AlentejoAgroRural
E A POLITICA PARTIDARIA
1---Pode-se afirmar que o nosso sistema político-partidário não tem acompanhado a evolução que se verifica noutros países mais desenvolvidos Exceptuando os Açores a Madeira, não temos regiões político/administrativas, com poderes vinculativos, que defendam a especificidade regional; nem círculos uninominais nos quais os eleitores se revejam no seu deputado individualmente
Vota-se em conjunto para um parlamento, no qual os partidos políticos defendem as suas propostas com abrangência nacional. Disso resulta que o Alentejo, com uma especificidade edafo-climática que o diferencia das outras regiões, com questões agro fundiárias históricas por resolver:; e sendo 33% do pais é representado por 4% dos parlamentares. Enquanto assim for só com um governo forte e de maioria absoluta , há hipótese de uma a solução para os nossos problemas agro-regionais .
2---- Sem me referir á maioria eleitoral que é formada pelos urbanos, com uma visão politica muito própria , há o designado mundo rural com profundas fissuras, no seu seio, de onde resultam três grupos distintos, cujo antagonismo entre si é bem visível nas opções de voto: --- Grandes proprietários fundiários; trabalhadores rurais; e pequenos e médios agricultores
Caracterizamo-los: ---
a) –Os grandes proprietários rurais de hoje , são os descendentes dos aquisições das terras alentejanas , nos leilões fraudulentas, dos bens nacionais, de 1835. São cerca de duas mil famílias que detêm mais de mil hectares em media (10km.2) ou seja mais de dois terços dos 30.000 Km2 que são a área do Alentejo. Estabilizados, apossando-se de todos os órgão governativos , dividiram entre si , pelos métodos da venda dos bens nacionais, os baldios comunitários, envolventes das aldeias, falcatrua que ficou conhecida pelo “esbulho dos baldios “
Apoderaram-se da toda a organização politica/ administrativa /repressiva do Alentejo usando a detenção da terra como forma de subordinar a empobrecida comunidade rural residente De longe e por interpostas pessoas utilizando a administração local e os lacaios do costume, exerciam, com severidade desproporcionada , um poder arbitral sobre as indefesas gentes .Incompetentes ,ao ponto de hoje, duas gerações depois da extinção dos seareiros , a produção ter diminuído significativamente , não obstante as modernas maquinas e fertilizantes e os vultuosos fundos comunitários aqui vertidos .Um despovoamento que nos envergonha
Os proventos ,dantes tal como hoje , são daqui desviados para os seus locais de residência ,dado que os seus actores nunca se sentiram seguros entre nós ..Certos do mal que praticam , eles estão surpreendidos pelo facto de se manterem nesta senda destruidora de valores , sem que a comunidade rural ,não obstante a democracia ,seja capaz de repor a verdade agro-rural
b)—Trabalhadores rurais são os homens que restam nos trabalhos do campo por conta de outrem Hoje suavizado era um trabalho esforçado ,penosos executado por pessoas subnutridas ,iletradas adoentadas e sem assistência medica
. Nos anos cinquenta , logo após a segunda guerra mundial, foi deste grupo que se deu a debandada dos campos alentejanos. Para a periferia de Lisboa, para o estrangeiro, para o ultramar. De lá e por comparação com os outros povos rurais é que bem se via o quão vilipendiados fomos nas nossas terras de origem E ,nas conversas , de uns com os outros , carpindo saudades do nosso Alentejo e chegávamos invariavelmente a conclusão que não sabíamos de quem era o Alentejo, concluindo por uma triste interrogação :---Nosso? Não! Doutros. A nós só nos coube a mais vil subordinação e a certeza de que jamais dele usufruiríamos E daí a razão porque abalamos e daí a razão porque a maioria jamais queria voltar .Sem jactância ,mas também sem humildade , sei do que falo porque pertenço a este grupo .
c)---Pequenos e médios agricultores, em courelas próprias mas que também eram os seareiros, em simultâneo, nas terras dos grandes donos do Alentejo , constituem uma classe hoje extinta . È pena já que eles seriam a semente que daria origem ao povoamento da região numa agricultura perfeitamente adequada á meio regional São estes os descendentes dos foreiros que exploravam, por aforamento , as terras das ordens religiosas, as quais , depois de confiscadas pelo estado, integraram o lote a vender , designado bens nacionais Sem qualquer respeito pelos próprios direitos dos foreiros ,essas terras foram leiloadas ,indiscriminadamente , com foreiro e tudo .De imediato estes foram convertidos em seareiros bem assim como noutro tipo de servos da gleba
Foi um crime de lesa pátria cometida no rescaldo das invasões francesas, devido a necessidade de dinheiro para pagar ao numeroso exercito e as imensa forças da ordem . Foi um crime que se prolongou até nossos dias ; é um crime que tarda em ser repaardo ; é uma péssima herança que deixamos aos nossos filhos
d)--Todas as nações , em diferentes épocas ,tomaram medidas no sentido de impedir que os respectivos mundos rurais fossem apoderados para gananciosos sem escrúpulos Pela época da nossa debandava para o ultramar passava-se no Japão um episódio que importa relembrar
.O General McArtur ,comandante das forças americanas no Oriente , foi incumbidos de reconstruir o Japão .A certa altura foi abordado por uma grupo de mandarins ,( o similar aos nossos latifundiários alentejanos ) , que se queixavam do facto de não estarem a ser respeitados os seus sagrados direitos sobre a terra e sobre as gentes que nelas trabalhavam .A resposta foi peremptória :-- a reconstrução dos Japão far-se-á sem a intervenção de parasitas como vós O Japão é ,hoje, o que é, certamente também devido ao facto de terem extirpados os parasitas
Nos somos o que somos por não termos tido a coragem de empreender um procedimento análogo
3--Sendo este o mundo rural que temos , com uma colonização latifundiária de dois séculos ,qualquer solução passa para inverter esse nefando percurso E hoje, que felizmente temos democracia, resolver-se-á votando na formação partidária que tenha no seu idearia propostas que vão no sentido de colmatar esses erros colossais Detenhamo-nos , um pouco mais , nesta questão.
Não será com esta extrema-esquerda, sem um projecto agro-rural funcional; nem com uma direita que usa a terra como forma de engrandecimento pessoal e de vergar e expulsar a comunidade rural trabalhadora das aldeias. È sim ao centro politico, representado pelo PS, ao qual deverão aderir as franjas mais lúcidas dos trabalhadores rurais e os pequenos e médios agricultores , que terão que compreender que a possibilidade de redimensionar as suas courelas e com isso viabilizar as suas explorações agrícolas só encontra solução num partido do centro-esquerda
Em suma :-- a comunidade rural residente tem que ser informada de que estão em causa os superiores desígnios regionais. ,que o mesmo será dizer o bem-estar e a prosperidade das suas gentes .Importa afirmar , sem a menor duvida , que , se o actual partido de governo for substituído , o mundo rural alentejano caminha para a derrocada, o país fica ingovernável e perdemos o Alentejo como parte integrante do espaço pátrido
Francisco Pândega (agricultor ) /// fjnpandega @hotmail.com /// alentejoagrorural.blogspot.com
19.7.09
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