19.6.07

AlentejoAgroRural

REGIONALIZAMO-LO
A nossa atitude para com a agricultura ,porque contemporizadora e inepta ,urge ser revista ..São erros de programação , falta de realismo nas opções , subsidiação com objectivos inconsequentes , manutenção de direitos adquiridos absolutamente devastadores Tem que se assumir que a agro-ruralidade ,devido á sua especificidade, requer um tratamento diferenciado não só em relação aos restantes sectores da economia , como ainda de região para região .Entender isto é vital .

1—É por não entendermos isto que , até mesmo na analise do sucesso agrícola de outros países aonde poderíamos retirar alguns ensinamentos , nos fixarmos no acessório e periférico sem descortinar o básico e essencial.
No caso da Irlanda , por exemplo , cujo sucesso tanto se exalta ,atribui-se a tudo menos ao facto de terem substituído as empresas agrícolas inglesas por explorações detidas individualmente pela sua comunidade rural Em relação a Espanha não se diz que o presente desenvolvimento foi antecedido por uma agricultura sólida . Apesar do seu desenvolvimento exponencial ainda hoje tem grande desvelo pelo seu mundo rural É-lhes proporcionado auxilio na execução dos projectos de uma forma construtiva quer ao nível da PAC quer regional . Ate o sistema bancário , com base no qual estão a comprar o Alentejo , está adequado á agricultura enquanto que nós privilegiamos as casas

2--- Assim se se explica a mediocridade do nosso desenvolvimento contrastando com o dos nossos parceiros comunitários não obstante termos condições naturais excelentes .Nós estamos esfacelados entre duas correntes de interesses cada qual defendendo o seu próprio modelo rural que podem assim ser caracterizadas :--- uma protagonizada por uma minoria muito distante e ausente , muito influente e endinheirada ,formada por compradores /especuladores fundiários assim como os herdeiros de sucessivas gerações , que mantêm a terra como forma de engrandecimento pessoal e vida fácil sem riscos .Geralmente representados , aqui, por uns tantos pacóvios , que andam á sua babugem , mantendo-se indefinidamente num estado de moleza e subaproveitamento
E outra , por políticos , com sensibilidade para este tipo de problemas , mas que as não as levam a pratica por falta de um substrato de apoio ,na retaguarda , activo e esclarecido .Estão nesta caso :--
---Mário Soares com a lei 77/77, no pós revolução de Abril, que limitou o acesso a terra ,para dimensões consideradas suficientes para o exercício da actividade agrícola
--.Sa Carneiro ,com a portaria 111 / 81 aproveitou a legislação deixada por Mário Soares para instalar alguns milhares de novos agricultores nas terras expropriadas , por processos na linha da recém extinta enfiteuse e, como tal , com a possibilidade da aquisição por parte do respectivo agricultor .
-- mais recentemente Capoulas Santos , sobrassando o ministério da agricultura , entre dois QCA que lhe limitaram a acção ,também tomou medidas no sentido de morigerar a vida agrícola regional . Estão nesses caso o fisco sobre as terras , o banco de terras a modelação das ajudas . Medidas só por si de grande efeitos e que , em conjunto com as duas personalidades anteriores , seriam as necessárias e suficientes para pôr em ordem o mundo rural alentejano
Mas , no Alentejo há sempre um mas ,este azar que não nos larga .E, ou porque tenham sido substituídos inoportunamente ou porque tenha sido assassinado , nada restou de tão boas intenções

3—Não sou dos que acreditam que isto acontece por efeito de uma qualquer maldição que impenda sobre o Alentejo .Estou mais inclinado a pensar que, no nosso firmamento , há uma má estrela que não gosta de nós Se não for isso como se compreende que nada reste da intervenção destes três políticos ? Ou então da promessa de Abril de se proceder a uma reestruturação fundiária , já que tudo voltou ao principio como se nada tivesse acontecido ?.Claro que as estrelas não interferem nestas questões e atribuir a elas as nossas insuficiências , só serve como escapatória e desresponsabilização
A verdadeira razão reside no facto de estarmos ligados politica e eleitoralmente ao norte do pais , aonde há um maior poder de voto , e os eleitores agem movidos por outras motivações e jamais para nos ajudar na superação da questão fundiária
É esse o problema e a solução seria a regionalização , perfeitamente consagrada na constituição ,mas que por ironia do destino , da má estrela ou seja lá do que for, não avança Regionalizados e libertos de interferências ,certos de que temos entre nós políticos com sensibilidade para os problemas rurais ,num ápice alcandorarmo-nos-ìamos para os píncaros do desenvolvimento ,. ja que temos o essencial :--uma região vasta e ubérrima que só espera ser libertada .Mas o tempo urge tendo em conta que estamos a ser alvo de uma estranha diáspora, apoiada por muito dinheiro ,que se estabelece , de uma forma larvar mas muito eficiente e discreta , deixando petrificados ,os nossos moicanos autóctones.
Francisco Pândega (agricultor ) ///e-mail fjnpandega@hotmail.com /// blog—alentejoagrorural.blogspot.com