadas ,deixem de se considerar propriedade rústica e se enquadrem no âmbitos do lazer e/ou especulação imobiliária e, como tal , objecto de um imposto especifico ; II)- que se agrave o imposto sucessório sobre as heranças de grandes propriedades rústicas . III)-- as transmissões , quer por arrendamento quer por compra , fiquem limitadas a residentes que provem estar em condições de exercer a actividade de uma forma efectiva e individual ; IV)-que se institucionalize um banco de terras à semelhança dos em uso para aquisição de casa própria” --- Só isto. Parece pouco ,mas não é . Para já , e antes de mais , chega

3--- O que aqui defendo não é inédito nem sequer da minha autoria .Foram medidas aplicadas por três estadistas que se destacaram , pela positiva , na morigeração do AlentejoAgroRural .São eles :--Mário Soares , Sá Carneiro e Capoulas Santos . Dir-se-á ! Então porque não prosseguiram e porque não são visíveis os resultados .? Porque o nossa drama , a razão porque aborta toda e qualquer tentativa de reactivar a actividade rural regional ,é estarmos subordinados ,em termos de ruralidade , a uma Assembleia da Republica centralizada em Lisboa .Como se sabe , nela estão os representantes de todo o país e , como tal , a agir na defesa dos interesses dos seus representados Sendo as decisões tomadas por maioria e essas maiorias são do norte do pais e das áreas urbanas de Lisboa/Setúbal são esses os interesses melhor defendidos .Os primeiros, com problemas diferentes senão mesmo inversos aos nossos , não nos entendem nem cooperam connosco ; os segundos ,área da residência dos interessados directos sobre o Alentejo , sabem que quanto mais débeis nós estivermos tanto melhor para eles na medida em que, com maior tranquilidade , prosseguem na captura dos proventos aqui gerados
A solução , milhentas vezes reproduzida nesta rubrica , só se alcança quando conseguirmos coragem para aplicar as medidas atrás preconizadas ; o Alentejo for regionalizado ; e a nossa agro –ruralidade for gerida pelos melhores de entre nós . Francisco Pândega (agricultor) //e-mail--fjnpandega@hotmail.com // blog--.alentejoagrorural .blogsport.com

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