10.1.07

AlentejoAgroRural

UM ESTILO DE VIDA
Estamos a pagar um preço excessivamente elevado pelo facto de não percebermos que o mundo rural se rege por parâmetros diferentes dos restantes sectores socio-económicos Com uma estranha sedução pela administração centralizada, no topo da qual se tomam medidas nem sempre coincidentes com a verdade agro-regional , estamos a fragilizar de forma irreversível o mundo rural alentejano Daí que , não obstante as colossais potencialidades agro-económicos regionais , o Alentejo não esteja a contribuir , como poderia e deveria ,para a superação da crise económica ,antes sim , está a ser motivo de vergonha nacional .Daí que qualquer solução com vista a reorganizar o mundo rural alentejano tenha que ser de âmbito regional e antecedida de um debate ,a esse mesmo nível , afim de definir quem representa quem.
Nós não podemos persistir no erro de dar um tratamento igual a coisas diferentes A vida de uma região eminentemente agrícola ( o nosso caso) comporta dois estilos : --- Um de índole urbana -- ,o comercio, industria e serviços ( que inclui o promissor sector do turismo ),-- com as suas regras , dimensão e âmbito transnacional ; e outro a agro-silvo-pastorícia , também com as suas regras o a sua dimensão mas de âmbito condicionado pela realidade edafo-climática regional .Senão vejamos

O MERCADO é o factor por excelência para seleccionar os empresários :-- aos bons abre-lhe o caminho do sucesso e aos maus o da substituição Esta é a única forma de um desenvolvimento sustentado .
. Acontece que , sendo valido para os restantes sectores , só parcialmente o é para a agricultura Mais de metade dos nossos campos estão apossados por quem não sabe ou não quer dar-lhe o devido uso sem que a força do mercado os obrigue á respectiva substituição tal como nos outros sectores Fazem uma exploração longínqua e incompetente , por interpostas pessoas , para inglês ver , acobertar uma despudorada rapina dos recursos naturais , a captura de subsídios ,manter um elevado estatuto social e punir os inconformados alentejanos . Impedem , com isso , o normal uso da terra e fragilizam a região que , incapaz de reagir por si própria , esta ser transferida para a posse de estrangeiros
As gentes , sem meios e dependente da segurança social desespera perante a incompreensão do poder que pelo menos até agora tem sido um joguete nas mãos dos poderosos
. Falta, entre nós , um instrumento , complementar do mercado , que consagre simplesmente isto :--- “” que ninguém está mandatado para dar á terra um uso que não se compagine com os superiores desígnios regionais “” . Com ele e a ser usado por entidades que se pautem por princípios honradez regional , solucionar-se-iam , ainda a tempo , os gravíssimos problemas que nos minam.

O TRABALHO ----O conceito de trabalhador rural por conta de outrem é, claramente ,diferente do urbano . Nas cidades tem por principio o cumprimento de horários sob apertada vigilância e em delegar para terceiros a protecção na doença , no desemprego e velhice.
Nos campos , o protótipo do trabalhador rural alentejano ,(não o que trabalhava em grandes ranchos para alguém desconhecido cujas relações eram normalmente de desprezo mutuo assumido individualmente e em grupo). tipo em pequenos grupos
ao serviço de um agricultor , tinha por base um virtual contrato de defesa de interesses mútuos
.O patrão sabia fazer-se respeitar , pela correcção de comportamento , humanização do trato e pelo o exemplo , sendo frequente iniciar os trabalhos dizendo :-- “” façam assim como eu estou a fazer “. sem deixar duvidas quanto a sua exequibilidade
Mas havia outra questão muito importante . Estava sempre subjacente , em nós , a esperança de um dia vir a ser agricultor por conta própria Para o efeito preparávamo-nos intensamente :--- juntava-se dinheiro poupando e trabalhando até ao limite do humano , aperfeiçoava-nos permanentemente e com isso ascendia-se socialmente , facilitando o matrimónio preferencialmente com uma rapariga com bens .O conceito do trabalho próprio assim o impunha Uma experiência milenar a ditar as regras .
Com a transição da lavoura de tracção animal para a mecânica e a extinção dos seareiros , ( o auto-emprego possível á época ) esse sonho longamente acalentado feneceu e com ele a esperança Sem essa perspectiva , trabalhar na sua terra para alguém detestável , tido por usurpador , tornou-se num suplicio Daí o anátema de sermos maus trabalhadores na própria região .

A FAMILIA . Criamos uma sociedade de tal forma defeituosa que deixou de cumprir o dever básico de constituir família e ter filhos .Com isso deixamos envelhecer o nosso tecido social ao ponto de , só por si , se tornar incapaz de se auto-rejuvenescer. Ao que parece a solução passa por entregar essa tarefa aos imigrantes .De facto , quando se chega a isso , torna-se claro que estamos em vias de extinção.
Mas se bem que ter filhos nas urbes se torna num sacrifício o mesmo não acontece no rústico . Numa sociedade rural estabilizada como foi e ainda pode vir a ser a nossa , constituir família e procriar são questões quotidianas que fazem parte da forma de ser e estar no nosso mundo rural . Não estamos a falar de programas , que vão neste ou naquele sentido , afim de aumentar a natalidade .Estamos a falar de afastar os constrangimentos , aqui existentes , para que o ruralismo autêntico funcione em toda a sua plenitude . A constituição da família nuclear é como que um desígnio da natureza ; e ,dela resulta a alargada ou clânica , que constitui como que uma malha de segurança envolvente .É assim o homem rural . Fazem-se filhos para pagar a divida contraída aos progenitores e garantir apoios na velhice . ,Constitui-se família e fazem-se filhos porque é assim mesmo e mais nada .É a natureza a ditar as suas regras .

FACE AO EXPOSTO ,dir-se-á ! Que se passa connosco para que os valores da ruralidade não influenciem beneficamente os da urbanidade , potenciando-se mutuamente ? O mal não está nos urbanos Estes seguem o seu caminho ao seu próprio ritmo O mal está em nós que não conseguimos libertar-nos dos factores que impedem a prossecução do nossos destino
A minha experiência ,na qualidade de trabalhador rural por conta de outrem e pequeno agricultor ,nos campos alentejanos e ,posteriormente e noutras paragens , pesquisador etnólogo especialmente dedicado a articulação dos povos rurais com o meio ,concluo que não há povo algum que resista se impedido de aceder ao seu espaço circundante.
Está nesse caso a comunidade rural alentejana que pode ser assim caracterizada,:--- Limitada na usufruição do seu espaço vital de há 170 anos a esta parte , tem sido severamente punida por não se conformar com tal situação da qual resultou ,não só a perda da capacidade de luta, como da percepção do que lhe esta a acontecer ; os grandes donos do Alentejo ,ausentes e entretidos na dissipação das fabulosas receitas daqui auferidas sentem-se como casta com um direito divino sobre o nosso espaço ancestral , sem que se sintam na obrigação de prestar contas a ninguém ; e estado ( há a esperança que o actual governo encare esta situação de uma forma mais patriótica ) e até a nível da CE , aceitam como representantes da região precisamente os responsáveis pela degradante situação regional .Efectivamente há aqui um ajuste de contas que tarda em ser feito -- Francisco Pândega (agricultor)/// e-mail --fjpandega@hotmail.com /// blog—alentejoagrorural.blogspot.com .

3 comentários:

Anónimo disse...

É com o maior prazer que anuncio que já está em marcha a eleição das 7 Maravilhas de Vila Viçosa .

Esta votação irá ser organizada pelo Terras de Mármore e contará com o apoio e divulgação dos nossos blogues individuais, A Interpretação do Tempo, Calipole – Vila Viçosa – Princesa do Alentejo , INFOCALIPO, Intervisão, O Restaurador da Independência e Tomar Partido, assim como do Neste Meu Alentejo e O Calipolense Taurino .

Esta iniciativa surge no âmbito da votação para as 7 Maravilhas de Portugal, na qual o Paço Ducal de Vila Viçosa está a concurso. Assim com o intuito de chamar a atenção dos Calipolenses, dos Alentejanos, dos Portugueses e dos Cidadãos do Mundo para Vila Viçosa, o seu Paço Ducal e as restantes 20 Maravilhas que estão a concurso, o Terras de Mármore arranca com a votação para as 7 Maravilhas de Vila Viçosa.

Actualmente estão a concurso 61 monumentos do Concelho de Vila Viçosa (Vila Viçosa, Bencatel, Ciladas, São Romão e Pardais), que estão a ser estudados cuidadosamente pelos elementos do Terras de Mármore, pelos bloggers do Neste Meu Alentejo e O Calipolense Taurino e por mais algumas pessoas por mim convidadas. Destes 61 monumentos, apenas 21 irão a concurso, o qual estará aberto a todos os quantos queiram participar nesta iniciativa e que desde já, convidamos a participar, não somente Calipolenses, mas sim também Alentejanos, Portugueses, Cidadãos do Mundo.

Para votar nas 7 Maravilhas de Vila Viçosa, basta enviar um e-mail para orestaurador@gmail.com ou terrasdemarmore@sapo.pt referindo os 7 monumentos que acha merecedores de figurarem na lista das 7 Maravilhas de Vila Viçosa, assim como o seu nome e localidade. Optamos por este metodo de votação de modo a evitar que haja pessoas a votar mais do que uma vez nos mesmos monumentos e para que a votação possa ser a mais dispersa possível. Mais uma vez repito que todos podem votar, participar e divulgar!

À semelhança das votações para as 7 Novas Maravilhas do Mundo e 7 Maravilhas de Portugal, também o resultado das 7 Maravilhas de Vila Viçosa irá ser divulgado no dia 7 de Julho de 2007, dia esse que esperamos seja de festa em Vila Viçosa com a eleição do Paço Ducal de Vila Viçosa como Maravilha de Portugal.

Temos consciência de que a lista final de 21 monumentos não irá agradar a todos, mas infelizmente é impossível agradar a todas as pessoas. Contudo, pensamos que independentemente dos monumentos que venham a estar representados na lista final de 21 monumentos, irão ser uns dignos representantes de Vila Viçosa e do seu concelho por essa blogosfera fora!

Senhoras e Senhores, os dados estão lançados!!!

Nuno Faritas Lobo

Anónimo disse...

Geração que capitula miseravelmente ,abrindo mão de uma faixa do nosso território ,e com ela os restos dos cadáveres dos nossos avós que tombaram ,por essas chapadas , para no-las legar.

Raul Rosado Fernandes será o nome de quem vendeu uma importante parcela ? diga-me se estou enganado ?

Anónimo disse...

Acho a vossa iniciativa muito interessante, pois desta forma estão a valorizar a vossa terra e ao mesmo tempo a dar a conhecê-la.

Uma abraço

Maria José Faritas Caiola