5.7.05

Alentejo agrorural

E A
ATRACÇÃO DE INVESTIMENTOS

1----Ignorando as colossais potencialidades da nossa região, faz-se tudo para captar capitais estrangeiros para a instalação de fábricas Indo-se ao ponto de clamar, dirigindo-se aos detentores de capitais, – “venham, tomem isto e dêem-nos um emprego! --.” O que nem sempre significa trabalho. Mesmo perante as deslocalizações para outros paraísos laborais, é nesse tema que se insiste, persistindo-se na cegueira de não olhar para a nossa vasta e riquíssima região aonde todos os sonhos sócio-económicos são possíveis Esta atitude deriva de uma já velha perversão, que consiste em defender, a todo o transe, quem trabalha por conta de outrem, dificultando a vida a quem persiste no trabalho por conta própria. Ora, sabendo-se que está no fomento de pequenas empresas , alfobre de auto-emprego e de trabalho persistente , de onde costumam nascer os grandes empresários , ,não se compreende que tudo , em nós , seja contra a sua instalação e sobrevivência Trabalhar por conta de outrem, seja de quem for e qual for o ramo, jamais pode resultar num estatuto social ou nível de vida superior ao seu homólogo que trabalhe por conta própria. Esta circunstância, instalada entre nós, constitui uma gravíssima inversão de valores que importa corrigir. A deslocalização de empresas é o primeiro sinal de algo vai ser inexoravelmente alterado em termos laborais; a necessidade do cumprimento das regras do PEC contem uma clara ameaça à dimensão e regalias da função pública; a presença de entidades estrangeiras, no ramo privado, com uma outra atitude perante a vida, é um claro indicador de que nós estamos errados. Mas mais:-- Se não ousarmos fazer as alterações de moto-próprio fá-las-emos de forma compulsiva. A solução , para o desenvolvimento , passa pelo auto-emprego e jamais (estou-me a referir à agricultura) pelas grandes sociedades agrícolas ou unidades colectivas de produção as quais , absolutamente iguais nos seus propósitos e na inadequação ao nosso meio. São responsáveis por muitos dos nossos danos .

2----- Industrializar o Alentejo? Evidentemente que sim!..Mas fazê-lo com base nos recursos naturais existentes e nas produções para as qual haja vocação ecológica. È assim: --- As indústrias, de mão-de-obra intensiva estão –se ,umas atrás das outras a mudar de local As que ficam arriscam a sus sobrevivência por incapacidade de sobreviver em concorrência; as grandes industrias de alta tecnologia, porque escudadas por uma certa abrangência comercial universal, estão fora do nosso âmbito ; e as outras que laboram com base na matéria-prima regional, essas sim, estão perfeitamente ao nosso alcance devendo ser sobre elas que envidaremos os nossos esforçosContudo ,isto, bloqueado como está , não pode continuar. Inseridos como estamos numa comunidade global de alta competição , é preferível que sejamos nós, por nosso livre arbítrio a proceder ás alterações do que faze-lo a soldo de estrangeiros Sem sonhos utópicos, vejamos o que está claramente ao nosso alcance:-- a extracção dos recursos naturais ,o sector turístico e as agro-indústrias alimentar .

a)--- Recursos naturais . Afinal não somos tão pobres como certos interesses nos pretendem fazer crer O que acontece é que claudicamos perante interesses exógenos , impossibilitando a sus conversão em riqueza e em bem estar social . Sem utopia , conhecendo , como muitos de nós conhecem , a enorme capacidade produtiva e tendo em conta a nova ordem comercial global ,qualquer programa de fomento industrial passa dos recursos naturais, designadamente :
---A existência de mármores , granitos , pirites ,etc., são recursos existentes na nossa região ,dos quais se pode esperar muito , em termos financeiros
---A costa marítima , que geralmente não se menciona , é uma valia económica não despicienda na função portuária , turística, piscatória e outras , que tornam o Alentejo uma invejável potencia regional Com acessibilidades constituir-se-ia na trave mestra do desenvolvimento do Alentejo e da Extremadura
----A cortiça , que incluímos neste capítulo , é um recurso florestal que tem contribuído , em termos financeiros , no último decénio , com verbas superiores (em bruto ) a cem milhões de contos anuais . É muito dinheiro .Tanto que ,só por si e se aqui aplicado , teria transformado o Alentejo , em termos de prosperidade, alcandorando-o da região mais pobre da Europa , para um das mais prosperas

b)--- Turismo . Sem duvida que o Alentejo tem vocação para ser uma boa região turística , em múltiplas vertentes .
---Paisagística A paisagem orográfica e florestal ; o regolfo de Alqueva ; os sistemas agrícolas e seus cultivares ; o clima ameno estável e sem aleatoriedades .Isto num Europa continental tão diferente , convida ao turismo paisagístico senão mesmo à residência da terceira idade que um Alentejo solarengo propicia
--- Histórica . Como toda e qualquer outra região , também neste aspecto temos uma aliciante oferta .Tudo na nossa região é historia Desde a abundante monumentalidade , o testemunho edificado da nossa história , até aos lugares de grandes feitos aos se ficou a dever a nossa soberania . Afinal , não obstante estarmos a passar por um mau momento , somos um povo adulto com um passado que enobrece .Não estamos mortos .
-- Gastronómico .Numa época em que está instalado ,por toda a parte , um certo terror alimentar , se conseguirmos aliar a garantia qualidade ,em termos de ausência de agro-químicos , aos sabores da nossa excelente cozinha , há , neste domínio , uma certo espaço turístico que imposta explorar .

c)--- As agro-indústrias alimentares .Sem subvalorizar os sectores atrás descritos , a autêntica solução ,para a região alentejana , reside na agro-indústria alimentar com base nos produtos agrícolas para os quais temos vocação ecológica ,. Será a partir deles , porque naturalmente de boa qualidade e produzidos a baixos custos ,que deverá assentar o fomento da nossa economia certo de que não há deslocalizações ,certos da sua auto-sustentabilidade . Acresce o facto de , dessa adequação , resultará uma total integração laboral ,ambiental , social . Estou ,como já se deve ter percebido , a falar da carne de porco , do vinho , azeite , horto -frutícolas e pouco mais. Concentrar a produção e a oferta em pouco mas bons produtos , aonde somos imbatíveis ; proceder a uma agressiva divulgação pelos modernos métodos ; toda a nossa produção , assim concentrada , pode ser suficiente para conquistar e manter o nosso próprio nicho de mercado globalizado ou alargado Claro que , sendo estas as culturas base , outras , muitas outras , se terão que efectuar não só como complementares ,das atrás referidas , como para auto-abastecimento regional É esta a verdade económica da nossa região , é este o nosso desígnio agro-social , é este o sistema que se coaduna com a nossa maneira de ser como se fizesse parte integrante do nosso código genético

3--- Este modelo económico implica alterações agro-sociais , no nosso tecido rural , já que importa privilegiar a agricultura do tipo familiar , em explorações de dimensões humanizadas , cujas vantagens são inumeráveis Ele irá facilitar um desenvolvimento exponencial do resultará , numa única geração , a possibilidade de povoar o Alentejo ,nos seus trinta mil quilómetros quadrados , com trinta mil famílias residentes em explorações funcionais ,acrescido de um igual numero de pessoas adjuvantes , o que constitui cerca de 250.000 pessoas directamente adstritas à agricultura . Numa sociedade moderna e equilibrada o número de pessoas directamente ligadas à terra não deve exceder dez por cento da população total Sendo assim , a população do Alentejo seria , tal como a nossa homologa Extremadura , de dois e meio milhões de habitantes .Seria esse o Alentejo de hoje se não tivesses sido vendido , em Lisboa , pela eufemisticamente denominada “venda de bens nacionais” ,do que resultou uma autêntica ocupação por estranhos ,até aos nossos dias , da qual, até hoje, nos não conseguimos libertar Francisco Pândega (agricultor)www.fpandega@iol.pt blog--- www.alentejoagrorural.blogspot.com

Sem comentários: